summer of 89•it

chapter three

❝chapter three: a pedreira❞

“Nossa... você tem bastante biquínis.” Bervely comentou enquanto eu me trocava.
“Morávamos em Los Angeles antes de vir para Derry” comentei “Genevive trabalhava em um estúdio, lá eles faziam roupas de banho.”
“Genevive?” ela perguntou se sentando na cama.
“Uma conhecida do meu pai.” respondi dando de ombros.

Abri uma das caixas onde eu guardava as roupas de banho e retirei um laranja que ainda estava na embalagem, e joguei para Bervely.

“Pode ficar com esse, eu acho que laranja não é muito a minha cor.” expliquei.
“Valeu, mas eu não posso aceitar.” ela disse colocando na cama.
“Pelo amor de Deus né Bervely, eu tenho vários, eu insisto.”

A ruiva deu de ombros enquanto entrava no banheiro para se trocar.
Terminei de arrumar o biquíni de crochê azul marinho e sorri com a imagem, meu corpo sempre foi diferente dos das meninas da minha idade, seios muito grandes, quase inadequados.

“Aonde você pensa que vai?” Matilde perguntou parando no batente da porta com uma garrafa de cerveja nas mãos.
“Eu... eu vou na pedreira com a Bervely.” expliquei colocando um short e uma blusa branca.
“Bervely?” perguntou brevemente.
“Ahamm ahamm.”
“Só tome cuidado, senão vai acabar igual o garotinho dos Denbrough.”
“Eu já pedi pra você não falar disso, por favor.”

Maltide soltou uma risada ácida enquanto sumia de minha vista e entrava pelo oque eu entendi ser o escritório dela.
Bervely saiu confusa de dentro do banheiro e eu apenas dei de ombros enquanto seguimos para fora do prédio.

“Podemos ir apé, aí você não precisa me carregar.” falei ao reparar que a menina havia ido de bicicleta.
“Relaxa e aproveita a vista.”

Subi no carona da bicicleta e Bervely começou a pedalar, em menos de dez minutos já estávamos no fim da ladeira que dava para a pedreira e já conseguíamos ver os meninos na beira do mini precipício.
Desci do carona e já tirei a minha blusa enquanto Bervely se liberava do vestido.

“Maricas!” a ruiva gritou passando pelos os cinco e pulando.
“Aí que merda, fomos humilhados por uma garota!” Richie gritou.
“Por duas!” falei passando por eles e pulando também.

Meu corpo afundou na água gelada oque causou uma sensação de conforto quando eu voltei para superfície tempo o suficiente para ver a queda de Bill para a água.
Em poucos minutos todos estavam jogando água um nos outros e rindo, Bervely, Bill, Ben e Richie brincavam de briga de galo, enquanto Eddie e Stanley brincavam de jogar água em mim e eu tentava falhadamente afogar os meninos na água.

“Mais você já morou em vários lugares, não é?” Stan perguntou.
“Minessota, Texas, Califórnia, só que eu queria ir mesmo é para Nova Iorque, onde vivem os artistas!” falei animada.
“Deve ser legal ir nesses lugares.” Eddie comentou.
“Depois de um tem...” comecei a falar, porém fui interrompida por um jato de água lançado por Richie.
“Qual é o seu problema?” gritei lançando um jato para ele.

Começamos uma mini guerra de água sendo acompanhados por Ben, que também começou a brincar com a gente.

“Puta que pariu!” gritei pulando para cima de Richie.
“Oque é?” ele gritou “Oque aconteceu?”
“Alguma coisa puxou o meu pé.” falei em um súbito desespero enrolando as pernas na cintura de Richie.

Stanley e Eddie mergulharam tentando achar oque eu estava falando enquanto Bill e Bervely nadavam para perto da gente.

“Oque qui é?” Eddie começou a perguntar nervoso “Oque qui é?”
“É uma tartaruga.” Bill explicou.
“Eu acho que você pode me soltar agora Richie.” falei ao perceber que ele segurava a minha cintura com força.
“Com certeza.”

Richie me soltou e eu nadei para o lado de Eddie enquanto mergulhava e via a tartaruga nadando para longe estávamos.

“Acho que poderíamos subir depois dessa, né?” falei dando uma risadinha sem graça.
“Isso é uma idéia.” Stanley falou.

Seguimos para o topo da pedreira onde eu estendi uma toalha lilás e me deitei sentindo o sol esquentar a minha pele.
Bill retirou um rádio e logo foi ligado e logo a voz do Young Mc começou a soar com Bust A Move.

“Adoro essa música.” comentei sorrindo enquanto vestia os meus óculos em formato de coração.
“Você nem deve saber nada dela.” Richie murmurou.

Lancei um olhar desafiador para o menino e me sentei de pernas cruzadas de frente para ele enquanto esperava a música começar.

“Ok, smarty, go to a party” comecei a falar as rimas “Girls are scantilly clad and showin' body, a chick walks by, ya wish ya could sex her, but you're standin on the wall like you was poindexter!” falei dando um grito na última parte.

Richie me encarava quase incrédulo com oque eu havia “cantado” naquele momento.

“Oque foi que você disse mesmo Richie?” perguntei maldosa.
“Desculpa” ele começou a falar “mais eu não prestei atenção no que você falou porquê os seus peitões ficaram quase saltando na minha cara.”
“Beep, beep Richie.” Eddie falou.

Puxei uma blusa e a vesti colocando o meu short em seguida, Richie havia conseguido me deixar comumente sem graça naquele momento.

“Parabéns Richie, você conseguiu deixar a (SeuApelido) mal.” Stanley comentou baixo.
“Ah cara, foi só uma piadinha.” se defendeu.

Um breve silêncio se instalou enquanto eu apenas focava o meu olhar nas árvores que haviam envolta da pedreira.

“Últimas notícias Ben!” Richie gritou retirando algo da mochila “Estamos de férias de verão!”
“Ah, isso daí não é da escola não...” Ben explicou.

Richie tirou uma pasta preta de dentro da mochila e abriu começando a ler algumas coisas.

“Que lance é esse do projeto de história?” perguntou mexendo na pasta.
“Bom... assim que eu me mudei para cá eu não tinha muito oque fazer.” falou enquanto Richie passava a pasta para Bill “E por isso eu ia passar o tempo já biblioteca.”
“Você ia para lá... por vontade própria?” Richie perguntou quase chocado.
“Algumas pessoas gostam de excitar o cérebro Richie, pelo menos as que tem.” comentei.
“Eu quero ver!” Bervely falou indo se sentar ao lado de Bill.
“Oque é o blackspot?” perguntei ao ver uma matéria de relance.
“Era um Club que foi incendiado por um grupo racista.”
“Quê?” perguntei quase chocada.
“Meu pai já comentou isso.” Stanley falou.
“Isso me parece horrível.” murmurei.
“Me dá, vai.” Richie pediu.

Richie foleou algumas folhas e uma coisa me chamou a atenção quase que automaticamente.

“Porquê tantas mortes e crianças desaparecidas?” perguntei rapidamente.
“Derry não é como as outras cidades em que eu já estive” Ben começou a explicar “fizeram um estudo, e parece que aqui as mortes e desaparecimentos são seis vezes piores do que a média nacional.”
“Nacional?” perguntei nervosa.
“Sim... e isso é só com adultos, com crianças é pior... é muito, muito pior.”
“Meu Deus...”
“Eu tenho mais coisas... se quiserem ver.” sugeriu.
“Não, não, não.” Eddie murmurou negando com a cabeça.
“Eu acho que seria uma boa.”