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Distrito Dong, Busan

2016

A mente de Jeongguk tinha paralisado.

Ele estava sentado sobre o colchão macio da cama de seu quarto, as mãos suadas apoiadas em suas coxas começaram a tremer levemente e ele sentia que havia começado a suar frio, nervoso pelo que tinha acabado de ouvir. Tentou falar, mas sua garganta seca o impediu de soltar qualquer som. Então, ele decidiu fechar os olhos com força, tudo aquilo era demais para processar, era como se ele tivesse entrado em pane e precisasse se reiniciar. Respirou fundo, prendeu a respiração por três segundos contados e soltou o ar vagarosamente; ficou nesse exercício por alguns minutos até sentir um toque frio em sua mão esquerda.

— Tudo bem, Jeongguk-ah, você não precisa aceitar meus sentimentos, só te contei sobre isso agora porque achei que morreria sufocado se continuasse escondendo isso de você — a voz embargada, que o chamou de volta ao momento, era de Park Jimin, seu melhor amigo desde os sete anos de idade, que agora estava ajoelhado no chão do quarto com um olhar dolorosamente arrependido sobre si. Jimin tinha acabado de confessar seus sentimentos ao mais novo. Bem ali, do nada, o Park disparou sobre Jeon a enxurrada emocional do que havia guardado para si durante os três anos que o amou em silêncio — Me perdoa, sim, eu sou um péssimo hyung. Você pode me odiar, com toda a razão, pode me empurrar, pode me xingar, pode me bater... Eu sei que eu mereço, me desculpa — o moreno suplicava ao dongsaeng, agarrando a mão do maior entre suas ainda mais geladas.

— Jimin... — Jeongguk se pronunciou depois do silêncio no qual entrou desde que o hyung se declarou. Tinha permanecido de olhos fechados enquanto Jimin pedia suas desculpas, tinha medo da visão que teria ao olhar para o cara com o qual havia crescido. O mais velho sempre foi seu melhor amigo, seu irmão, nunca poderia sequer imaginar que Jimin sofria sempre que ele aparecia com uma nova namorada ou quando saiam para as festas e Jeon sempre encontrava uma garota para ficar aos amassos.

— E-eu vou embora, está tudo bem, eu já disse. Eu entendo que estraguei nossa amizade com essa... coisa que eu tenho e sinto muito por isso, Jeongguk-ah. Nunca te contei sobre isso antes porque tive medo de perder sua amizade, de te magoar, mas vou entender se você não quiser mais me ver na sua frente a partir de hoje — a voz do Park falhou e o mais novo se obrigou a abrir os olhos assim que percebeu a ausência do toque frio das mãos do outro sobre sua pele, viu Jimin sentado no chão e reparou, pela primeira vez, nas bolsas escuras sob os olhos cansados do hyung. Jeongguk sentiu seu peito apertar, ele era o maldito causador das dores do melhor amigo, aquelas lágrimas que Jimin se empenhava tanto em segurar eram por ele e Jeon quis se bater por conta daquilo — Jeon... só, por favor, tente não me odiar para sempre. Eu nunca fiz por mal, sempre tentei esquecer esse amor, até tentei sair com outras pessoas. Você se lembra?! — Park soltou uma risada triste antes de se pôr de pé.

— Hyung! — Guk passou os dedos pelos cabelos castanhos e fez uma careta desgostosa por perceber o quanto sua voz tinha soado arranhada. Mas ele precisava fazer algo, pois sabia exatamente o que aconteceria se Jimin fosse embora naquele momento; ele perderia seu irmão — Há quanto tempo? Por que só agora? Jimin hyung... olhe para mim — pediu, se levantando da cama e segurando os ombros curvados do moreno. Porém, o Park negou com a cabeça diversas vezes e se permitiu derramar um choro silencioso, sentindo os braços de Jeon o cingindo pelos ombros — Eu não te odeio, hyung — o mais novo se balançou lentamente com Jimin em seus braços, como se estivesse o ninando para fazer com que os soluços parassem.

— Acho que te amo desde sempre — mesmo com a voz abafada, por Jimin estar com o rosto pressionado no tecido de sua camiseta, Jeon pôde ouvir as palavras do hyung se desenrolarem sobre o emaranhado de confusão em que ambos estavam — No começo, quando percebi que tudo o que eu sentia por você estava mudando, os ciúmes, a vontade de sempre estar por perto, a... tristeza, eu não entendia o que estava acontecendo comigo, Jeongguk-ah, pensei que era só instinto de proteção porque você é meu dongsaeng — Park se afastou do abraço e limpou as próprias lágrimas, se sentou na beira da cama e encarou o chão — E logo você estava no primeiro ano e conheceu a Eun Gi, só então eu me toquei de que o aperto que eu sentia no peito era por ciúmes e toda a minha proteção ao seu redor era amor, um amor diferente do de irmãos. Eu me achei um cretino por isso, um desgraçado por trair sua confiança e a nossa amizade. Eu tentei, Jeon, eu te juro que tentei! — levantou o olhar e procurou demonstrar o quanto falava a sério em suas juras — Eu fiquei com tantas pessoas diferentes, beijei todas elas pensando em você, imaginando que aquilo só seria bom se fosse com o cara que eu amo junto comigo — bufou, perturbado, bagunçando os cabelos com as mãos — Me desculpa, mas nada disso deu certo.

Stay With Me, Baby Onde histórias criam vida. Descubra agora