Capítulo 39

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  Breno e Paula se olharam com feições estranhadas.

  - Você perdeu a sensibilidade da bexiga durante a gravidez?- Breno tentou ser o mais delicado possível enquanto sentia sua bermuda encharcada pelo líquido que havia saído da amiga.

  - Não, eu vou ao banheiro normalmente, não faço xixi na calça- disse calmamente- Não foi isso o que aconteceu.

  - O que foi então?- perguntou curioso.

  - A bolsa rompeu- ela falou.

  - Como assim?

  - A bolsa, Breno, nossa filha vai nascer!- quando a ficha dela caiu ela se desesperou.

  Paula se levantou do colo de Breno rapidamente.

  - O que eu faço?

  - Pega a nossa mala, precisamos ir para o hospital- Paula disse respirando fundo e tentando se acalmar.

  Breno se levantou do sofá e correu para pegar a mala das duas. Como foram pegos de surpresa, acabou que nem se importaram em trocar de roupa. Ambos foram para o carro e logo já estavam no hospital.

  - A bolsa dela rompeu- Breno disse afoito para a recepcionista.

  - Está tendo contrações?

  - Não- foi só Paula terminar a palavra que uma grande dor a invadiu, fazendo um grito sair de sua garganta- Agora sim- ela pressionava a barriga com as mãos.

  Um enfermeiro chegou com uma cadeira de rodas e logo Paula e Breno estavam na sala da médica.

  - Já vai tirar ela?- o loiro olhava assustado enquanto a médica analisava sua companheira que gritava a cada contração que sentia.

  - Não, a dilatação dela é apenas de dois centímetros, não tem como o bebê passar aqui.

  - O que tem que fazer então?- Breno segurou a mão de Paula que apertava fortemente.

  - Temos apenas que esperar, não vai ser possível realizar o parto agora- a doutora parou de analisá-la e olhou para Breno.

  - Mas ela está morrendo de dor.

  - Relaxa, tudo vai ficar bem.

  Com o passar do tempo as contrações aumentaram a frequência, fazendo a morena ficar fraca de tanta dor.

  - Eu não vou aguentar- Paula sussurrou para Breno.

  - O que?- ele olhou assustado para o rosto pálido da amiga- Doutora, faça alguma coisa, por favor!- ele implorou.

  - Não há o que fazer, nós- a médica foi interrompida por um último grito de Paula que a levou ao desmaio.

  A mulher se aproximou de Paula e começou a examinar ela, logo indo até o meio das pernas da morena. Ela apertou um botão que tinha ao lado da cama e logo dois enfermeiros e um anestesista chegaram no quarto.

  - Ela desmaiou. Está apenas com três centímetros de dilatação, mas o bebê já está em posição para nascer, não podemos esperar mais. Vamos ter que fazer uma cesariana- a médica falou para os companheiros.

  - Mas ela queria parto normal- Breno disse nervoso por não estar entendendo muito bem o que acontecia.

  - Infelizmente não será possível, senhor! Sua namorada está com o corpo muito fraco e com a dilatação muito pequena para o parto ser normal, nós precisamos fazer uma cesariana. O senhor quer acompanhar?

  Breno não conseguiu responder nada, então como eles tinham que levar Paula rapidamente para o centro cirúrgico pois a demora poderia por ela e o bebê em risco, consideraram o silêncio do homem como um 'não' e partiram para a sala sem ele.

  - Merda!- Breno falou alto após retomar a consciência e ver que não havia acompanhado a companheira.

  Ele foi tentar achar um jeito de entrar lá, mas como tudo já havia sido iniciado, não poderia haver uma interrupção. Breno se sentou na sala de espera e pegou seu celular para avisar os familiares.

  - Alô?- Kelly atendeu.

  - Oi, tia!

  - Oi, meu filho, aconteceu alguma coisa?- perguntou.

  - Sim, a bolsa da Paulinha rompeu e ela está no hospital prestes a parir nossa filha- disparou a frase assustando Kelly.

  - Como assim? Eu to indo aí agora!- desligou o celular.

  Breno ficou um tempo ali até que Kelly e Luiz chegaram.

  - Breno, cadê minha filha?- Kelly perguntou.

  - Ela foi levada pra sala de cirurgias- ele explicou.

  - Como assim, o parto não seria normal?

  - Ela tava com muita dor e acabou desmaiando, e a médica disse também que a dilatação dela tava muito pequena.

  - Minha filhinha!- ela se sentou na cadeira e pôs a mão no peito.

  - Calma, amor, nossa filha é forte, vai ficar tudo bem- Luiz consolou a esposa acariciando seu braço- Mas por que você não entrou?

  - Eles perguntaram se eu queria ir, mas eu tava tão em choque com o que estava acontecendo que não consegui responder nada, então eles foram sem mim- explicou.

  - Ela fez algum esforço hoje? Por que a bolsa rompeu?- Kelly perguntou.

  - Nada, a gente só estava arrumando o quarto e a bolsa da Julinha, aí quando sentamos no sofá a bolsa dela rompeu- Breno ainda estava muito nervoso, principalmente por não ter recebido informações da amiga.

  Uma enfermeira passou e Breno rapidamente foi até ela, reconhecendo que ela estava junto no quarto de Paula.

  - Pode me dizer como a Paula está?

  - O parto ainda está em processo, infelizmente não tenho mais nenhuma informação, senhor- ela respondeu.

  - Obrigado!- ele voltou a se sentar.

  - E aí?

  - Ainda tão fazendo o parto. Como eu fui burro!- se xingou.

  - Filho, não fica assim, é normal no primeiro filho- Luiz consolou Breno- No nascimento da Paula, eu só entrei na sala porque a Kelly não largou minha mão por nada se não ia acontecer o mesmo que aconteceu com você.

  - Eu to preocupado e feliz ao mesmo tempo. Preocupado com a saúde da Paulinha e muito feliz que vou finalmente conhecer minha filhinha- Breno falou sorrindo.

  - Eu sempre gostei muito de você, rapaz, tenho certeza que será um grande pai para a minha netinha.

  - Eu vou dar o meu melhor, pode ter certeza!

  Passou mais um longo tempo e durante ele todos ficaram em silêncio. Breno roía a unha de nervosismo, Luiz tentava se manter firma, mas por dentro estava uma pilha de nervos, e Kelly rezava baixinho pedindo para que sua filha e sua netinha saíssem daquela sala bem.

  Quando os três menos esperavam, a médica de Paula apareceu em frente à eles.

  - E aí, doutora?

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