16 - Não julgue sem conhecer

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Depois de quase 1 hora, temos uma aula de redação, uma de biologia, outra de português e a de literatura, quando finalmente é hora do almoço.

Madu se levanta recolhendo os materiais e eu faço o mesmo. Seguindo para o refeitório, encontramos Lucas com um livro em mãos.

— Eu nunca pensei que seria tão difícil escrever uma redação.

Rio e Madu abraça ele.

— O que houve baby? Conte para a tia Madu. — Ela aperta suas bochechas e Lucas tenta se soltar.
— Para Madu.

— Gente, vamos logo almoçar? Tô com um buraco negro aqui. — Falo empurrando os dois.

Chegamos no refeitório e pegamos nosso almoço. Strogonoff de frango. Meu preferido. Sento na mesa e começo a comer sem prestar muita atenção na conversa de Madu e Lucas.

Sinto um mão em minha cintura. É Heitor, que logo se senta ao meu lado e me abraça de lado.

— O quê? — Falo após perceber que ele me olha.

— Nada. — Ele ri e se levanta para ir buscar seu almoço.

Num instante, todos correm para um dos pátios perto do refeitório, a céu aberto. Heitor chega com sua bandeja e apenas coloca em cima da mesa, e segue rumo aos outros alunos.

— O que deve estar acontecendo?
— Não sei. — Madu responde. — Mas não iremos saber se não irmos conferir.

Nos levantamos e seguimos até o pátio. Desviando de uns e outros, chegamos a um lugar bom o suficiente para ver Ricardo segurando Gisele pelos cabelos. Ele está visivelmente alterado.

—... Hehe, observem esse exemplo de puta! Eu peguei ela! Eu comi essa vadia! Anda, fala como foi bom eu ter te pegado, fala!

— Rick, me solta... Por favor! — Gisele suplicava pela dor que sentia.

O diretor chega acompanhado de dois seguranças. Eles tentam agarrar Ricardo, que corre até onde eu e meus amigos estamos.

Mas é uma falta de sorte...

— A turminha que eu mais odeio! Como vão? Espero que mal... — Só posso ver os olhos de Ricardo vermelhos, antes de Heitor se colocar em minha frente.

— Sai daqui. — Heitor praticamente rosna para Ricardo.

Ricardo ri mais ainda e se aproxima de Lucas e Madu.

— Observem esse quarteto! — Ri mais ainda. — Um músico vagabundo, um nerd esquisitona,  um jogador fracote e uma garota reprimida! Vocês são muito caretas, deviam tentar se divertir com brinquedos que levariam vocês no paraíso.

É impressão minha ou ele tá sugerindo a vocês drogas?

Heitor e Lucas se irritam. Heitor ia partir para cima de Ricardo, mas os seguranças aproveitaram e o seguraram levando-o para a direção.

— De volta ao refeitório! — O diretor grita.

Seguimos de volta, com os garotos irritados e Madu cabisbaixa.

— Ah... Eu mato aquele Ricardo. — Lucas esbraveja.

Madu segura em sua mão e ele para. Heitor não fala nada, apenas senta e observa um ponto fixo.

— Eu vou ao banheiro.

Dito aquilo saio da mesa. Não tenho mais dúvidas. Os boatos são verdadeiros. Ricardo se mete com Intorpecentes.

Entro no banheiro e ouço alguém numa das cabines. Curiosa como sou,  vou até lá e tenho a conclusão de ser Gisele. Ao sair, ela se espanta com minha presença.

— Você tá bem?

— Pareço bem? — Ela rebate e segue a pia para lavar o rosto.

— Credo, eu quero te ajudar, por que, apesar de tudo que você fez comigo, eu detesto ver alguém sofrendo por injustiças.

Ela para de se lavar e se olha no espelho.

— Eu sou uma pessoa perdida. Eu não tenho ninguém que me aceite como eu sou. Eu sou obsessiva, eu, eu... — Ela desaba a chorar.

Eu apenas chego perto dela e a abraço. Ela de começo se mantém surpresa, mas depois, corresponde ao abraço.

Eu não imaginava que Gisele era assim. Eu a julguei sem saber, se a conhecer. Eu cometi um erro. Ela é apenas uma garota em busca de alguém que a aceite como ela é de verdade. Ela, é uma sonhadora.

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