Nós nunca sabemos quando as coisas vão mudar, quando alguém amanhece bem ou mal, ou passar por alguma coisa ruim, não sabemos o que esperar do próximo, sorrisos e abraços ou, um olhar torto e cara feia. As pessoas erram, com seus jeitos, com o que fazem e com o que dizem, mas muitas se arrependem, mas o que leva você a ajudar alguém que um dia te fez tão mal?
Eu caminhava pelas ruas, o dia estava nublado e já eram mais de 3 horas da tarde, voltava para casa depois de ir à livraria no centro. A cidade estava mais calma que o normal, mas eu nem me importei, o silêncio era bom, o silêncio deixava com que meus pensamentos voassem até Bruce, e eu, adorava pensar nele.- Por favor, eu te peço, me deixe ir.- ouço uma voz familiar vindo de um bêco logo a frente.- Você quer dinheiro? E-eu tenho, está na bolsa, pode levar tudo, toma a chave do carro, é o HR-V da Hyundai, cinza, do outro lado da rua.- paro antes de passar na frente da rua estreita.
Aquela rua não era muita movimentada, ainda mais nas férias, às pessoas à essa hora estavam curtindo com suas famílias nas praias ou acampamentos.
- Não se preocupa, não vou te machucar.- ouço uma voz masculina.
- P-para, por favor.- ouço-a implorar.- não faz isso.- olho para o bêco, escondendo o corpo na parede.
Droga, o que eu estava fazendo ali? Por que eu não corri? ou sei lá. Quando percebo o homem mais velho abrindo o zíper da calça dela, me senti totalmente irritada com tal situação e por mais que eu a odiasse, nenhuma mulher, merece ser humilhada a esse nível.
- Solta ela!- corro na direção dele e o empurro.
- Saí daqui, sua maluca.- o homem grita tentando me tirar de cima dele.
Eu o batia, com o livro, dava tapas, socos, até ele conseguir se levantar, ele era bem maior que eu, e fez com que eu voasse no chão, mas ele ainda sim, não me intimidava. Ao me levantar rápido, vejo que ele caminha com o punho fechado em minha direção, era agora que eu levaria um murrão, e foi exatamente o que ele fez, o soco foi forte o suficiente para me deixar caída no chão atordoada, mas mesmo assim, me levantei, e antes que ele desse outro soco, ele caiu para frente desmaiado, logo atrás dele, Holly segurava um pedaço de madeira que tinha ido em perfeita sincronia em sua nuca. Ficamos alguns minutos observando o corpo à nossa frente e então nos olhamos.
- Ele... morreu?- Holly pergunta.
- Talvez.- digo indo até ele.
- Aí meu Deus.- ela diz em desespero.
- Calma, ele tá vivo.- digo depois de sentir sua pressão arterial pelo pescoço.
Holly estava descabelada, seu rosto estava um pouco sujo e com um corte superficial na bochecha, naquela hora, vi o quanto Holly estava vulnerável e que ela precisava de ajuda. Seus olhos arregalados, parecia uma fonte de água, chorava em desespero. Antes que ela desabasse no chão a chorar, eu a seguro.
- Vem, vamos sair daqui.- tiro o pedaço de madeira de sua mão e jogo encima do cara.
Carreguei Holly até seu carro e então deixei com que ela chorasse lá dentro. Ela chorava tanto que pensei que uma hora iria esgotar toda água de seu corpo, fiquei apenas a observando, e vendo como ela não parecia mais a Holly vadia do colégio.
- Como me achou?- diz rude, voltando ao seu normal.
- Estava passando e ouvi sua voz.- digo com a voz baixa. Ela voltou a chorar.
- E-eu não posso voltar assim para casa.- diz nervosa.
- Por que não?- digo um pouco incrédula. Se isso acontecesse comigo, eu iria querer correr para o colo da minha mãe, penso.
- Meu pai não vai entender, ele vai achar que arranjei briga e vai gritar comigo.- diz secando um pouco das lágrimas.
- E a sua mãe?- pergunto.
- Morreu no meu parto.- diz seca. Sinto um arrependimento de ter feito aquela pergunta.
- E-eu sinto muito.- digo e abaixo a cabeça.
- Todos dizem sentir.- sua voz soava tão triste.
Fiquei em silêncio por algum tempo, e ela fez o mesmo.
- Eu conhecia aquele cara.- diz depois de alguns minutos.
- Como?- pergunto com a expressão visível de surpresa.
- Ele trabalhava para o meu pai, mas por algum motivo que eu não sei, foi mandado embora.- diz ainda olhando para frente.
- Que bizarro.- faço o mesmo.- Mas ele não chegou a fazer nada com você não é?- me viro para ela.
- Isso não é da sua conta.- diz mudando seu tom de voz.
- Bom, diria que é depois do que acabamos de passar.- dou de ombros.
- Preciso ir pra algum lugar, limpar esse corte.- diz.- posso ir pra sua casa?- me olha.
- O-que?- gaguejo surpresa.- tá...- digo sem saber o que responder para aquela pergunta.
♡♡♡
Entro em casa procurando alguém, mas não tinha ninguém, Holly entrou logo atrás de mim, examinando cada detalhe da casa. Subo até o quarto sendo acompanhada por ela, quando ela adentra, olha novamente cada extremidade e então se senta na cama. Vou ao banheiro e olho meu rosto. Uou, minha maçã do rosto estava perfeitamente roxa, passo a mão em cima e sinto uma dor que faz com eu faça uma careta, pego um cotonete, água oxigenada e um curativo pequeno e volto ao quarto.
- Aqui, pode usar no banheiro.- entrego para Holly que se levanta.
Holly demora um pouco no banheiro, mas logo volta para o quarto, seu cabelo estava amarrado e tinha um pequeno curativo na sua bochecha, ela coloca as mãos na cintura e me olha.
- Seu quarto é bem bonito.- diz seca.
- Tenho certeza que o seu é bem mais.- solto uma risada debochada.
- Verdade, ele dá dois desse, tem uma cama de casal imensa e decorações imitando ouro.- ela diz e eu a encaro. Começamos a rir.
- Ouro? por que não prata?- digo.
- Meu pai achou muito barato.- rimos mais ainda.
- Tá vendo aqueles quadros.- aponto.- peguei de uma casa na rua.- rimos.
- Ousada.- ela ri.
Enquanto eu e Holly tínhamos aquele momento completamente bizarro, ouvimos a campainha tocar, paramos de rir e nos encaramos.
- São seus pais?- pergunta.
- Não, minha mãe está trabalhando e o meu irmão está no futebol.- digo me levantando.
- Seu pai?- pergunta fazendo o mesmo.
- Quem me derá.- abro a porta.
- Pais separados?- diz meio triste.
- Não, pai morto e mãe viva, apenas.- digo e desço as escadas.
- Isso foi bem... insensível.- para ao meu lado.
- Aprendi com você.- sorrio e abro a porta.
Nós duas levamos um susto ao ver quem era, Holly me olhou e depois olhou para pessoa que estava totalmente confusa.
- Mas que merda que está acontecendo aqui?
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Bruce&Ely
RomanceEly é uma garota totalmente extrovertida e engraçada, apenas em sua cabeça, porque na vida real, Ely é, no mínimo, estranha. Ao se mudar aos seus 8 anos de idade para San Diego, no Sul da Califórnia, Ely encontra um melhor amigo, mas que por causa d...