🍃(Segunda)🍃
Entro na escola um pouco sem ânimo. Veja bem, eu não conheço ninguém, ainda não fiz amigos, sou uma novata.
Deixa de mentira. Você conhece alguém sim.
Esquece ele. Sigo para minha primeira aula: biologia. Na sala tem apenas cerca de 10 pessoas, contando comigo.
Entro após dar um bom dia. Sento numa mesa encostada na parede, e pego meu telefone.
Seleciono um 'aleatório' de músicas e pego meu caderno. Eu adoro fazer montar artes, imaginar planos de fotos, videos. Desenho alguns frames e um ser se projeta em minha frente.
— Oi! Você é nova aqui?
Uma menina de cabelos cacheados e olhos claros pergunta. Ajeito os óculos e assinto.
— Sou a Madu. Ou Maria Eduarda. E você?
— Amanda.
— Que bom. Se não se importa eu vou sentar aqui perto de você, por quê, não fui a cara com esse povo.
Rio dela e continuo meus planos. É quando o garoto da biblioteca entra. Ele entra com uns meninos, e se senta apenas algumas cadeiras atrás de mim.
O professor entra e todos se organizam.
— Hoje vamos falar da puberdade. Sabem como é o processo feminino e masculino?
🍃...🍃
Nunca mais eu quero aula de biologia. O professor é tão direito que... Argh... Vergonha alheia.
Ele fala tão abertamente sobre mestruação, gravidez, preservativo, sexo... Uns alunos envergonhados, tipo eu, e outros 'já sei disso', como Heitor, da biblioteca.
— Vergonha alheia Amanda. Isso resume essa aula. — Madu fala.
— Né. Eu me senti morta de vergonha. Ele fala tão abertamente.
Uma professora loira entra. Olho o horário. Sociologia. Uhm...
— Oi pessoal. Eu sou a professora Deusa.
Posso escutar assovios e um "Deusa do Olimpo" aos fundos.
— Engraçado. Bom, sou a professora de sociologia e antes da aula quero conversar sobre vocês. Digam pra mim: quem são vocês?
Seguido disso várias respostas sem sentido foram sendo ditas. Cada uma mais absurda e inadequada que a outra.
— Você. De óculos. — Eu? Oxe. — Levante e diga, quem é você.
Eu levanto meio contrariada e vergonhosa. Observo todos me olhando.
— Eu... Sou a Amanda. Tenho 14 anos, fazendo 15, e eu sou... Única. — Alguns riem. — Todos somos únicos. Bom... Eu me considero uma pessoa que apesar dos defeitos, problemas, não se deixa abater e continua com um sorriso no rosto. Eu sou eu.
A professora sorri e todos batem palmas. Sento novamente e a professora segue em frente.
🍃...🍃
No intervalo, me sento num banco no jardim. Na bandeija, um prato com arroz, salada, feijão e bife. Um copo de suco.
Madu chega ao meu encontro.
— Por que tá isolada aqui?
— Tô pensando na vida. E você?
— Vim atrás da minha única amiga no colégio.
Eu sorrio. Comemos conversando sobre gostos, defeitos, qualidades, até que o sinal toca. Antes de ir para as salas, sigo ao banheiro, mas no caminho esbarro em Heitor com uma menina.
— Heitor, aqui não, mais tarde, a noite. — Ele a beija não deixando a garota falar.
— Sabia que você é melhor de boca fechada?
Passo reto e o mesmo nem me percebe. Faço o que tenho de fazer, mas ao sair, sou puxada bruscamente, fazendo meu óculos cair.
— Desculpa. — Fala alguém que põe meus óculos me fazendo deixar de ver tudo embaçado.
— Heitor? Por que me puxou assim? E me solta! — Ele faz o que eu peço.
— Quero falar com você.
Olho para ele e faço minha melhor cara de deboche.
— Diga. Seja breve.
Heitor mal abre a boca e uma multidão passa, fazendo com que nos percamos de vista.
Droga, agora eu tô curiosa.
A-ma-vá. Jura?
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Hello, Puberdade!
Teen FictionAmanda Silva anda pelos corredores de São Tomé de Castro observando tudo e todos. Reparou que muitos adolescentes estão passando por fases, mudanças de humor e descobrimento de coisas novas. A tão conhecida "Puberdade", é o terror para pré-adolesc...