A Coroa - ✔

Capítulo 24

A notícia sobre a reivindicação de Catarina já tinha se espalhado por todos os reinos da Cália e Novo Mundo. Alguns temiam o poder que ela representaria, afinal não era rainha somente de um reino e sim de dois grandes reinos da Cália e seu noivado com Afonso colocava um terceiro reino em jogo. 

Em Artena todos comemoravam, enfim os navios que há anos ameaçavam as fronteiras do reino, que deixaram todos apreensivos sem saber se viveriam para ver o sol nascer, se seus filhos teria a oportunidade de crescer e construir suas próprias vidas, os navios que impediam eles de serem um povo livre, enfim tinham se retirado. E mesmo sem nunca terem visto sua rainha, Catarina de Lurton, em todas as tavernas seu nome era exaltado. Vida Longa a Rainha.

Catarina de Lurton enfim conseguiria estabelecer a paz, e com isso Artena voltaria aos seus dias de glória, voltaria a ser o reino que era quando o falecido rei Augusto governava.

Mas o mesmo não poderia ser dito para Alfambres, o medo da população era quase palpável. Desde quando a rainha Gertrudes ficou doente e não pôde mais governar, deixando o reino na mão de um dos homens mais ambiciosos do reino, Lorde Felipe III,  que declarou uma guerra contra a sucessora ao trono de Alfambres, tentando durante anos afio matar a legítima herdeira e colocar em seu lugar sua prima Alexandria, a bastarda, como era chamada por todo o reino, o que traria uma guerra muito maior para aquelas terras. O povo chegou por um tempo acreditar que ela era a melhor opção, afinal eles eram um povo protestante e queria uma rainha que tivesse uma fé igual ao de seu povo.

Mas com o tempo alguns grupos religiosos foram surgindo, católicos, que se escondiam em celeiros e fazendas remotas, apenas para conseguiram fazer seus cultos sem a represaria da população e da corte. Quando algum desses grupos eram descobertos e punidos em praça pública outras pessoas pareciam querer se juntar aqueles homens, que tinham apenas um objetivo. Adorar seu Deus em paz.

Mas com a chegada da nova rainha batendo em suas portas, uma rainha católica, o que seria dos protestantes? Durante toda a sua vida seu reino foi atacado por soldados de Alfambres, o que ela iria fazer com esses soldados e com suas famílias? Tantas incertezas deixava o reino em luto, os lordes agitados e aqueles pequenos grupos católicos enfim aliviados. Com a esperança de enfim construírem suas igrejas e expressarem sua fé abertamente. Afinal, eles estariam sob a proteção da rainha.

Em Montemor as coisas não podiam ser diferentes de Artena, o povo acreditava que a aliança entre Artena e Montemor estava firme, e com a rainha Catarina assumindo um reino tão grande e rico como o de Alfambres, isso traria prosperidade para eles. Entretanto, as coisas dentro das paredes da corte eram diferentes, os ânimos eram de incerteza entre a realeza. Mas Margaret não era uma mulher que jogava para perder, então tomada pela raiva de seus planos terem ido por água abaixo, segurava com força o braço da ruiva, enquanto a arrastava por um longo corredor, três guardas faziam a escolta da rainha. Quando ela enfim chegou ao seu destino, um dos guardas abriu uma porta, dando acesso a uma cela onde ela prontamente entrou com Amália.

"O que você acha que está fazendo?" Amália perguntou quando enfim se viu livre do aperto em seu braço, olhou para o local e viu a marca dos dedos da rainha de Montemor.

"Eu disse que você deveria ir, e nunca mais colocar seus pés nessa corte. Mas você desobedeceu a uma ordem direta de sua rainha, sabe a consequência para isso, correto?" Ela falou com fúria, e viu quando a outra engoliu em seco. "Você ficará nessa cela, até que eu consiga reverter essa situação. E ore a Deus para que Catarina se case com Afonso. Senão você nunca mais verá outra paisagem que não seja essas paredes." Disse por fim e saiu do local sem olhar para trás, ouviu quando a porta maciça foi fechada com um grande estrondo e sabia que um guarda tinha ficado em frente da mesma. Ainda conseguiu ouvir Amália gritando por misericórdia, e mal sabia ela que esse já era um ato de misericórdia, pois a vontade que tinha era de mandar decapitar sua cabeça, mas apenas em respeito ao seu pai, Margaret não o fez.