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Distrito Dong, Busan

2016

As luzes do quarto estavam apagadas e as cortinas abaixadas, tornando o ambiente perfeito para uma maratona de filmes dirigidos por Tarantino e um balde de pipocas. Já era a última sequência de Kill Bill quando Jeon notou que Ji Min tinha adormecido; os lábios entreabertos e o cenho levemente franzido por causa da claridade da televisão ligada. O mais novo sorriu e se ajeitou na cama para que Park se aconchegasse melhor ao abraçar seu tronco, levantou um pouco a cabeça viu que Naree também tinha caído no sono com a cabeça próxima aos pés do moreno. Não era nem oito horas da noite, mas o climinha chuvoso daquele sábado estava tão bom que Jeong Guk quis se juntar ao sono dos dois ali em seu quarto, mas se deteve ao olhar Ji Min e começar a reparar em detalhes que antes nunca pensou em como eram naturalmente bonitos.

As pálpebras sempre meio inchadas.

As bochechas geralmente com um rosado saudável, agora, amassadas pelo colchão.

Os fios dos cabelos finos e macios bagunçados sobre o travesseiro.

O som baixo da respiração pesada.

E, principalmente, os lábios cheios e atrativos.

Ji Min sempre foi um garoto fofo aos seus olhos, mas, agora, Jeong Guk passou a nomeá-lo de lindo em seus pensamentos. Tê-lo como namorado se mostrou muito mais diferente do que imaginava ao tê-lo apenas como amigo, óbvio, mas Guk identificava em si próprio tantas sensações antes desconhecidas para com o seu hyung. A cada vez que ouvia o mais velho dizer que o amava, suas mãos tremiam e sua temperatura corporal subia. Sentia, quando retribuía os carinhos mais íntimos e as palavras carinhosas do namorado, que esses sentimentos tomavam outro significado, mais intenso e tangível, em comparação ao início do namoro. Jeon sempre foi muito bem resolvido para si mesmo. Sabia que se fosse para amar e ser amado por alguém não importava gênero, beleza, nacionalidade ou padrão, ele se satisfaria com o sentimento que existisse ali, mesmo que fosse difícil, tinha para si o compromisso de aceitar o amor na forma em que ele se apresentasse, contanto que fosse verdadeiro.

E ver Ji Min ali enrolado em seus braços; o melhor amigo e o cara que nunca pensou em se apaixonar...

— Ei — o hyung cortou sua divagação, abrindo um pouquinho os olhos e logo voltando a fechá-los, ele inclinou a cabeça de forma que ficasse com o rosto escondido no travesseiro — O que pensa que está fazendo? — a pergunta soou abafada, mas Jeon ouviu.

— Observando meu namorado dormir — riu envergonhado e tentando converter seu constrangimento com humor — É romântico, sabia? — a risada engraçada de Ji preencheu o quarto.

— Não, não é nem um pouco romântico! Você anda assistindo dramas demais, Jeong Gukie.

— Claro que é, todo casal acorda de manhã e um observa o outro — defendeu a ideia, continuando a zombar da situação — E depois eles se beijam.

— Não tem nada de lindo em me ver babando e com o cabelo parecendo um ninho de passarinho — bufou — E você nem sonhe em me beijar, deve estar com bafo — uma careta exagerada de nojo passou por sua face.

— É... — deu uma breve pausa antes de concordar: — Você realmente baba enquanto dorme, hyung.

— Ah, tá! E você ronca! — respondeu mal-humorado e virou as costas ao mais novo, se encolhendo em si mesmo tentando voltar a dormir.

— Hyung! Minie! — Guk começou a chamá-lo e cutucar suas costas — Qual é? — continuou irritando o moreno — Ya!

— Aish, Jeon, o que você quer?! — Ji se virou e beliscou de leve o braço do garoto, irritado.

Stay With Me, Baby Onde histórias criam vida. Descubra agora