A Coroa - ✔

Capítulo 5

Afonso virou para um dos guardas de forma apressada pegando um cavalo. "Tire a rainha daqui. Esconda-a. Catarina, sabe cavalgar?" Perguntou de forma rápida, os homens já estavam desembarcando.

"Sim." Catarina confirmou, ainda paralisada pelo medo.

"Tire meu irmão daqui. Um lugar seguro!" falou para o mesmo guarda. Os arqueiros de Montemor se colocaram em posição, quando os soldados de Alfambres começaram a se aproximar. "Catarina, agora!" Ele disse a puxando pelo braço, precisava tira-la dali o mais rápido possível. Ouviram ao longe o trotar de cavalo, o que fez com desviasse suas atenções. Afonso se colocou em frente a Catarina e puxou sua espada. "Se o pior acontecer, corra. Salve sua vida e a do meu irmão." Ele falou sem desviar sua atenção da estrada do rei.

"Não, esperem!" Ouviram Rodolfo gritar, aproximando-se de forma rápida em seu cavalo. Um pequeno alívio preencheu seus corações ao avistarem ele, mas ainda tinha o perigo maior.

"É um navio de guerra de Alfambres." Afonso apontou. Mas seu irmão apenas desceu do cavalo, indo em sua direção.

"Eles vieram em paz, mandaram um emissário que vive em Montemor até a corte para avisar. O navio de Montemor estava em perigo no mar e eles os resgataram. Se estiverem mentindo, matarão o emissário." Falou firme, seus olhos encarando Catarina, vendo o medo estampado ali, ele sabia que desde seu nascimento, ela vivia em constante ameaça. Mas não deixaria que nada lhe acontecesse.

"Não tenha medo Catarina, eles não vieram atrás de você." Falou para ela, tentando de alguma maneira acalmar seu coração.

Afonso olhou atentamente seu irmão e depois Catarina. Não podia culpa-lo por gostar dela, isso era algo inevitável para qualquer um que se aproximasse. Então apenas foi em direção a sua noiva e segurou sua mão, passando um pouco de tranquilidade. Ela estava segura.

Felizmente o emissário estava falando a verdade, e a pequena Madeleine enfim desembarcou, inicialmente as duas crianças estavam tímidas demais para falar ou fazer algo, coisa que Catarina conseguiu reverter facilmente com algumas poucas palavras. Afonso olhou mais uma vez para ela, dessa vez sorrindo abertamente. Sim, ela era uma mulher extraordinária e imprevisível.

Quando a noite chegou, todos estavam no salão, comemorando o noivado das duas crianças, que a essa altura já corriam e brincavam abertamente.

"Mandamos tendas, cama e comidas para os combatentes de Alfambres na costa." Henry falou de forma baixa para Margaret. "E ali está Simon, o emissário. Está no quarto de hóspedes aqui na corte. Com o capitão e alguns dos seus oficiais." Falou apontando discretamente para o homem que entrava no salão.

"Tem muitos alfambreanos por aí. Alguns dos melhores guerreiros de Alfambres estavam a bordo daquele navio. Você é um anfitrião acolhedor." Margaret falou a última parte com ironia, mas manteve o sorriso no rosto.

Henry continuou olhando para frente, acenando com a cabeça quando Simon passou por eles. "Tratá-los como amigos até que se provem inimigos. Eles irão embora em alguns dias" disse por fim, e foi andar pelo salão, cumprimentar as pessoas ali presente. Margaret em nada se agradava de ter que hospedar todos aqueles homens em seu castelo.

"Pensei que os alfambreanos seriam seus convidados favoritos." Selena disse, aproximando-se lentamente da rainha, até ficar do seu lado.

"Porque odeiam Catarina?" perguntou quando viu o emissário se aproximar da rainha de Artena. "Bem, se apenas sua agressão fosse limitada a Artena. Mas eles querem Montemor também. Eles querem tudo, nem toda a Cália seria o suficiente para eles." Falou com desprezo.

"Por isso a aliança com Artena, aquela que você quase destruiu chantageando um menino para tirar a virgindade de Catarina." Selena a lembrou, sussurrando as palavras, de maneira que apenas a rainha pudesse ouvir.