Bruce&Ely

50.

A razão por que a despedida nos dói tanto é que nossas almas estão ligadas. Talvez sempre tenham sido e sempre serão. Talvez nós tenhamos vivido mil vidas antes desta e em cada uma delas nós nos encontramos. E talvez a cada vez tenhamos sido separados. Isso significa que este adeus é ao mesmo tempo um adeus pelos últimos dez mil anos e um prelúdio do que virá. - Noah Calhoun (alterado)

Sempre acreditei que a coisa mais dolorosa da vida é a morte de quem se ama, um tiro sara, uma facada também sara, uma queimadura, tapas, tudo sara, menos a dor da perda, a dor de acordar e não ver a pessoa amada, de levantar todas as manhãs e sentar na mesa ainda sonelenta e olhar para a cadeira da frente e não encontrar quem se ama, de não ver os olhinhos pequenos por ter acordado agora, a cara amassada e o cabelo bagunçado, de ouvir o bom dia rouco e baixo e o sorriso de lado alegrando todos os dias como se fosse seu maior porto de felicidade. Saber que não escolheria o vestido de casamento e espiasse qual terno ele usaria, ou que não correria pela casa gritando "Deu positivo, deu positivo!" e ver ele sorrindo desacreditado e feliz por saber que agora seriam três, de não dar as mãos na rua e se sentirem como um só ou de escolher o nome do seus bebê, de não discutir por coisas fúteis e terminar em uma cama comendo doces e vendo ao filme mais clichê de romance que a netflix tinha.
Saber que ele não viveu para me ver no futuro era o que mais me doía e naqueles dias depois de sua perda, não me importava de ir junto à ele, não me importava de ir me matando aos poucos, de me destruir mais do que já estava, de deixar a comida de lado ou de não sair mais do quarto escuro, não queria ver outras pessoas, muito menos sorrir pra alguém, pensava eu, como posso ser feliz agora, sabendo que quem eu mais queria ao meu lado se foi e eu nem pude dizer o quanto o amava, isso me doeu todo dia, todo tempo, toda hora, até o dia da minha morte.

Eu não sabia como que seria dali em diante, eu não sabia o caminho que eu iria seguir, eu não sabia quais escolhas teria. Lembro-me de qhe quando eu o vi sendo interrado, desejei me jogar junto à ele, mas por mais triste que eu estava, enquanto ouvia o pastor falando, o que mais quis fazer foi agradecer, não porque perdi quem eu mais amava, mas porque pude amar alguém, um alguém especialmente incrível, mesmo nova, mesmo ainda imatura, eu pude saber o que era ser feliz. Eu agradeço a Bruce, eu o agradeço por quem ele era, eu o agradeço por ter me amado, por ter cuidado de mim, eu o agradeço por ter sido a pessoa que eu nunca tive na minha vida.
Se um dia esse livro chegasse aos céus e Bruce pudesse lê-lo, eu diria à ele que ele me ensinou a amar, me ensinou como é gostar de alguém, ele me ensinou a superar os meus obstáculos e acima de tudo, ele me ensinou o que é estar ao lado de alguém na saúde ou na doença na alegria e na tristeza até que a morte nos separou.

Mas isso não quer dizer que eu deixei de amar Bruce Willis depois que consegui lidar com a dor, eu sempre irei ama-lo pelo resto da minha vida e nós sempre, sempre, sempre seremos Bruce&Ely, porque isso nunca foi questão de distância, sempre foi questão de amor.

♡♡♡

Eu o amei, como nunca amei ninguém.
Eu senti, como nunca senti algo assim por ninguém.
Eu chorei, como nunca chorei pela dor que senti por alguém.
Dor essa que me levou à ruína com passos lentos e demorados.
Mas que foram salvos pelo mesmo autor da dor.
Da dor sentida pelo simples fato
de não poder mais te dizer
"eu te amo" todos os seus últimos dias.

- Ely Fray para Bruce Willis.

prelúdio: Etapa inicial para o desenvolvimento ou para a resolução de alguma coisa.