Feridas

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Na madrugada do dia seguinte ás 3:15 da madrugada.

Olho para os lados mais uma vez tentando achar Albert, já estou esperando a dez minutos ou quinze. Ouço passos a direita e é ele, está com uma mochila enorme nas costas, quase maior do que a minha, mas não chega a ser.
- Você tem certeza mesmo que quer fazer isso Anelise? É arriscado pra caramba. - Diz ele com uma expressão de preocupação.
- Albert me deixa ir só, por favor, olha se você se machucar eu nunca...
- O fato não é eu me machucar Anelise, mas sim você, sou eu aqui que estou protegendo você - Diz ele me interrompendo num tom meio áspero.
- Aah talvez eu nem devesse...
- Se você não me chamasse iam notar logo o seu sumiço e eu ia ser o primeiro a ir atrás de você. - Diz ele tirando a mochila e colocando-a no chão e eu fico calada não tem mais muito o que falar. Ele pega os trajes e vejo que são os trajes velhos, Manfred já havia feito um modelo novo que eram bem mais leves.
- Sério? Os velhos? - Resmungo.
- Você queria ter o risco de que nos descubram e venham atrás de nós logo cedo? Manfred ainda está testando os outros trajes ele ia notar o sumiço ao abrir os olhos. - Responde ele fuçando a mochila e deixando os trajes no chão, eu pego um e coloco ele, só espero que a roupa que estou por baixo venha aquecer um pouco mais do frio que o traje não consegue.
- E os relógios de sobrevivência? - Pergunto e ele tira os relógios da mochila e me mostra.
- Fiz meu melhor, não tenho tanto dom pra isso. - Diz ele fechando a mochila, após isso ele coloca o traje e guarda o relógio de sobrevivência. - Vamos logo Anelise. - Diz ele andando e eu percebo sua preocupação, sem os apelidinhos dele chega ser até estranho, mas é uma missão perigosa, vou ter que aguentar ele ser rude porque sei que ele está nervoso.
Chegamos na porta de saída do bunker.
- Você tem certeza? - Ele diz fixando os olhos em mim sério.
- Não sei e você? - Pergunto o encarando preocupada também.
- Nenhuma. - Ele fala, segura na minha mão e abre a porta do bunker, vejo sua expressão que continua do mesmo jeito então entrelaço meus dedos nos seus e ele aperta minha mão.
- Haja o que houver fique perto de mim. - Diz ele em um tom sério.
- Eu vou tentar - Acento com a cabeça e ele solta minha mão e se coloca para o lado de fora da porta do bunker com muito esforço e quando já está lá fora me dá a mão e eu a seguro e me jogo para fora do bunker.

