CAPÍTULO 5°

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Pilar.

A minha visão sobre uma comunidade era muito diferente de tudo que eu vejo hoje. Eu imaginava não imaginava que tudo era tão as claras e não fazia ideia de como o tráfico influenciava na vida das pessoas que moram naquele maldito lugar.

Eu confesso que todo dia quando eu subo o morro pra ir para a creche e vejo aqueles meninos de dez anos com armas nas mãos eu sinto um aperto tão grande no meu coração. É muito difícil saber muitas crianças entram nessa vida por falta de apoio tanto das famílias e como também do Estado em si. As crianças vivem jogadas em uma situação horrível e muitas das vezes passam fome e a única saída que eles vêm é entrar para o tráfico. Meu pensamento quanto a isso se transformou e hoje eu penso duas vezes antes de julgar a situação de alguém.

- esta tudo bem, filha?- a voz do meu pai soou chamando minha atenção.

Levanto a cabeça desviando o olhar do meu prato, o encaro acenando com a cabeça e forço um sorriso.

- sim pai!- respondo ainda com aquele sorriso sem graça em meu rosto.

Ele deixou o seu garfo de lado pausando sua janta, apoio seus cotovelos na mesa e me encarou dando um sorriso fraco.

- como foi sua semana na faculdade e no novo estágio?- ele pergunta.

O sorriso sem graça que havia em meu rosto foi sumindo aos poucos eu comecei a pensar em algo resposta que não me meta em uma confusão.

- foi muito cansativo, mas eu estou gostando muito da minha nova rotina.- digo rápido e desvio meu olhar do seu dando uma garfada em minha refeição.

Minha mãe começou a falar sobre o sua investigação logo após de mim e eu agradeci aos céus por aquilo porque eu odeio mentir para os meus pais e fazer isso está sendo muito difícil pra mim.

- se tem algo que eu odeio trabalhar é investigando bandido.- minha mãe soltou as palavras chamando minha atenção.

Eu já sabia que minha mãe está envolvida em um caso de investigação de um chefe do tráfico de um dos morros aqui do Rio, ela só ainda não me disse de qual morro o tal cara é e também não se atentou aos detalhes do caso. Segundo minha mãe o caso é muito complicado por ela já ter um pequeno envolvimento com esse caso no passado.

- eu já falei contigo um milhão de vezes que não concordo com essa nova missão, mas você é teimosa demais.- meu pai com seu olhar sobre ela.

Minha mãe deixou seus talheres de lado largando sua refeição e encarou o meu pai bufando.

- Caio, a gente já falou sobre esse assunto um milhão de vezes e chegamos em uma conclusão que você concordou.- ela diz com uma expressão séria em seu rosto.

Meu pai lançou um olhar de poucos amigos pra minha mãe, mas não disse nada pra contrariar a monarca do nosso reino, na verdade minha mãe é tão brava que até meu pai treme pra ela.

O meu pai é um cara super tranquilo e gente boa. Na verdade a única vez em quase vinte anos a única vez que eu o vi puto de verdade foi quando minha mãe arrumou um novo parceiro de trabalho lá na corporação. O meu pai fez o maior auê na delegacia e faltou pouco arrancar os cabelos da cabeça de tanto ciúmes e minha mãe teve que ficar mimando o veio durante um mês inteiro pra ele voltar às boas com ela.

A minha mãe logo terminou sua refeição e se levantou da sua cadeira vindo até mim e deixou um beijo bem demorado em minhas bochechas pra se despedir de min, essa noite ela vai fazer plantão na delegacia.

- eu te amo!- ela diz tirando um sorriso de mim.

Minha mãe se afastou de mim e foi até o meu pai e o abraçou por atrás dando um beijo em seu pescoço. O meu pai fechou e fez uma expressão que nunca vai sair da minha mente de tão traumatizante.

A Filha Do Juiz (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora