2 | O suficiente

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Quero muito agradecer por todos os comentários e o apoio que estão me dando, sério, nenês. Espero que gostem do capítulo de hoje ^^

Instagram/Twitter: npockyx

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Lágrimas.

Eu sempre fui uma boa atriz, sinceramente, lágrimas sempre foi a coisa mais fácil de deixar cair dos meus olhos. Chegava a soluçar quando minha mãe dizia que eu não podia comer um sorvete de chocolate pois estava em dieta. Poucas vezes eu chorei porque senti algo estranho dentro de mim, e nem mesmo com TPM me abalava. Absorvente interno e me entupir de remédios eram coisas que tinham vindo direto do céu, apesar do absorvente incomodar um pouco.

Mas quando eu choro, de verdade, quando eu deixo tudo sair de dentro de mim, como se aquilo fosse me sufocar a ponto de me matar, era como se o mundo estivesse acabando ao meu redor.

E bem... ele acabou.

Como eu previ, não passei no teste, porém, eles fariam uma segunda audição no final do ano, mas aí eu já não estava mais animada, nem mesmo com a minha mãe arrumando o meu cabelo. Eu estava segurando tudo dentro de mim, sentindo como se uma arma estivesse engatilhada na minha garganta, e no momento que eu deixasse as lágrimas descerem, os tiros seriam disparados. Eu estava me sentindo sufocada com o collant, as sapatilhas estavam apertando meus dedos e as fitas a minha panturrilha, a meia calça cor de rosa estava apertando os músculos de minha perna e eu queria me livrar logo daquilo tudo.

Mas eu me contive, eu fiquei olhando minha imagem no espelho, logo depois de ouvir um discurso de um homem dizendo que todas ali tinham talento, mas que apenas deveríamos fazer um pouco mais de esforço.

Será que não fiz o suficiente?

Respirei fundo, abrindo a garrafinha de água e tomando praticamente tudo, quando minha mãe terminou de pentear meu cabelo, eu me levantei e tirei toda a roupa, ficando apenas com a minha calcinha dentro daquele pequeno camarim. Algumas garotas já tinham ido embora, decepcionadas, mas alguns diziam a outra ― provavelmente amigas ― que tentariam de novo.

Eu não queria tentar de novo.

Arrumei a calça no meu quadril e depois me sentei para poder colocar a minha bota.

― Filha. ― E ela ia começar o seu discurso muito estimulante pra cima de mim.

― Mãe, agora não, tá legal? ― Levantei minha cabeça, vendo-a apenas abrir seus olhos rasgados mais um pouco e depois assentir.

Respirei fundo.

Meia hora dentro do carro até chegar em casa, eu aguento.

Eu peguei minha bolsa, colocando tudo ali dentro e sentindo um gosto amargo na minha garganta. Apertei mais meus dedos contra a palma de minha mão e segurei no colar que meu pai me deu a alguns anos. Lembro de quando ele me deu, e lembrar fazia com que eu me sentisse melhor.

A Bailarina e o Bad Boy | Vol.1 [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora