CAPÍTULO 02: IMITADOR MESQUINHO DE MACHADO DE ASSIS

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Sou um devorador de livros, isto é fato. Neles o que mais me fascina é o modo como começam. Das centenas de livros que devorei, o que mais me impressionou foram as "Memórias Póstumas de Brás Cubas". O início de tal livro me marcou tanto que durante toda minha conturbada vida sonhei em escrever um livro parecido. Mas como os críticos de plantão iriam inevitavelmente fazer comparações, hesitei. Visto que nunca chegaria aos pés do grande Machado de Assis.
Porém, uma reviravolta em minha vida me fez escrever esse livro, que quando você, caro leitor, estiver lendo eu já estarei no além-túmulo.
Portanto, se você é um daqueles - como dizem os jovens de hoje em dia - "modinhas" que não gosta de histórias que o personagem principal morre no fim, pare agora mesmo de ler minha história, pois de antemão digo que no dia de lançamento deste livro me suicidarei.

Não me importo com a fama nem o retorno financeiro que esta história pode me dar. Para ser sincero já estou farto de fama e dinheiro, e de puxa-saquismo de imbecis hipócritas.
Os milhões de reais que acumulei explorando a pobreza - tanto intelectual quanto literal - dos pobres coitados que manipulei não me trazem orgulho; também não me trazem remorso algum. O mundo é dos fortes.

Entretanto, se tem uma coisa que me traz orgulho, ou melhor, um imenso prazer orgástico, esta coisa é: visualizar mentalmente as cenas dos crimes das quais EU fui o protagonista.

Chegamos enfim ao fim do segundo capítulo e também à finalidade deste livro. Cujo propósito principal é além da visualização mental das minhas vítimas agonizando até a morte, também me excitar ao escrever os detalhes das cenas dos crimes.

Também quero alertá-lo, querido leitor, a não confiar em hipótese alguma em alguém. Nem em quem usa batina, turbante, terno e gravata, nem em nenhum líder religioso que seja. Pois como diz Jeremias 17:5: “Maldito o homem que confia no homem.”.

Antes de finalizar o capítulo, quero lhe dizer algo que tomara seja de seu agrado: farei capítulos curtos. Então você, leitor compulsivo, que irá descer na próxima estação do Metrô, ou você que será o próximo a ser atendido numa consulta médica ou na fila do banco, não precisará parar a leitura no meio do capítulo. Eventualmente terão uns capítulos maiores que outros, mas paciência. Para ser sincero, gosto de ler livros com capítulos curtos. Esse foi mais um motivo de ter adorado as "Memórias Póstumas de Brás Cubas"; logo, não há como negar que sou um imitador mesquinho de Machado de Assis.

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