- Paula, eu vou dar uma saída- Breno falou para a namorada enquanto ela brincava com a filha no chão.
- Tá bom- foram as únicas palavras que ela disse.
O casal já estava há três anos juntos, mas Breno começou a sentir uma certa insegurança sobre o que Paula sentia por ele. A morena não se declarava e nem falava nada quando ele o fazia, deixando o homem cada vez mais inseguro sobre ela. Era nítido a confusão que ela tinha com seus sentimentos e as vezes, quando estava quase expondo o mínimo que fosse, partia para uma frieza sem tamanho que fazia o namorado evitar de falar qualquer coisa.
- Não vai perguntar onde eu vou essa hora da noite?- ele olhou o relógio vendo que já marcavam 22:00 horas.
- Não sou sua mãe- ela riu e seguiu brincando com a filha.
- Olha, mamãe!- a menina ainda não tinha a dicção perfeita, mas já falava mais palavras que o comum para a sua idade.
- Que lindo, filha!- Paula sorriu olhando os rabiscos que a menina havia feito.
- Eu vou indo então- se sentiu excluído no momento e saiu do local.
Por mais que Breno convivesse diariamente com a namorada e com a filha, era nítida a maior proximidade que a menina tinha com Paula. Desde que era um bebezinho, apenas a mãe era capaz de acalmar ela e, já com três anos de idade, quando tem suas crises apenas Paula consegue domar a ferinha. O loiro achava lindo isso, até que começou a se sentir excluído daquele momento familiar. A primeira palavra da filha havia sido "mama", direcionado a Paula, seus primeiros passos foram tentando chegar na mãe e Breno ficava encantado, mas logo começou a ver que talvez não fosse tão bom assim.
Ele partiu para a casa de Bruna, que recentemente havia ido morar com o namorado, e, chegando lá, a irmã já o esperava com a porta aberta.
- Que bom te ver!- ela abraçou o irmão.
- To precisando do seu colo.
- O que foi?- ela olhou preocupada para ele.
- Cadê seu namorado?
- Ele já tá dormindo, vamos conversar ali na sala- Bruna pegou a mão do irmão e o guiou até o sofá- O que tá te afligindo?
- A Paula- ele suspirou- Eu to me sentindo um pouco inseguro no nosso relacionamento.
- Mas por quê? Você acha que ela tá aprontando alguma coisa?
- Não, na verdade eu nunca pensei nisso, mas é que ela mudou um pouco desde o início do nosso relacionamento- constatou.
- Todo mundo muda, Breno!
- Mas não dessa forma. Antes, mesmo que não falasse nada, ela tentava ao máximo retribuir o carinho que eu tinha com ela, agora parece que não se importa mais.
- O que aconteceu?
- Nada concreto, só parece que a nossa relação deu uma esfriada, sabe? Parece que não tem mais a paixão do início.
- Você gosta dela?- Bruna questionou.
- Eu amo a Paula e a Júlia mais que tudo na minha vida!
- E ela? Ela te ama?
- Não- falou frustrado- Mas antes ela falava que era apaixonada por mim, agora nem isso mais acontece.
- Eu consigo ver no seu olho que não é só isso.
- Tem a questão da Júlia também- suspirou.
- O que aconteceu?
- Parece que a minha filha não gosta de mim.
- Para de bobeira, Breno! A menina tem só três anos e é óbvio que ela te ama, nunca duvide disso!
- Mas é nítida a preferência dela por Paula. Às vezes parece que ela só me chama de 'papai' porque a Paula ensinou.
- É normal os filhos serem mais próximos das mães, afinal, ela carregou a Julinha na barriga por meses- a irmã o consolou- Nunca duvide do amor da sua filha, Breno, é até pecado isso!- o repreendeu.
- Eu sei!- seus olhos de encheram de lágrimas- Eu amo aquela coisinha loirinha, mas eu me sinto mal de me sentir um intruso dentro da minha casa- ele deu uma pausa e riu sem humor- Nem minha a casa é já que minha namorada tá há três anos me cozinhando e nunca me convidou pra morar com ela.
- Talvez ela nem se ligue nessas coisas, Breno. Vocês já estão praticamente morando juntos, única coisa que não aconteceu foi você levar suas coisas pra casa dela.
- A Paula liga pra tudo! Com ela é sim ou não, se ela quer, ela fala, se não, deixa quieto. Conheço a namorada que tenho.
- Eu queria fazer uma ressalva sobre o assunto dos sentimentos dela. Você melhor do que ninguém sabe o que essa menina sofreu por aquele ex-namorado dela. Nós não sabemos metade do que aconteceu, mas você, como melhor amigo dela na época, deve ter ouvido detalhadamente a história. Deveria entender o porquê de ela se privar de demonstrar sentimentos, o porquê de ela não se abrir- Bruna acariciava o cabelo do irmão que derramava algumas lágrimas.
- Bruna, a gente já tá há três anos juntos! Não são três meses, são três anos! Não é possível que ela ainda não se sinta confortável em se abrir comigo.
- Cada um tem seu tempo, Breno. Não cobre ela sobre isso.
- Eu só queria ser amado pela mulher que eu amo, é pedir demais?- ele tinha cara de cãozinho abandonado e aquilo apertou o coração da irmã.
- Eu poderia te aconselhar a terminar com esse relacionamento já que você está tão inseguro com sua parceira, mas eu não vou fazer isso pois é nítido que ela também gosta de você, só que ela precisa do tempo dela pra se abrir.
- Espero que não demore porque eu não vou esperar por ela a vida inteira.
Bruna negou com a cabeça decepcionada ao ouvir as palavras do irmão, mas decidiu não falar nada pois, no estado que o homem estava, ele não ouviria uma palavra sequer de consolo que ela desse.
- Quer dormir aqui em casa?
- Não, eu vou pro meu apartamento- ele fungou e limpou as lágrimas.
- Breno, pensa direitinho sobre tudo que nós combinamos, não vai fazer nada de cabeça quente e pense sempre na sua filha e no amor que ela sente por você.
- Pode deixar, vou tentar esfriar a cabeça e pensar melhor- ele se levantou do sofá e deu um forte abraço na irmã- Obrigado por me ouvir!
- Quando quiser, é só aparecer- eles separaram o abraço e Breno foi embora.
Ele viu que já eram 2:00 da manhã e entrou em silêncio sabendo que a namorada e a filha já dormiam. O loiro foi até o quarto e se deparou com a morena dormindo abraçada a filha na cama, rodeadas de travesseiro sem deixar um mísero espaço para ele. Seu coração apertou ao ver aqueles rostos tranquilos que ele tanto amava, mas já estava começando a se decepcionar com a parceira.
Breno saiu do apartamento de Paula e foi para o seu. Ele tomou um banho frio, mandou uma mensagem para a namorada avisando que dormiria em seu próprio apartamento e se deitou em sua cama para pensar em tudo que havia conversado com Bruna. Breno pensou tanto que chegou até a ficar com dor de cabeça, mas chegou a uma conclusão, se a morena não mudasse o seu comportamento, ele seria obrigado, pelo bem de sua saúde emocional, a pôr um fim no relacionamento com Paula.
•Últimos capítulos•
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Never Be The Same
FanfictionPor conta de uma promessa feita por seu pai no passado, Breno nunca havia se relacionado com uma mulher, mas havia uma pessoa que lhe despertava o desejo de quebrar essa promessa: sua melhor amiga.