C.3

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       Sustentei seu olhar intenso, que deixaria qualquer pessoa intimidade. Ainda segurando o caderno na sua direção, MacTerry se acomodou na cadeira, apoiando ambos os cotovelos nos braços de madeira e entrelaça os dedos longos.

- Eu disse que daria a você apenas uma coisa. Não tudo o que você quisesse. – Disse com uma voz estranhamente mansa. – Não sou um idiota em fazer isso, por causa de uma droga de exame escolar.

- Claro que você disse. – Voltei a abraçar o caderno. Enviei-lhe um sorriso simples. – Suas palavras exatas foram: Claro. Eu dou tudo o que você quiser. E o que eu quero, é um aglomerado de pequenas coisas.

       MacTerry ficou pensativo, como se estivesse se lembrando da conversa que tivemos no estacionamento. Seus olhos negros se voltaram para mim lentamente. Mantive minha postura e analisei seu rosto com cuidado. Não posso negar sua beleza selvagem, e que atrai meu instinto primitivo.

- O que vai ser? Ainda temos um acordo? – Perguntei, começando a me sentir incomodada e nervosa com o silêncio a nossa volta e seu olhar penetrante sobre mim.

- Não. – Respondeu friamente, mas a expressão em seu rosto, seu maxilar tensa e sua respiração curta, revelava a sua hesitação e insegurança com aquela decisão.

       MacTerry está tentando jogar comigo e se ele me conhecesse de verdade, saberia que não tem nenhuma chance de vencer esse jogo.

- Tudo bem. – Aceitei sua decisão e comecei a organizar minha mochila. – Boa sorte com os estudos. Tenho certeza que você vai se sair muito bem sozinho – sorri para o garoto sério. – Ou talvez não.

       Comecei a andar, deixando um MacTerry carrancudo para trás. Não posso deixa-lo pensar que está no controle da situação, como sempre está acostumar a estar. Ele precisa de mim, precisa do meu conhecimento e minha ajuda. Eu sou sua única chance de passar nos exames de biologia avançada, se não, ele teria contratado qualquer professor particular para lhe dar aulas.

- Por que você tem quer ser tão teimosa? – Cedeu por fim. Segurei a risada e me virei na sua direção. Ele me olhou como se tivesse cansado. – Tudo bem, você venceu.

       Aproximei-me rapidamente e desfiz a mochila. MacTerry suspirou fortemente e pegou uma das anotações. A alegria em meu peito parecia que iria explodir, contive minha animação e me foquei em explicar o primeiro assunto da tarde. Só temos quarenta minutos de almoço, e essas aulas consumirá meu único tempo livro do colégio, não me importei. Principalmente com tudo o que irei fazer com a ajuda do MacTerry.

- Alguma pergunta? – Questionei sem encara-lo. Comecei a arrumar minhas coisas, preciso me preparar para a aula de educação física.

- Por incrível que pareça, não. – Respondeu suspirando longamente. MacTerry se espreguiçou ao levantar. – Odeio isso. – Resmungou, arrancando-me uma risada.

- Não é tão ruim quando você se acostuma. – Contei, colocando a mochila nas costas e o encarando. – Vamos nos encontrar depois das aulas? – Ele franziu as sobrancelhas escuras com minha pergunta.

- Por quê? – Sua voz se tornou densa. MacTerry passou os dedos nos cabelos curtos e depois coçou o pescoço pálido.

- Para você me levar para jantar. – Falei deixando-o inquieto. Ele tossiu e me olhou de modo estranho.

- Eu deveria saber que você era uma delas. – Disse como se estivesse decepcionado.

- Uma delas? – Repeti confusa.

- Eu vou ser direto. Você até que é bonitinha, quando não está sendo uma garota certinha que acha que vai ganhar uma medalha de ouro por sua educação exemplar e sua boa postura. Mas agora, com toda essa pressão, eu não tenho nenhum interesse de ficar com você. Quem sabe quando tudo isso terminar, podemos nos divertir um pouco.

Querido, doce DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora