Marcas do Passado

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Malia corria, tentava se esconder em algum canto da casa. Longe do monstro.
"Onde você está sua putinha"?
Ela chorava, ela odiava chorar.
Com apenas 8 anos de idade, ela sofria maus-tratos dentro de casa, de seu tio e sua mãe.
Ela conseguiu se esconder embaixo da cama de onde sua irmã dormia.
Ela ouviu passos.
Tio Derek estava bêbado de novo e agora ia descontar na garota como toda a vez faz.
Ela ouviu passos se aproximando da porta do quarto.
"Ieeeeemmmmm"
A porta se abriu, ela viu os pés dele se aproximar da cama.
"Malia, eu sei que você está aqui"
A voz era macia, Malia odiava quando ele usava essa voz. Tinha vontade de arrancar sua garganta.
Ela sabia quando ele falava assim significa que...
"Peguei você"
A face do homem barbudo cheirando a álcool apareceu embaixo da cama a puxando com suas mãos grotescas a perna da garota.
Ela chorava e se debatia.
"Por favor, não" "por favor, tio Derek"
"CALA A BOCA OU VOCÊ JA SABE".
Ela se esperneava e gritava.
Não adiantava chamar sua mãe, ela aprovava e até mesmo fazia a mesma coisa com ela.
Malia queria seu pai.
Ele sempre se preocupou com ela e sempre esteve ao seu lado.
Ele a puxou rudemente da cama enquanto seu vestido velho se rasgava brutamente, assim que ele tentou mobilizá-la ela chutou sua virilha o fazendo gemer de dor e cair de joelhos com a mão no local, ela aproveitou e fugiu.
"SUA..."
Ele ficou lá deitado e gemendo.
Ela correu e saiu do casarão, correndo até a floresta, corria e corria, as lágrimas caíam dos seus olhos atrapalhando sua visão, quando ela tropeçou em alguém.
Sentiu mãos fortes lhe segurarem, parecia o Derek de novo, ela se esperniou  e mordeu e chutou quando a pessoa falou:
- Malia, calma sou eu.
Aquela voz
Ela olhou pela primeira vez pra pessoa e dessa vez chorou de vez o abraçando.
"Pai.
"Shiiii, calma pequena sou eu. Seu pai está aqui, lembra? Vou te proteger como te prometi"
Ela se soltou com raiva.
"VOCÊ ME ABANDONOU"
"NAO ME PROTEGEU, VOCE SUMIU E ME DEIXOU COM...ELES"
"Eu sei Malia, eu sinto muito. Eu fracassei como pai, me desculpe."
"Mas eu voltei e vou te tirar daqui lembra?-ele sorriu se agachando e a olhando nos olhos como fazia quando ela estava triste.
Ela sorriu.
" Vamos fugir daqui"
Ele a olhou com divertimento e ela retribuiu o olhar o abraçando.
"Eu vou te tirar daqui, meu amor"
"E vai ser só eu e você, novamente"
"A Cora também"?
Ele se afastou para olhar nos olhos dela.
"Eu tentei ir atrás de Cora, mas sua vó não deixou"
Malia ficou com raiva, como assim? Ele era pai delas.
"Eu sei meu anjo, eu vou dar um jeito de trazer ela pra nós, está bem?"
Ela sorriu, de repente se lembrou de uma coisa:estava fugindo, mas eles iam acha-la, Eles sempre a achavam.
Ela chorou novamente.
"Ei, o que foi meu anjo?"
"Eles... vão...m...me...encontrar- falava em meio a soluços.
"Não, não vão por que eu não vou deixar, ouviu?"
Ela assentiu fungando.
Ele abriu um sorriso, um sorriso diferente, um sorriso...frio?
Ela só tinha oito anos, mas até mesmo sabia quando a pessoa estava com diferente e seu pai estava mais protetor e destemido do que jamais foi, isso ela podia ver.
"Me conte o que eles fazem com você, meu amor".
Ela tirou o cabelo do rosto e começou a contar as barbaridades que o seu tio e sua mãe fazia, seu pai tinha uma expressão rígida e furiosa.
Assim que ela terminou, ele a olhou como se pensasse alguma coisa e deu novamente aquele sorriso frio.
"Você quer fazer a dor parar"?
Ela assentiu.
"Quer deixar de ter medo e outros sentimentos que nos deixam fraco?
"Como o amor"- ela perguntou.
A pergunta deixou seu pai surpreso.
"Você ama alguém"?
"Minha mãe, Cora e... você"
Ele deu um sorriso paternal.
"Eu me lembro das suas histórias, quando me contava antes de dormir"
" Você se lembra"?
"Eu me lembro de você falar que o amor nos deixa fraco e forte ao meio tempo, só que nos deixa muito mais vulneráveis"
Ele se surpreendeu.
"Que bom que se lembra, sabe como perde todos esses sentimentos inúteis"?
Ela negou.
"Matando eles"

Psycopath Obsessive( PAUSADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora