Capítulo I

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Os raios entram pelas cortinas entreabertas noto que o fogo da lareira se apagou e que agora só restam cinzas do que antes era madeira. O aroma tão familiar me desperta e me faz voltar à época em que ainda vivia em um pequeno vilarejo ao norte com meus pais e meus dois irmãos, Elisa e Tristan. A doce lembrança logo se dissipa com a chegada dos acontecimentos da noite passada O grande baile real. Estou tão cansada quanto na hora em que consegui, finalmente, pegar no sono. As festas reais sempre são cansativas e entendiantes, todas aquelas princesas com vestidos decotados e chamativos os duques e duquesas com sorrisos forçados e assuntos previsíveis.

-Não vai descer para o café da manhã, mileide? Está passando da hora- Ouço a criada dizer do outro lado da porta- O rei e a rainha requisitam sua presença.
-Estou indo- Minha voz sai preguiçosa. Visto apressadamente um vestido de linho rosa sem babados, totalmente liso. O cabelo fica preso em uma trança bagunçada e calço uma sandalia cravada com diamantes e outras pedras preciosas que não sei o nome.
-Melinda, como está radiante está manhã! Mas não mais que sua rainha, Avalon - Brada Mason levando a xícara à boca com um sorriso superficial.- Todos os dias, obviamente, eu não quis dizer...- O interrompo com a mão sobressaltada.
-Poupe-nos de sua falsa admiração- Me sento ao lado do rei, que possui uma expressão mista no rosto entre desaprovação e raiva.
-Creio que Melinda ainda esteja com seu mau humor matinal- Fala Bernad me lançando um olhar reprovador e sorrindo para Mason.
-Todos os dias, Vossa Majestade- falo ríspida.- Um silêncio domina o lugar carregado de desconforto, o que não me incomoda nem um pouco.
Após o café parto em direção ao jardim nos arredorea do castelo para minha caminhada matinal, o outono está terminando e logo a última folha seca á cair anunciará a chegada do rigoroso inverno do norte. Passo por entre as últimas flores da estação tulipas, rosas e trevos de quatro folhas. Uma explosão de cores que tomava o jardim mas que agora são raras em meio às cores mortas de outras com suas pétalas caidas.
Ele me lembra o jardim que tinhamos no quintal da nossa casa, no nosso pequeno vilarejo minha irmã mais nova, Elisa, sempre gostou das tulipas, ela dizia que pareciam copos cheios de suco de laranja. Mamãe gostava dos girassóis, dizia que eles simbolizavam a esperança: sempre voltavam-se para o sol, para a luz.
Me lembrar delas ajuda á não esquece-las, carrego sempre comigo lembranças boas de quando éramos jovens, felizes e livres para vivermos a vida da maneira mais simples e generosa que conhecíamos. Agora caminho para mais perto da floresta, nunca estive realmente lá todos do reino sabem da sua história dizem que quem entra nela nunca sai, com vida. Sua aparência é realmente assustadora árvores negras e secas com galhos pontiagudos que se entrelaçam até onde a visão permite.
A grama é marron coberta com cascalho e animais nunca foram vistos em parte alguma dali. Diferente dos outros a sensação de estar perto não é nem um pouco ruim, sinto uma energia vinda do fundo dos meus ossos e que parece transcorrer todo o meu corpo. Apesar da curiosidade insuportável não tenho permissão de entrar na floresta, ninguém tem. Todos sabem da história de Emma, a garotinha que sumiu há tanto tempo e nunca foi encontrada.

O Som Da Meia-NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora