A parte mais complicada não foi chegar ao Cristo, mas sair de onde estávamos. Depois de nos mostrar o nosso novo caminho, Dan sugeriu esperar mais algumas horas até que o sol se pusesse e ele pudesse nos transportar até lá com segurança, e sem mais calos nos pés. Victor lembrou que o lugar ficava quase deserto perto da hora de fechar e que duvidava que alguém fosse louco de permanecer por ali depois disso. Segundo ele, o local era bem guardado a noite, por ser um dos principais pontos turísticos da cidade.
Como o lugar fechava as 19 decidimos ir nesse horário. Lúcia poderia já ter ido lá e acreditado que não cumprimos a nossa promessa, mas ainda assim precisávamos confiar que ela estaria lá hoje. Eu precisava crer nisso.
Enquanto decidíamos o que faríamos nesse meio tempo o mundo veio a baixo em segundos. Sentado na janela, de costas para a rua, a primeira bala me pegou desprevenido, perfurando o meu ombro no processo. A dor era alucinante. Eu sentia cada parte do meu corpo acendendo o alerta total. Enquanto caia o mundo parecia estar em câmera lenta. Eu vi Victor correr para o quarto e Dan abrir a boca para gritar algo enquanto se jogava em minha direção. Tudo ao mesmo tempo. Quando o mundo voltou a velocidade normal, o som ensurdecedor de tiros veio junto.
_Você esta bem? – Perguntou Dan ao meu lado.
_Mais ou menos, meu poderes estão falhando mais rápido. Isso dói demais!
_Não se mexa, isso vai ser ainda pior! – Com a mão Dan remexeu onde a bala entrou sem nenhuma compaixão e retirou o fragmento que estava ali. Eu só podia gritar.
_Porque estão atirando na gente?! – Perguntei
_E eu vou saber? Pergunte ao seu irmão alí – Disse apontando para o quarto. Victor reapareceu na porta do quarto com uma arma. Apontando para fora e atirando aleatoriamente ele gritava para nossos atacantes palavras que eu não conseguia compreender.
_Victor! – Chamei – O que é isso?
_Mantenha-se abaixado idiota – Gritou ele – você quer morrer por acaso?
_Droga, isso não estaria acontecendo se você fosse não tivesse se envolvido com esse tipo de pessoas – Gritei
_Já mandei se abaixar seu pirralho de merda!
Enquanto brigávamos nenhum de nós percebeu que o inimigo tinha se aproximado demais. Da porta uma sombra se elevou mirando entre os olhos de Dan e atingindo-o com um tiro a queima roupa. Caindo de costas, com um filete de sangue saindo da testa, Dan foi ao chão.
_Desgraçado! – Gritou Victor enquanto enchia o homem que atingiu Dan de balas.
Levantando-se como se nada tivesse acontecido Dan olhou para o corpo no chão, enquanto Victor parecia perplexo demais para falar alguma coisa. Passando a mão na testa Dan limpou o sangue e retirou a bala que tinha ficado presa na fina película de sombras que o protegia agora. Olhando para o próprio sangue seus olhos mudaram de tonalidade. O verde passou a ser negro num flash.
_Agora é pessoal – Disse se levantando.
_Dan – Chamei segurando seu braço. Quando ele olhou para mim pude sentir a raiva irradiando dele – Não matamos seres humanos.
Alguns segundos se passaram e o larguei. Fechando os olhos ele soltou a respiração e sussurrou alguma coisa para si mesmo, tão baixo que parecia que apenas movia os lábios. Quando abriu os olhos, eles estavam verdes outra vez.
_Vou faze-los dormir então – Antes de sair ele olhou para o chão. Pegou algo e jogou pra mim – Toma, guarde isso pra mim.
Uma bala prateada intocada estava em minhas mãos. Ela provavelmente vinha da arma que o cara que tentou matar Dan usava. E, de alguma forma deturpada, ele deve ter chegado a conclusão que seria legal ter isso como suvenir. Eu nunca entenderia o que se passa na cabeça dele.
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Os 7: O Herdeiro
PertualanganKennedy Donnaval já havia aceitado seu destino como um recluso, sem amigos e mais atualmente sem pais presentes. Então quando em seu aniversario de 17 anos seus pais viajam em comemoração as suas bodas de casamento ele não ficou lá muito espantado...