Capítulo 3

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- A gente não transou.

-Como assim não transaram?

Sim, vocês leram certo. Assim como Aurora também ouviu certo. Fitzwilliam não quis entrar em casa comigo aquela noite, o que resultou que eu terminei a noite sozinha e muito mais mal humorada que quando comecei. Não sei se foi algo bom ou ruim, assim como não sei até hoje se teria mudado alguma coisa no nosso destino. Se ele tivesse entrado, se eu não tivesse nem ido à festa para começar. Mas o que importa é que o dia já tinha amanhecido e já era sábado de manhã. Eu já estava com a minha amiga, no quiosque de chás em que trabalhamos desde ensino médio. Relatando todos os eventos da noite passada para uma das únicas pessoas que eu não conseguia esconder algo completamente. E na maioria das vezes, nem tentava.

- Ele simplesmente parou de me beijar e disse que não acha legal ou certo, sei lá, transar com uma guria que tá bêbada. Ou foi algo, tipo, "completamente sóbria"? Sei lá, eu só sei que eu sai do carro irritada e ele ainda ficou me pedindo desculpas. Desculpa por não transar comigo mesmo eu oferecendo. Puta que pariu, eu não tava podre de bêbada, sabia o que eu tava fazendo. Não precisava vim todo careta pra cima de mim. Achei que europeus fossem mais de boas com essa coisa de sexo casual. Olha o Geordie Shore, se passa na fucking Inglaterra.

-Sinceramente, eu achei algo legal da parte dele isso. Ele não tinha como saber se tu só tava fazendo isso porque tinha bebido um pouco além da conta ou se era algo natural teu. Assim como isso pode ser da personalidade também, ele pode não gostar de sexo casual. Só porque tem muito homem que gosta, não quer dizer que são todos, Lizzie. Eu só consigo pensar nisso, porque afim de ti ele parece estar.

-E tá sim, me adicionou no face e me seguiu no insta. O que é mais idiota ainda, o cara me deu um fora fenomenal e depois começa a stalkear nas redes sociais. Qual é a dele? De qualquer jeito, eu não to com um pressentimento bom com isso, Auri.

-Eu não queria te falar isso, mas acho que meio que o conheço. Não ao vivo, claro. Até porque tu deve ter visto os amigos em comum com ele e eu não estou lá. Mas tu se lembra do Arthur?

-Claro que eu me lembro, Auri. Não tinha como esquecer dele, né.

-Então, eu nunca te falei isso porque achei que não precisava. Tu não gosta muito do teu nome e do significado, e nem liga muito para isso. Acontece que eu acho que ele é primo do Arthur, Lizzie. Eu posso estar louca, mas é muito difícil existir dois Fitzwilliam D'arcy no mundo cuja família materna é brasileira e da serra gaúcha.

Olhei para Aurora embasbacada e de primeira achei que ela estava brincando. Mas seu rosto exibia a mesma expressão séria que ela fazia sempre quando achava que eu estava fazendo tempestade em copo de água ou agindo de modo que ela não considera correto. Ou seja, a cara de papo sério.

-Tu ta querendo me dizer que o mundo é uma fucking novela da Globo em que todo mundo se conhece ou meio que se conhece de uma maneira ou outra? JC só pode tá zoando com a minha cara. Pulo no Guaiba para morrer na poluição agora ou depois?

-Para de brincar com essas coisas, Lizzie, tu sabe que eu não gosto. Enfim, eu só toquei nesse assunto porque eu queria te dizer que ele é um cara legal. É sério. Me lembro que ele tinha uns 18 anos na época e namorava uma guria desde dos 15, mesmo novinho não era pegador. Tudo que tu me disse que ele te falou realmente é verdade. E a Georgiana também é uma guria bem legal, bem querida. Eu conheço ela pessoalmente, mesmo que faça muitos anos que eu não a vejo e que ela tinha 12 anos a última vez que eu a vi. Acho que seria bom tu dar uma chance para ele, mesmo com esse bla bla bla que tu tem de não se apegar em ninguém. Isso te priva de muita coisa boa. É muito bom estar apaixonada e saber que é retribuída, e eu acho que tu mais do que ninguém merece isso.

Isso não é Orgulho e PreconceitoOnde histórias criam vida. Descubra agora