1 | Isso e aquilo

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Julieta!

Me sentei assustada sobre a minha cama, com o meu cabelo voando pra frente. Aquele grito me assustou e interrompeu meu sonho, que esqueci em menos de cinco segundos. Pisquei, ainda ouvindo as batidas fervorosas em minha porta, engoli a saliva seca que se formou na boca e suspirei fundo.

Minhas mãos estavam um pouco trêmulas, acho que era devido ao frio e ter derrubado a coberta enquanto dormia, vesti meu roupão e abri a porta, dando de cara com a minha mãe.

Ela estava usando, como sempre, aquele roupão que fazia conjunto com o seu pijaminha. Em seu cabelo tinha alguns bobs, o que me deixou mais confusa ainda e me fez olhar para o relógio sobre a cômoda, que não parava de tremer. Cocei meu ouvido com um dos meus dedos e apertei os olhos ao sentir um zumbido. Minha mãe suspirou fundo, invadindo meu quarto com alguma coisa pendurada em sua mão esquerda.

― Você tem mais um teste hoje. ― Assenti.

― Claro, era tudo que eu queria. Acordar cedo no domingo. ― Rolei meus olhos, sentindo em seguida o tapa forte na minha nuca.

― Bailarinas precisam acordar cedo e dormir cedo, se não estivesse lendo essas porcarias não estaria com o humor como de uma velha. ― Assenti, completamente indiferente as suas farpas logo de manhã.

Como se o meu humor fosse diferente do dela, eu havia à puxado.

― Você tomou sua vitamina antes de dormir?

― Sim, umas e outras dez que você mandou. ― Entortei minha boca, tirando de dentro do plástico e vendo o collant cor de rosa. ― Por que sempre rosa? Não pode ser preto? Ou branco? O-ou qualquer outra cor. ― Joguei de novo sobre a cama.

Eu odiava rosa, e minha mãe sabia disso.

Não era uma questão de ser mimada e diversas outras coisas que fui apelidada quando entrei no ensino médio. Era uma questão chata. Rosa é ridículo, é uma cor estranha, ao menos pra mim. E sei que bailarinas usam muito dessa cor, mas não sou qualquer bailarina. Sou profissional e minha mãe me trata como uma princesinha.

Outras bailarinas usavam collant preto, já tinha que usar rosa. Porque rosa é cor da bailarina, cor de uma princesa.

Bom, palavras da minha mãe, não minhas.

Ela de novo cruzou os braços e apenas fez um movimento com o braço, achei que fosse levar um tapa para me "endireitar" e parar de ser uma "ogra". Meu humor não estava dos melhores, levar um tapa logo de manhã estava fora de cogitação.

Engoli em seco, me encolhendo mais quando simplesmente vi ela apontar para a porta do quarto e entendia muito bem o que ela queria dizer com aquilo:

Vá tomar banho antes que eu te dê uns tapas.

E bem, eu fui, porque realmente não queria tentar cobrir a marca dos dedos da minha mãe com maquiagem. Fechei a porta devagar, tirando o roupão e pendurando no prego da porta, logo depois tirei o pijaminha azul claro.

Era uma cor suave, que me deixava leve, usar esses tons um pouco diferentes do que minha mãe gosta, me deixa melhor. É como se a cor azul fizesse parte de mim.

Empurrei de novo meus pensamentos pra longe, abrindo os olhos de novo e me sentindo um pouco estranha quando enrolei o cabelo e fui direto para o chuveiro.

Não lave seu cabelo de manhã, Julieta, você pode ficar gripada.

Coloquei a touca térmica e liguei logo o registro.

O barulho de água caindo contra a touca era engraçado, enquanto ensaboava meu corpo com sabonete e via algumas bolhas se formarem. Peguei a gilete e comecei a depilar minhas pernas, apenas para ter certeza de que ficariam lisas. Os pelos iriam começar a crescer depois de uma semana e então minha mãe me levaria na depilação.

A Bailarina e o Bad Boy | Vol.1 [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora