Prólogo - Passagem

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Era oficial. Eu havia passado pela puberdade. Mas eu sentia que faltava algo. Ah, sim! Várias coisas!

Um emprego, amigos de verdade, um namorado, um cachorro...

Mas, sério?

Eu havia entrado no E.M de São Tomé de Castro. O mais exclusivo colégio da cidade de São Clemente.

Eu fazia um tour pelo colégio. Veja só, uma recém chegada, entrando no 1° ano do Médio, com vários veteranos olhando. Claro que não só eu, mas vários outros que vieram e virão fazer matrícula.

Aproveitei a deixa da conversa entre a Coordenadora e minha mãe, para ir à biblioteca, logo a frente.

Passando pelos corredores, fico num canto perto de uma janela. Noto que ao meu lado, chega um casal, aparentemente, pois a conversa por outro lado...

— Heitor, eu tô falando com você.

— Gisele. Qual a parte de 'não somos e nunca seremos um casal' você não entendeu?!

— Mas... Heitor... O que você disse na minha casa... Naquela noite... — A menina choraminga.

— Foi só pra te levar pra cama! Você acha mesmo que eu vou querer ter algo com você? Me poupe.

Ela chora e dá um tapa na cara do garoto, antes de sair correndo. Eu que ouvia a conversa, assim que noto que acabou, finjo estar lendo um livro.

— Garota.

Não respondo. Será que é comigo?

Você é a única garota ai, doida.

— Ou! — Puxa o livro das minhas mãos. Eu olho para o garoto. — Ouviu algo?

Eu sorrio falsamente, antes de pegar o livro de volta.

— Você interrompe minha leitura, para me perguntar se eu ouvi essa 'trágica' DR? — Ponho o livro no seu lugar de origem. — Sinto lhe informar mas eu não gosto muito de novela mexicana, nem de clichê escolar. Passar bem.

Saio dali rapidamente, para que o garoto não veja meu rosto envergonhado. O que deu em mim?

Chamou atenção e se lascou.

— Mãe! — Chamo a mesma que já se encontra preenchendo a papelada de matrícula.

— Amy, filha, tudo certo. Você começa daqui a duas semanas.

— Nossa, que rápido. — Comento.

— Quanto antes melhor. — Diz minha mãe. — Obrigada.

Saímos da Coordenação rumo ao estacionamento. Minha mãe vai um pouco na frente, e sinto um incômodo, e percebo que são olhares. O menino da biblioteca.

Passo reto e de cabeça erguida. Alcanço minha mãe e entro no carro.

— Filha, você finalmente está ficando mais velha. Olha só, quase 15, meu orgulho.

Rio sem ânimo. Minha mãe da a partida e seguimos rumo nossa casa. Penso comigo mesmo:

Isso é apenas uma fase. Uma passagem para algo melhor.

E infelizmente (ou felizmente) penso no garoto da biblioteca.

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