café em família.

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Eu fico muda, gelada e mais branca que o normal. Sinto como se meu sangue tivesse sido escoado para fora do meu corpo.
Minha mãe ficou parada na porta, e Chris continuou calçando o sapato como se realmente, fosse normal, ele estar na casa, no quarto, na cama de uma pessoa a qual ele nunca havia entrado até horas antes, falando com a mãe dá pessoa sabendo que ela sabia o que havia se passado naquela cama bagunçada.
Ele ficou esperando a resposta, calçando seu tênis, olhando para minha mãe na porta.
-Quem é você? E porque está aqui? - foram as palavras de minha mãe.
-Me chamo Christopher, conheci sua filha há algum tempinho, ela salvou minha vida, e desde então, não consigo ficar longe dela. Sobre estar aqui, vim me desculpar por um ocorrido ontem, e como não sabia voltar para o hotel e estava realmente muito cansado, ela me ofereceu um local para dormir, pois meu dia será bem cheio hoje. E a propósito, sua casa é linda, muito bom gosto a senhora tem, a decoração impecável e a limpeza mais ainda!
Minha mãe jogou a cabeça para o lado e respondeu
-Obrigada, e sim dormi muito bem meu filho. O café está na mesa se quiser vir tomar. Gosta de tapioca ou cuscuz?
-Nunca comi nenhum dos dois, mas aceito o convite, vamos Lari? - responde para minha mãe e estende o braço como se me chamando para ir. como assim? Que está acontecendo aqui? Minha mãe o chamou para tomar café? Desde quando? E que papo é esse de cuscuz e tapioca? Eu tinha certeza que estava branca e de boca aberta, afinal nunca levei um susto como esse.
-Então irei preparar uma tapioca doce e uma salgada com queijo e presunto para você experimentar. - e com isso minha mãe deixa o quarto.
Christopher levanta e vem ao meu encontro, e parece que estou vendo toda a cena em câmera lenta e fora do meu corpo, ele se aproxima pega o estojo com as milhares de caneta e minhas duas agendas que caiu pelo meu nervosismo quando minha mãe entrou no quarto, colocou na mochila apoiada na cadeira, virou para me encarar e começou a rir.
-Não fomos tão mal!
-Não fomos tão mal? Você está de brincadeira? Que merda foi essa de "Bom dia, como a senhora dormiu? Ou Sua casa é linda, a decoração impecável e a limpeza?" Quer me foder meu amor, me beija mais não faça isso não!
-Hahahahaha Larissa, de verdade você não existe, és um ser mitológico.De onde vem todas essas suas frases? Kkkkkkkkkkkkkk
-Não ouse rir de mim seu ridículo! Palhaçada, "Aceito o convite!" Ora convite, vai lá, sua mais nova admiradora está te esperando na cozinha com tapioca e cuscuz! - falei revirando os olhos e mostrando o caminho com os braços igual aeromoça mostrando as saídas de emergência de um avião.
-Kkkkkkk ah sim, não são apenas as donzelas em perigo que não resistem ao meu charme. - falou piscando e virando de costa para mim e seguindo o caminho até a cozinha me deixando sozinha tentando entender que diabos havia acontecendo ali.
Foi a cena mais engraçada e desconcertante que vi na minha vida, minha mãe servindo Christopher com um prato com duas tapiocas, uma tigela de cuscuz, uma xícara de café com leite, pois ela disse
- O café com leite que acompanha a tapioca e não o maravilhoso capuccino que eu faço, depois você experimenta assim que terminar seu café com leite e a tapioca.
Fiquei parada na porta olhando tudo e não acreditando no que estava acontecendo, meu irmão estava sentado na mesa observando tudo e calado até me ver na porta
-Santa aí mana, seu namorado conquistou a dona encrenca num nível que não entendo.
Me engasguei com minha própria saliva e respondi puxando a cadeira e sentando com meu rosto pegando fogo de tanta vergonha, que poderia enfiar minha cara em um buraco no chão assim como um avestruz.
-Ele não é meu namorado, e cala a boca Edouard, cuida da sua vida e me erra!
-Uuui, deveria ter acordado de bom humor e não nesse teu nível aí! É amigo, dá próxima pega mais pesado, pra ver se ela fica mais alegre e rindo para o vento. - fala com a mais naturalidade do mundo tomando um gole do café.
-Kkkk pode deixar! - Chris fala para meu irmão e passa a mão no braço que eu soquei pela resposta que ele deu.
-Bom, depois de tudo isso o que aconteceu em 30 minutos, já estamos todos alimentados e com a cota de vergonha no máximo já podemos ir não acha? Preciso te deixar no hotel e ir para o hospital que tenho um dia cheio. - falo retirando minhas loucas e a dele e colocando na pia.
-Sim, preciso me arrumar que terei um evento em 45 minutos​ e tenho certeza​que estão todos pirando com a minha ausência. - responde se levantando e arrumando a cadeira na mesa.
-Leve um pouco de cuscuz e umas tapiocas que fiz, estão aqui na vasilha,  pra você lanchar mais tarde, pelo visto você não vai ter tempo de almoçar tão tão cedo. - minha mãe fala entregando para ele uma vasilha cheia com tapioca e cuscuz.
-Obrigado, vai salvar minha barriga durante o dia! - diz ele para minha mãe, e eu parada tentando assimilar o que tá acontecendo.
-Então, quem vai comigo vamos logo, que não aguento mais essa cena!
E vou em direção a garagem com Christopher atrás de mim com a vasilha na mão e minha mochila nas costas e minha mãe atrás dele.

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