Capítulo 1

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   Nasci e cresci em uma cidade de porte médio (cerca de 180 mil habitantes) em Minas Gerais. Moro nela atualmente, apesar também de morar em Belo Horizonte, onde minha família reside. Não falarei o nome da cidade para preservar as pessoas envolvidas, assim como seus nomes foram alterados. 

Mesmo hoje sendo bem resolvido, há pessoas que me envolvi que não são. E ninguém sabe tudo que aconteceu em minha vida sexual exatamente.


   Tinha 11 anos. Não sei dizer que altura tinha, mas era discretamente mais alto que a maioria dos meninos da minha idade. Tinha cabelos mais claros que hoje, curtos, bem curtos, pois nesta idade nossos pais quem mandam até em nosso cabelo. Era muito tímido e muito calado. Frequentemente questionavam minha mãe sobre meu jeito "estranho". Às vezes falavam sobre isso na minha frente, o que me deixava em dúvidas achando que era um esquisito.

Aos meus 11 anos de idade, nos mudamos de casa porquê morávamos de aluguel e meu pai havia falecido há 2 anos atrás de cirrose. Ele bebia somente nos finais de semana e moderadamente, porém, pelo pouco que me lembro )e não sei porquê tanta coisa foi apagada de minha memória antes dos 10 anos de idade) ele começou a beber frequentemente. Ficava agressivo com minha mãe (verbalmente). Minha mãe brigava muito com ele enquanto eu e meus irmãos (sou o do meio, tendo um irmão mais velho e uma irmã mais nova) ficávamos quietos, na nossa, com medo.

Minha mãe fazia faculdade de enfermagem, da qual meu pai era muito contra, pois não aceitava mulher independente. Isso era motivo constante de brigas. Mas minha mãe foi até o fim e graças à teu esforço, nos criou.

Eu não vou relatar este período porquê sei pouco. Realmente não me lembro deste período. Sempre converso com minha mãe sobre o fato de eu ter apagado a infância de minha memória.

Mas o que aconteceu? Porquê minha mente fez isso? Sofri algum trauma muito grande? Porquê me lembro tão pouco de meu pai? Poderia ir a um psicanalista e tentar saber o que bloqueia minha mente. Mas não. Estou bem hoje. Estou feliz. E se algo realmente aconteceu no passado, não mudará mais nada hoje.

Depois de um "apagão" que tive aos 10 anos, iniciei "forçadamente" sessões semanais com psicólogo. Eu realmente não era lá muito normal =S

Pouco tempo depois que meu pai começou a beber com muita frequência, foi internado e nunca mais retornou para casa. Faleceu em cerca de 8 dias de internação. No dia de seu falecimento, minha mãe foi bem cedo para o hospital. Ele faleceu no fim da madrugada.

Acordamos e ela não estava mais. Por volta das 10 horas da manhã, chegou um tio nosso que nos deu a notícia. Lembro que o falecimento dele não me afetou em nada, absolutamente nada. Na verdade, era até algo que eu desejava às vezes, pois queria viver em uma família normal. Queria paz.

Este nosso tio conversou com cada um de nós e disse que meu irmão teria que cuidar de nós, os menores. Mas sumiu uns meses depois.

No meio desta conversa, chega uma pessoa incrível em nossa casa: uma amiga da minha mãe de longa data, que morava em um bairro mais distante do nosso, para ficar conosco. Ela trouxe Nicole. Uma menina da minha idade e que cresceu comigo. Passamos a infância brincando e brigando, mas não nos separávamos. Essa menina era incrível pra mim.

Nicole era mais baixa, magrela (como eu), branca, cabelos muito pretos, lisos e longos. Descreverei ela de acordo com nosso crescimento também.

Aquele clima de morte havia me deixado sem apetite. Não almocei a comida que a mãe de Nicole fez. Todos se foram para o velório, menos eu. Meu tio insistia pra eu ir, mas eu não queria. Acho que esta foi a primeira atitude própria que tive, indo contra os demais.

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