+++

Ao chegar ao castelo de Nevaska já a noite eu e Albert nos entreolhamos.
- O que quer fazer mesmo com ela? - Ele pergunta.
- Eu pretendo rende-lá e fazer ela descongelar o reino. - Digo pegando minha espada e tirando-a da bainha.
- Está bem, você sabe que ela tem poderes e pode acabar com a gente em um minuto. - Diz ele num tom sarcástico.
- Não precisamos fazer isso de uma vez, vamos entrar de fininho e ver onde ela estar e esperar até ela ficar distraída e aí pegamos ela e fazemos ela fazer o que tem de fazer. - Digo fixando os olhos no castelo.
- Ótimo, seja o que Deus quiser - Diz Albert jogando a cabeça para a esquerda começando a andar em direção ao castelo.
Depois de pouca caminhada chegamos a entrada que por acaso está aberta já que ela não precisa de tanto para se defender, a entrada é meio cavernosa e escura, quanto mais entramos mais escuro fica e ao chegar dentro do castelo é mais escuro ainda.
- Toma cuidado Anelise, não desgruda - Diz Albert susurrando com a espada na mão.
- Aonde será que ela está? - Pergunto armada olhando para os cantos.
- Que tal aqui - Diz uma voz feminina ao meu canto, eu olho e é ela. - Pensei que já tinha dado uma lição a vocês depois da última vez. - Ela cria uma espada de gelo bem pontuda com as mãos.
- Não precisa de muito, estamos só nós dois aqui, é jogo limpo. Eu quero que você descongele o reino. - Digo dando voltas com ela pela sala de entrada.
- Acho que isso não será possível? - Diz ela em um tom calmo e um sorriso sarcástico.
- Por quê? - Pergunto com ferocidade.
- Porque eu não quero. - Diz ela fechando a cara.
- Então isso vai ser resolvido entre nós duas. - Eu giro a espada e vou em direção a ela e ela faz o mesmo.
Nossas espadas se batem e vejo que nossa força é quase igual, mas percebo que ela tem um pouco mais de força do que eu, minha espada está indo um pouco para trás então eu me jogo para o lado batendo minha espada em sua espada de canto e a espada dela vai para o lado. Eu seguro firme minha espada e jogo de lado sobre a barriga dela, mas ela desvia e depois eu faço o mesmo só que tentando acertar a cabeça dela mas ela desvia em um giro.
- Anelise vergisst nicht, dass wir sie noch nicht töten werden, wir brauchen sie.
(Anelise não esquece que não vamos matá-la ainda, nós precisamos dela.) - Diz Albert de canto e ele tem razão nós precisamos dela, talvez se eu matar ela o reino fique congelado para sempre.
Ela se atira sobre mim tentando acertar meu pescoço e eu abaixo e vejo que ela não ficou muito feliz de eu ter me esquivando, ela vem com a ponta da espada contra minha barriga e eu dou um pulo para trás e depois ela gira umas três vezes e eu só vou me afastando, no último giro ela se atira sobre mim e eu tento desviar virando para o lado, sinto a espada rasgar meu braço, olho para meu braço e ele está com um rasgo grande pingando sangue, sinto meu rosto corar de raiva.
- Tá já chega! - Digo em fúria e eu chuto seu quadril fazendo ela se esgueirar para a esquerda segurando o quadril com dor, eu me aproximo e ela tenta se afastar e percebo que o golpe que dei em seu quadril deu uma boa dor porque ela ainda segura meio abaixada, então eu jogo meu corpo no chão fazendo-o girar e acertar a canela dela e ela cai, então eu me levanto rapidamente e ela está caída na parede com dor, eu pego minha espada e jogo sobre a sua fazendo a dela cair no chão, ela tenta pegar mas eu chuto a espada para longe, acho que agora essa luta acabou.
- Descongela o reino - Digo vendo ela encostada na parede.
- Não - Diz ela com uma expressão de raiva, ela joga uma rajada de gelo sobre mim e eu me desvio.
Enquanto estou distraída com a rajada ela pega a espada com a perna boa e se levanta com a espada na mão, eu seguro firme minha espada e ela joga mais uma rajada de gelo sobre mim e eu me desvio.
- Agora isso é entre dois. - Diz Albert vindo com a espada pra cima dela.
Ele pega ela por desprevenido e acaba fazendo um corte em seu braço. - Você usa sua espada e seus poderes então você tem dois pra suportar. - Diz ele com raiva.
Ela joga uma rajada de gelo sobre Albert e ele se abaixa, ela vem com a espada contra meu pescoço e eu tento me desviar, mas acaba rasgando meu ombro, ela vê que me feriu e joga a espada sobre meu peito mas eu desvio jogando minhas costas para trás. Albert tenta lançar a espada sobre sua cintura, mas ela desvia e chuta ele fazendo-o bater as costas na parede, ela vem contra mim e nossas espadas se batem de novo voltando a nossa disputa de força, mas então ela gira e chuta minha cara me fazendo ir para o lado com a mão no rosto, enquanto estou distraída com meu rosto ela chuta minha barriga me fazendo ir para trás, estou já quase ficando contra a parede, quando olho ela tenta chutar meu calcanhar mas eu pulo e sinto minha barriga queimar de dor depois do pulo, ela dá uma cotovelada em meu peito e agora sim estou contra a parede, meu corpo está todo dolorido, tento segurar a espada mas ela joga a espada contra minha mão deixando um corte bem no meio dela, mas eu jogo ela para trás para ela não conseguir fazer um machucado pior, tento continuar segurando a espada mas minha mão queima. Ela levanta a espada contra minha barriga e vejo Albert quase no fim da sala olhar para mim com um olhar de desespero e tentar correr até mim, parece que está tudo em câmera lenta, eu sei que ele não vai chegar a tempo e eu não vou recuperar minhas forças em um segundo, só espero que Mayla consiga entender a importância de descongelar o reino, mas sei que ela vai ser uma boa rainha, afinal ela já é, só sei que agora eu aceito meu destino, vendo a espada ficar cada vez mais perto eu fecho os meus olhos e agora eu compreendo o sentimento de não vá, era Deus me avisando que isso não ia dar bem, mas agora só me basta aceitar as consequências eu coloco mais força em meus olhos, não vou conseguir olhar para espada entrando e em meio a todos os elementos lentos sobre minha audição eu escuto uma voz diferente gritando:
- ANELISE SAI DAÍ. - Não parece que é a voz de Albert, mas talvez seja só impressão minha, escuto a espada entrando, mas não estou sentindo dor nem estou caindo inconsciente, eu abro meus olhos e tem alguém a minha frente e eu reconheceria esses cabelos loiros em qualquer lugar: Klaus.
Eu grito e quando saio da parede ele cai com a mão no lado da barriga que está sangrando.
Eu pego minha espada mesmo com a mão queimando e soco a cara de Nevaska e depois chuto ela na barriga, ela cai pra trás e antes que caia eu dou uma cotovelada em seu rosto e ela fica inconsciente, seguro firme minha espada com o sangue pigando das minhas mãos e aponto contra ela, mas antes que eu jogue, Albert grita:
- ANELISE! NÃO O REINO, O REINO ANELISE - Eu olho para trás e ele está ali com Klaus, eu não queria escuta-lo a imagem de Klaus ali só me dava mais raiva, mas de novo algo me repreendia dizendo: não, não faça isso.
- Está bem, não vou te desobedecer de novo - Digo baixinho para que só eu possa ouvir, lágrimas começam a cair dos meus olhos, meu coração está ardendo, mas eu corro até Klaus.
E lá está Klaus com os olhos ainda abertos, vejo seus batimentos e eles estão ficando fracos, vamos levar quase um dia para voltar ao bunker e ele já está morrendo agora.
O que eu fiz? Os meus atos tiveram consequências e hoje eu vejo elas e elas doem em mim agora, mas agora é só um milagre pra ajudar a gente.

Pois não faço o bem que quero, mas justamente o mal que não quero fazer é que eu faço.
Romanos 7:19

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