chapter twenty one

1.5K 157 277
                                    

chapter twenty one: sem olhar na sua cara

Por alguns momentos eu me senti estática, apenas sentindo a boca de Eddie se mover contra a minha, me fazendo corresponder o beijo, meu corpo queimava por aquilo, a cada segundo que passava, as mãos de Eddie seguravam com mais força a minha cintura, me causando arrepios diversos.
Abri os olhos devagar sentindo a imensidão tomar conta de mim enquanto o meu corpo era lançado para o outro lado do esconderijo, fazendo algumas tábuas caírem ao meu lado. Ergui o olhar vendo que aquilo que era Eddie havia se transformado, Pennywise, a poucos metros de mim me encarando com o mesmo sorriso bizarro de sempre.

"Não é real." murmurei "Não é real, não é real, não é real, não é real."

Antes que o palhaço pudesse falar alguma coisa eu disparei a correr pela escada acima, sentindo a minha garganta latejar, ele havia jogado baixo, completamente baixo e eu tinha caído na dele.

[...]

Entrei no Hotel sentindo o meu rosto queimar de vergonha, eu havia dado uns beijos em um palhaço assassino, sim, eu tinha chegado no fundo do poço, além de ter beijado vocalistas de bandas fracassadas e um comediante mediano eu tinha dado uns beijos em um palhaço psicótico.

"Tá tudo bem?" Ben perguntou me parando.
"Eu tô surtando!" gritei "Deveria estar bem longe daqui cuidando da minha cria! Só que eu tô aqui dando beijo em palhaços assassinos!"
"Oque?" perguntou confuso.
"O Pennywise, eu achei que ele fosse o Eddie e MEU DEUS, ele até cheirava como o Eddie." falei desesperada "Eu achei que era o Eddie, e beijei ele, até teria sido bom se não fosse a porra de um palhaço assassino."
"Calma aí, você quer me beijar?"

Me virei lentamente para o homem de cabelos negros sentado no bar, com um copo de whisky na sua frente, me fazendo então virar lentamente para Ben com os olhos arregalados.

"Não fala nada." murmurei "Mais eu acho que a Coisa tá sentada ali." falei apontando para Eddie.
"É o Eddie, não a Coisa." Ben falou no mesmo tom que eu.
"Oh, ainda bem." falei por fim "Acho que eu vou tomar um banho."

Fui em direção de Eddie passando a mão pelo balcão e pegando a garrafa de whisky e virando longos goles garganta abaixo enquanto subia a escada em direção do meu quarto.

"Não seja estúpida (SeuNome)." falei entrando no quarto "Ele é casado e você é mãe solteira, que está ficando louca."

Tirei a minha roupa entrando no chuveiro, tentando retirar todos os resquícios de eu ter beijado a Coisa, só não usei água sanitária porque a minha sanidade não tinha ido completamente para os ares.
Terminei de enrolar o meu corpo na toalha, seguindo para fora do box, quando o barulho de algo caindo no chão no quarto chamou a minha atenção.
Fui silenciosamente até a pia pegando o meu babyliss, andando para fora do banheiro, independentemente de quem fosse ia levar um bem no meio da garganta sem dó.
Empurrei a porta de leve vendo o homem de cabelos negros e blusa vermelha que recolhia as minhas maquiagens do chão.

"Olha pra mim." ordenei com a mão trêmula.

Eddie olhou para mim lentamente colocando as maquiagens encima da cama, erguendo as mãos em forma de rendimento.

"Você não é real." falei trêmula.
"(SeuApelido), sou eu, Eddie." falou me encarando.
"A Coisa também falaria isso, eu não sou burra." murmurei.

Pisquei algumas vezes abaixando a minha arma incrivelmente mortal devagar, porém ainda mantendo ela em mãos, pensando que se eu fosse morrer seria da forma mais estúpida do Universo, de toalha segurando um fazedor de cachos.

"Ei." Eddie falou se aproximando.
"Eu tô pirando Eddie." falei sincera.
"Oque?" perguntou tocando a minha mão de leve.
"Eu sou uma mulher adulta com uma criança para criar, sabe?" falei meio chorosa "Não deveria estar aqui."
"Lembra oque você falou assim que chegou em Derry?"

Olhei levemente confusa para o rapaz tentando lembrar oque eu havia falado, já que como Richie eu tinha o dom de nunca conseguir calar a boca.

"Pinto pequeno? Pelo visto essa é uma posição que você entende bastante?" arrisquei arqueando as sobrancelhas.
"Wow, você era muito boca suja na época, eu tô falando aquilo sobre sermos uma família para sempre." falou após alguns segundos.
"Mais não fui eu que falei isso, foi a Bev." murmurei.

Eddie me olhou por alguns segundos e eu caí na risada, antes de abraçar o rapaz, talvez eu estivesse ficando completamente maluca, mas era bom saber que eu não era a única.

"Então..." falou após alguns segundos.
"Então?" perguntei me distanciando um pouco.
"Beijou a Coisa pensando que era eu, não é?" falou sorrindo.
"Oque?" perguntei sem graça "Claro que não."

Me afastei alguns passos de Eddie sentindo o olhar dele me seguir pelo quarto, fazendo as minhas bochechas ficarem extremamente vermelhas.

"Isso não seria uma má ideia, né?"
"Oque não seria uma má idéia Eddie?" perguntei desconfiada.
"Eu, você, uns beijos, sair para jantar." falou dando de ombros "Depois disso tudo, óbvio."
"Desde de quando você ficou tão confiante Kaspbrak?" perguntei debochada.
"Desde que você ficou de toalha na minha frente e eu percebi que talvez nós vamos morrer." falou se apoiando na parede.
"Eu ainda tô te toalha." murmurei sem graça.
"E tá muito gata." falou charmoso.

Olhei indignada para Eddie, quando ele havia se tornado tão diferente daquele rapaz que eu conheci a quase vinte e sete anos atrás.

"Impossível, você é impossível." falei sorrindo.
"Isso é um sim?" perguntou me encarando.
"Oque você acha?"

Fui em direção de Eddie unindo os nossos lábios, me sentindo diferente, não era a mesma sensação com a Coisa ou muito menos com Richie, era como se aquilo tudo fosse certo, que estivéssemos fazendo uma coisa que deveria ter sido feita a tempos atrás.
Mordi o meu lábio inferior sentindo ondas de calor passarem por todo o meu corpo enquanto eu me afetava lentamente, e abria os olhos vendo Eddie me encarar com um sorriso nos lábios.

"Isso foi muito bom." falou.
"Pode ficar melhor." falei maliciosa.
"Como assim?" perguntou confuso.
"Como você disse Eddie." falei dedilhando o pescoço dele.

Passei minhas mãos pelo pescoço de Eddie, arranhando de leve antes de descer uma das minhas mãos até a mão dele que não segurava a minha cintura, a levantando devagar até o nó que segurava a minha toalha, auxiliando ele soltar ela.
Observei a toalha cair em meus pés, assim como os olhos de Eddie delinearem o meu corpo atentamente verificando todos os meus detalhes.

"Talvez nós vamos morrer, e temos que aproveitar ao máximo, não?" falei mordendo de leve o lábio inferior.
"Eu estou sendo o cara mais sortudo do Universo, puta que pariu."

summer of 89•itOnde histórias criam vida. Descubra agora