Afonso andava a passos rápidos pelo longo corredor, vários guardas ao seu lado fazendo sua escolta. Tantos guardas de Montemor como alguns de Alfambres.
As únicas que ainda não tinham sido encontradas eram Brice e Catarina. Com a coroação tão próxima e elas cuidando de cada mínimo detalhe, estavam espalhadas pelo castelo quando a invasão aconteceu.
Eles estavam para virar o corredor quando Catarina dobrou ele correndo, seus olhos arregalados, seus cabelos totalmente bagunçados e sua roupa suja de sangue.
"Parem!" Ele ordenou.
"Meu Deus, é a rainha." Um dos homens falou, ela ficou parada onde estava, medo evidente em seus olhos.
"O que fizeram com ela?" Outro murmurou.
"Deixem a rainha comigo, vão olhar o restante do castelo e chamem a rainha mãe." Ordenou e todos os homens se retiraram. Ele correu até onde ela estava, e quando chegou mais perto os soluços explodiram por seus lábios. Afonso abraçou seu corpo apertado, mesmo a seu contragosto.
"Por favor, não me toque." Ela sussurrou enquanto chorava, mas ele se recusava a larga-la. Então apenas a pegou no colo, e seguiu adiante, para onde os soldados falaram ser o quarto dela. Encontrou uma porta no corredor totalmente aberta, e seguiu até lá.
Mas ao olhar dentro, ficou em choque com o que viu, Brice estava morta em uma poça de sangue, enquanto tinha um homem de costas para a porta terminando de arrumar sua calça, sangue escorrendo de seu pescoço.
Rapidamente ele afastou e colocou Catarina no chão.
"Consegue ficar em pé sozinha?" Ele perguntou de maneira baixa e ela apenas concordou com a cabeça. Então correu para dentro do quarto.
Catarina estava sentava no chão quando sua mãe dobrou o corredor, mais de meia dúzias de soldados com ela, Cecília olhou nos olhos de sua filha, e apenas pelo olhar que ela soube que fizeram algo com ela.
Logo em seguida Afonso saiu com um homem de dentro do quarto de sua filha.
"Brice está morta." Afonso falou segurando com firmeza o homem, os soldados avançaram, uns entrando no quarto e outros pegaram o homem. "O coloquem em uma cela isolada."
"Como se sente agora, sua vadia católica. A escolhida por Deus." O homem zombou quando viu o estado de Catarina, que apenas se encolheu. Sem se conter Afonso avançou no homem lhe acertou um murro forte no estomago e depois puxou seu cabelo o acertando no rosto. O homem segurou a barriga ainda sem ar.
"Agora sim podem leva-lo." Cecília disse firme. "Vamos para o meu quarto querida."
(...)
"Meu amor, o que eles queriam?" Cecília perguntou quando enfim estavam no quarto. Afonso andava de um lado para o outro, fúria brilhando em seus olhos. Catarina saiu de perto da sua mãe e foi até a janela, andando de forma inquieta.
"Eles vieram atrás de Alexandria, iriam me matar ou sequestrar não sei bem, e coloca-la no trono. E quando viram que ela não estava no castelo, foi quando ele..." Ela não terminou a frase, parou de andar e baixou os olhos, puxando a manga de sua camisola, tentando cobrir suas mãos.
Afonso já desconfiava do que tinha acontecido, e somente o pensamento de saber que se tivesse vindo antes, se tivesse se acertado com ela antes da viagem, ele poderia ter evitado isso. Esse pensamento o corroía, mas nenhum outro sentimento era maior do que o ódio que sentia do homem que nesse momento estava nas masmorras.
"Minha querida criança." Cecília falou com o coração se quebrando e tentou se aproximar de sua filha.
"Não!" ela falou de súbito, dando dois passos para trás. "Não." Falou mais calma, e andou até próximo de uma mesa, ficando de costas para eles.
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A Coroa - ✔
RomanceDesde que Catarina, rainha de Artena, era criança, Alfambres quer seu país e sua coroa. Ela foi mandada para Montemor para casar com o próximo rei, para salvar a si e seu povo, um vínculo que deve protegê-la. Mas há forças que conspiram, forças somb...