Capítulo 1

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  Breno andava de um lado para o outro na sala de seu apartamento enquanto esperava sua melhor amiga chegar.

  Paula e Breno se conheciam desde crianças, seus pais eram muito amigos, transmitindo essa amizade para os filhos também. E anos depois, quando Breno resolveu ir morar sozinho, ele comprou um apartamento ao lado do que Paula havia comprado um ano antes.

  - Cadê essa mulher?- ele olhava para o celular esperando algum sinal.

  Um toque na porta foi ouvido e Breno correu para atender.

  - Até que enfim!- falou olhando para sua amiga.

  - Eita! Tá bravo?- ela perguntou rindo.

  - Você gosta de se atrasar né?- ele revirou os olhos.

  - Desculpa, Xenon, não tava conseguindo achar minha blusa- Paula falou enquanto ela já iam pra a garagem.

  - Claro, né? Vive naquela bagunça, não sei como aguenta- falou entrando no carro.

  - É na sua casa por acaso?

  - É na minha também!- exclamou e Paula começou a rir.

  - Tá nervoso demais, não pegou ninguém, não?- Paula disse zoando Breno que apenas a olhou com cara feia.

  - Você não presta!- exclamou e Paula mandou um beijo para ele.

  Breno deu partida no carro indo até o restaurante que jantariam nessa noite. O lugar havia inaugurado no dia anterior e como Breno não sabia cozinhar e era amante de restaurante, resolveu chamar sua amiga para o acompanhar naquela noite.

  - Lugar bacana- Paula disse enquanto eles entravam no local.

  - Bonito mesmo.

  Como havia inaugurado há muito pouco tempo, o lugar estava quase lotado, apenas uma mesa estava vaga e foi lá que eles se sentaram.

  - Que tipo de comida eles vendem aqui?- Paula perguntou.

  - É a minha primeira vez também- Breno falou frio.

  - Nossa, quanto amor! Tá bravo ainda?- ela o olhou.

  - Não me olha desse jeito, é injusto- ele sempre teve um fraco pelo olhar penetrante da morena.

  - Então desfaz essa cara, vai. Nós estamos aqui comemorando, não precisa ficar com a cara fechada- ela tentou convencê-lo.

  - Comemorando o que exatamente?- Breno perguntou com a sobrancelha arqueada.

  - A inauguração do restaurante- Paula falou rindo e Breno não conseguiu segurar sua risada também.

  - Você é muito besta!

  - E você me ama!- falou de maneira convencia.

  Lendo o cardápio eles descobriram que o restaurante era vegano, então optaram por pedir a sugestão do chef que, pelos nomes, parecia o mais agradável.

  - Se eu soubesse que era vegano não tinha nem vindo- Breno disse quando o garçom se retirou.

  - Deixa de ser ranzinza, tá ficando igual sua irmã já!

  Paula e Bruna sempre tiveram problemas uma com a outra e o motivo disso era porque o primeiro namorado de Bruna foi o ex de Paula que ficava fazendo graça sobre isso.

  - Não fala da minha irmã- Breno falou segurando o riso.

  - Depois daqui vamos para uma baladinha comigo?- Paula sugeriu para o amigo em sua frente.

  Paula sempre foi uma mulher de balada. Desde que fizera dezoito anos ela passou a frequentar as noites por quase todos os dias, e como era uma mulher muito sedutora e que adorava paquerar, quase nunca engatava em um relacionamento sério com os homens com quem saia.

  - Você é chata, hein?

  Breno já era o contrário da amiga. Odiava sair à noite, sempre foi muito mimado pela mãe o que o tornou um homem muito fechado em relação à isso, sempre acatando tudo que a mãe dizia ou pensava.

  - Ah, qual é, Breno? Você já tem 25 anos, tá na hora de sair da barra da saia de sua mãe.

  - Eu nem moro com ela- respondeu.

  - Mas você faz tudo que ela e seu pai mandam- Paula arqueou a sobrancelha.

  - Não faço!- retrucou.

  - Breno, você nunca beijou na boca porque, lá no passado, seu pai fez a promessa que se o Cruzeiro ganhasse você não ia beijar até os 30 anos de idade.

  - Mas eu não posso quebrar a promessa.

  - A promessa nem é sua. Seu pai deveria ter feito pra ele ficar sem beijar na boca. Agora você é esse homem recluso e que não sabe aproveitar- Paula falou.

  - Eu sei aproveitar e não sou recluso!

  - Tudo bem, Breno! Mas eu ainda acho uma besteira você se privar das coisas por causa dessa palhaçada- Paula se deu por vencida.

  O prato deles chegou e ambos começaram a comer.

  - O que aconteceria se você quebrasse a promessa?- Paula voltou ao assunto.

  - Sei lá, talvez o Cruzeiro nunca mais ganhasse nada- Breno respondeu.

  - Você sabe que isso é besteira, né?- ela disse e ele abaixou o olhar- Nem religioso seu pai é, prometeu pra quem?

  - Eu não sei, tá legal? Ele fez a promessa e eu cumpro porque eu gosto de seguir as regras, tá bom pra você?- Breno estava claramente irritado.

  - Não tá mais aqui quem falou- Paula levantou as mãos em forma de rendição e eles seguiram comendo.

  Terminaram de jantar em silêncio e logo dividiram a conta como sempre faziam. Foram para a casa, dessa vez com Paula na direção que partiria dali direto para uma balada.

  - Entregue- única palavra dita depois de um bom tempo.

  - Sereia, me desculpa vai! Eu só fiquei irritado, não gosto de ficar me explicando- falou olhando para a morena em seu lado.

  Breno chamava Paula de sereia desde que eram crianças. A moça sempre foi muito ligada à história de sereias, adorava contar para o amigo e enrolava lençóis nas pernas dizendo que era uma sereia e seu amigo era o pescador. Era a brincadeira mais divertida ao ver dela que passou a ser a dele também.

  - Me desculpa você. Eu tenho essa mania de questionar tudo- Paula também olhou pra ele.

  - Te amo, Sereia- ele sorriu.

  - Eu também, Xenon- ela abraçou o amigo.

  Paula sempre teve dificuldade para falar as palavras 'eu te amo', então sempre que seu amigo ou qualquer pessoa de sua família as falava ela respondia com 'eu também'.

  - Boa festa, vê se não vem dirigindo bêbada- o loiro disse preocupado.

  - Provavelmente eu deixe lá no estacionamento e volte de aplicativo ou pegue carona- Paula tranquilizou ele.

  - Tá, se cuida!- ele beijou o rosto de sua amiga e saiu do carro.

  Paula partiu para o lugar onde ela afogava toda e qualquer mágoa e extravasava seu estresse com bebida e paquera.

Never Be The SameOnde histórias criam vida. Descubra agora