Quando eu tinha uns sete anos, foi quando eu descobri que Theo não era realmente filho da minha mãe. Lembro como se fosse ontem de como eu fiquei devastado ao ver aquela mulher estranha levando o meu irmão embora e o quão magoado eu fiquei quando a minha mãe e o meu pai se sentaram na minha cama no começo da noite para tentarem explicar o que de fato acontecia ano após ano, quando aquela mulher colorida aparecia e acabava com a alegria dos meus verões. Ainda é fresca na minha cabeça a imagem dos meus pais me olhando receosos, temendo a minha reação quando eu finalmente entendesse.Me senti traído, fiquei com raiva dos meus pais e me tranquei no meu quarto até que eu senti fome e fui obrigado a ter que falar com eles novamente.
O ponto é: ter a verdade jogada diretamente na sua cara, sem qualquer tipo de aviso, é uma das piores sensações que um ser humano pode ter.
As pessoas prezam tanto a porra da sinceridade, fazem textos intermináveis na internet frisando o quanto essa porcaria é importante para construir um relacionamento, conviver com as pessoas e blá blá blá, mas é um fato conhecido por todo mundo que ninguém é capaz de lidar com a verdade. Não quando ela não favorece os seus ideais ou o que quer que envolva a sua vida de forma não positiva.
A verdade é assustadora. Machuca.
E ali estava eu, mais uma vez, encarando essa filha da puta traiçoeira, fazendo de tudo para me recusar a ver o que ela tão insistentemente estava esfregando na minha cara.
O meu melhor amigo, agora com os braços caídos pateticamente ao redor do corpo tenso, me encara como se eu estivesse com um facão e uma máscara de hóquei grudada na minha cara, seus olhos estão arregalados além do limite e sua respiração forma nuvens densas de vapor ao nosso redor.
— Ethan... — Ele diz, sua voz não passando de um suspiro alto.
Desvio os olhos do meu amigo e os pouso sobre a sua companhia, que agora consigo reconhecer como sendo Gabe.
Se Adam está quase parindo de tanto nervoso, seu amigo é a definição de seu oposto: ele me olha com tanto tédio em sua expressão que é quase como se eu tivesse interrompido a sua pegação com o meu melhor amigo só porque queria saber as horas.
Porra, isso é tão surreal que estou começando a desconfiar que estou preso no maior barato da história.
Solto a minha respiração vagarosamente tentando ganhar tempo, tentando fazer com que algo me venha na cabeça para dizer, tudo em vão, obviamente.
— Diz alguma coisa. — Adam fala mais alto dessa vez, o desespero em seu tom de voz é tão nítido que sinto até uma queimação de simpatia dentro de mim.
Estou prestes a abrir a boca, pronto para dizer qualquer porcaria sem sentido, quando Louise surge em meio a escuridão também ofegando, tirando desesperadamente os galhos secos que grudaram em seus cabelos no meio do caminho até aqui.
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UNFRIENDED
Teen FictionEthan Bradford é o típico modelo clichê americano. Amado e odiado nas mesmas proporções, o filho do prefeito de Hanover tem tudo o que muitos almejam: popularidade, dinheiro, um talento nato para o futebol e para lidar com as garotas que cruzam o se...