Para todos os abraços que eu não entreguei
E a todos os bons momentos que eu não vivi
E ao ponteiro apressado do relógio
E a minha liberdade deixada de lado
Ao certo mal defendido por uma cena clichê
E ao leitor que, sempre entende ao seu ver
E as pessoas que partiram sem dizer "água vai"
E aos sonhos e desejos realizados na mais cruel imaginação
E a fala longínqua do advogado que eu não contratei
E a todos os ventos: o do Sul, o do Norte, o do Leste e o do Oeste
Ao sol que nasceu todas as manhãs, trazendo alívio até as madrugadas mais sombrias
E a lua que não escondeu seu brilho nem de um povo, nem de outro
A cada mágoa que engoli em seco
E a cada mancha que meu corpo quer tanto manter
A cada passa tempo vivido com intensidade
A cada aprendizado em que eu deixei uma mente para trás
A cada opinião que eu troquei
A cada aquarela que de preto e branco eu pintei
A cada movimento ou sentimento esquecido
Aos meus eternos amores que duraram algumas semanas
Ao sensato ignorante, e ao sábio inocente
Ao ateu que na hora do pavor pediu em nome de Deus
E as lindas músicas cantadas por uma voz rouca e desafinada
Ao cotidiano ridicularizado por uma crítica do jornal da esquina
Aos estudos superinteressantes que até então não foram concluídos
Ao pouco de muitos e ao muito de poucos
E a moeda de prata, de ouro e de bronze
E ao poeta que escreveu tarde da noite para que alguém se alegrace pela manhã
E a todos os infinitos com os fins mais belos,
Um brinde meus amigos!
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A rosa se fez negra como a noite
PoesíaPara todos os feridos que descrevo minhas dores e minha fé nas coisas boas, como poesia.