Capítulo 4

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                                 RUBI

Seis anos depois

- Mãeeee! Ouvi o grito infantil furioso de um garotinho de cinco anos.

- O que foi querido? Perguntei-lhe enquanto acariciava seus cachinhos tentando em vã ajeitá-los.

- A tia Am não deixa eu ver meu desenho! Depois de sair da Grécia com o coração partido me mudei para Nova York, ganhei uma bolsa para estudar moda em uma das melhores universidades daqui. O problema foi que depois de dois meses morando aqui veio a descoberta do meu presente de despedida. Eu estava grávida de quase três meses, o melhor clichê adolescente.

Chorei horrores, estava sozinha em um país onde não conhecia ninguém e ainda por cima grávida! Na época eu não queria voltar de jeito nenhum para casa, então escondi da minha família a situação, a minha sorte foi ter conhecido a Amber, minha colega de apartamento, graças a ela eu consegui segurar essa barra e hoje continuo batalhando para dar tudo do bom e do melhor para o meu pacotinho.

- Pacotinho você já assistiu esse desenho três vezes! Precisa dividir a televisão com a titia. Disse olhando firme em seus olhos azuis, tão brilhantes como os dele. Nikolas era a cara do Alexis.

Alex nunca se importou com o Nik, assim que descobri a gravidez eu liguei para falar com ele, mas ele não queria falar comigo, então disse para o seu pai que estava gravida. Esperei por três anos todos os dias uma ligação sua, dizendo que queria conhecer nosso bebê, mas ela nunca aconteceu. Depois eu simplesmente desistir, procurei esquecer sua existência jogando nossas lembranças no fundo da memoria.

Ainda sim, sei que ele simplesmente piorou na galinhagem, se tornou um magnata bilionário e bem sucedido, melhor que seu pai. Soube depois de um tempo que o pai de Alexis havia morrido dois anos depois que fui embora, eu até tentei ligar para lhe dizer os pêsames (eu ainda era uma tonta esperançosa), mas ele mudou de telefone e endereço ou simplesmente tinha me bloqueado, vai saber. Quanto a mim, nunca mais amei ninguém.

Meu coração eu colei os caquinhos quando Nikolas nasceu, foi como se naquele momento eu tinha um propósito para ser feliz, para sorrir. Meu filho é o grande amor da minha vida, amadureci por ele, lutei e luto todos os dias por ele. Depois que o Nik nasceu acabei contando para a minha família tudo o que aconteceu, meu pai ficou furioso com o Alex e queria que ele assumisse o pacotinho de qualquer jeito, mas o convenci que meu filho merecia um pai melhor, um que o quisesse.

Em relação aos meus sonhos, eu os segui. Com perseverança consegui terminar a faculdade e abri um atelier de roupas plus size que atualmente faz muito sucesso por aqui. Até mesmo consegui participar do São Paulo Fashion Week com a minha coleção de vestidos de festa. A Amber inclusive era minha principal modelo, seu corpo era avantajado e cheios de curvas assim como o meu, fiz de minha marca o meu legado de amor próprio e buscava sempre empoderar as gordelícias como eu.

- Esta bem mamãe, desculpa tia Am. O pequeno tinha um coração de ouro, sempre foi bonzinho, até mesmo quando bebê não me deu trabalho nenhum.

- A tia desculpa você meu nenemzão. Amber era outro amorzinho, ela era a madrinha do meu filho e o mimava muito, mas isso não impedia que eles vivessem se cutucando. Ela bagunça os cabelos do Nik enquanto o enche de beijos deixando meu bebê bicudo.

- Tia eu já sou homem, não sou mais bebê. Disse ele carrancudo.

- Você é meu bebê e ponto final.

- Vamos parar crianças? Amber me mostrou a língua e não pude evitar cair na risada.

As vezes ela me dava mais trabalho do que o próprio Nikolas. Apesar de tudo eu amava aquela maluca.

- Amiga a Mabel ligou hoje.

- E o que ela queria?

- Ela ligou para te convidar, melhor dizendo, intimar para ir à festa de noivado dela. Disse que se você não aparecesse ela iria te substituir por qualquer uma.

Mabel sempre foi a mais dramática da família, minha irmã já estava namorando há quase três anos com meu cunhado Miguel, um italiano gente boa que ela conheceu em suas férias na Itália. Eu adorava minha família, mas fazia um bom tempo que não ia para casa já que o medo de encontrar Alexis e ele encontrar Nikolas me deixava doente. E se depois de todos esses anos de ausência ele simplesmente quisesse tomar meu filho de mim?

- É claro que nós vamos! Jamais perderia a chance de ver minha maninha desencalhando.

- Nós?

- E você acha que eu vou te deixar aqui maluca?

- Eu realmente preciso de férias, Grécia aqui vou eu!

Apesar da animação da Amber ser contagiante, não podia negar que estava morrendo de medo de encontrar com Alexis. Apesar de saber que meu filho merece ter um pai, e que o Alex tem direito de se aproximar do filho, eu simplesmente tenho medo dele tomar meu menino.

Sem contar que pelo o que as minhas irmãs me contam, ele mudou muito. Não é mais o cara gente fina que era quando nos conhecemos, não quero que meu filho tenha esse tipo de exemplo. Mas talvez eu esteja apenas sendo egoísta e querendo me preservar para não ter que sofrer em suas mãos.


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