Pouco mas recuperado

13 2 0
                                    

Reino de Blaueskönigreich após o descongelamento de Mayla

Acordo na tenda com Mayla ao meu lado, ela ainda está num sono profundo, depois de todos esses anos congelada é claro que ela não estaria no melhor estado de saúde. Todos concordarmos que iríamos voltar de manhã porque já era noite quando descongelamos Mayla e eu estava ferida, Schmidt teve que dar alguns pontos na minha bochecha com os primeiros socorros porque ela não parava de sangrar, mas no final ficou tudo bem, com o tempo a dor foi surgindo, eu estava tão empolgada com Mayla que até havia esquecido que tinha me machucado, conforme o tempo foi passando a dor se tornou costumeira e suportável. Não deu para trocar muitas palavras com Mayla ainda, porque depois que tínhamos finalmente montado nossas tendas ela desmaiou e acordou uma série de vezes na tenda, ela sempre voltava a cair em um sono profundo. Jürgen não queria nem sequer sair do lado dela, mas consegui convencê-lo a ir descansar dizendo que eu Sofie e Leona cuidaríamos bem dela. E aqui estamos nós, já amanheceu e como de costume eu sou a primeira a acordar, as meninas ainda estão dormindo, olho o relógio para ver o horário, agora são 6 horas da manhã, nem vou me dar o trabalho de olhar o relógio de sobrevivência, Manfred marcou que temos dias ainda e nós só precisamos de no máximo dois, em caso de um imprevisto três. Eu me levanto dou mais uma olhada em Mayla que está em sono profundo ainda e saio da tenda. Olho para o céu e está quase clareando, o Sol está quase a mostra, mas a lua também está a mostra, com seu brilho desaparecendo na manhã, mas ainda se pode vê-la ir embora. Ouço alguns passos atrás de mim.
— Você tem uma certa mania de acordar cedo não tem? — É a voz de Albert que vem chegando perto.
— E você não está acordado também? — Digo olhando para trás, não conseguindo evitar um sorriso.
— Isso foi só uma observação. — Diz ele se colocando ao meu lado e me oferecendo um sanduíche, percebo que ele também está com um cobertor enrolado nas mãos. Eu pego o sanduíche.
— Como assim observação? Que eu saiba você nunca viu eu acordar cedo e obrigada pelo sanduíche. — Dou uma mordida e é um sanduíche de queijo, tomate e presunto.
— Eu vejo você acordar cedo na cabana, Manfred me acorda com as experiências que faz de madrugada e eu sei que não vou dormir mais, aí acabo acordando de uma vez e indo comer. — Disse ele forrando o cobertor no chão, ele se senta em cima de uma parte do cobertor, depois olha para mim e oferece com mão a outra parte ao lado dele e eu me sento.
— Sabe que isso daqui vai molhar por causa do gelo não sabe? — Digo a ele ainda sorrindo.
— Eu sei, mas daqui a pouco vamos sair, então nem ligo. — Diz ele sem preocupação e eu assento com a cabeça e dou mais uma mordida no sanduíche.
— Mas então, devia se orgulhar do seu irmão, ele faz muito pelo reino, muita coisa que temos hoje é por causa da ajuda dele. — Digo o olhando.
— Quem disse que eu não me orgulho, Manfred é genial, mas eu só estou reclamando do barulho que ele faz, acho que vou pedir para ele me inventar um tapa ouvido super potente para ver se abafa o barulho das bugigangas dele. — Diz ele sorrindo para mim e isso soa brilhante até para mim.
— Brilhante! Como nunca pensei nisso quando queria dar um tempo para todo mundo? — Digo sorrindo, ele começa a olhar para os lados.
— Aí ... Tem uma aracma aqui perto, que tal a gente ir ver e pegar algumas outras frutas? — Diz ele se aproximando.
— Uma aracma? Aqui? — Digo sussurrando.
— Aonde você acha que eles conseguiram frutos para manter o reino? — Disse ele copiando meu sussurro ainda sorrindo.
— Vamos logo então, antes que os outros acordem — Digo eu animada, ele se levanta e me oferece a mão para levantar e eu sorrio e aceito.
Ele sobe na charrete e eu faço o mesmo. As aracmas são árvores super resistentes, nosso reino sempre valorizou muito a natureza e as plantações por razões como essa, há vários tipos de árvores, algumas resistem a vários tipos de elementos como fogo, água, ventos fortes e no caso da aracma gelo, ela continua viva dando frutos até nas temperaturas mais baixas possíveis que é o caso que vivemos agora e o mais incrível é que elas dão vários tipos de frutos, assim nunca passamos fome e por isso também que o estoque do reino que papai guardou no bunker está durando até hoje, por isso comi esse sanduíche hoje.
Albert para a charrete e desce, eu desço em seguida.
— Vem comigo — Diz ele pegando em minha mão, não consegui me conter, olhei para nossas mãos dadas com um olhar de estranhamento, mas ele estava tão focado na aracma que nem percebeu, depois de alguns minutos andando, ele para em frente a uma arvorezinha incrivelmente linda, ela é cheia de pedrinhas de gelo e mesmo sendo pequenininha tem várias frutas, a maioria são as frutas vermelhas.
— Essa daqui é uma menorzinha, mas você tem que ver as grandes, são ainda mais bonitas e com mais tipos de frutas. — Ele solta a minha mão e abaixa ao lado da árvore que chega a ser de seu tamanho abaixado, eu me abaixo ao seu lado e ele tira duas cerejas da árvore e dá uma para mim.
— Isso é uma das melhores coisas do mundo! — Digo degustando a cereja de olhos fechados.
— Não é não, as uvas das aracmas são as melhores. — Diz ele num tom de repreensão, eu abro os olhos e o olho de forma estranha, franzindo a sobrancelha. Ele tira uma uva de um cacho que estava do lado contrário das cerejas na aracma.
— Uvas não chegam aos pés disso. — Digo eu indignada.
— Passam muito mais do que os pés disso, uvas são saborosas, doces e ainda mais bonitas. — Diz ele balançando a cabeça e colocando a uva na boca.
— Olha isso aqui, vai dizer que essa fruta roxa é mais bonita do que essa fruta vermelha. — Digo eu mostrando a cereja para ele.
— Com certeza! O que você tem de bonita você tem de mal gosto Anelise, mas de todo jeito vamos voltar logo, os outros daqui a pouco acordam. — Diz ele comendo mais uma uva e se levantando. Eu sinto meu rosto corar, mas em poucos segundos me recupero, abro um sorriso meio maldoso e o empurro e ele vai cambaleando para o lado, ele me olha boquiaberto e eu começo a rir.
— Ah não, agora você vai ver. — Ele começa a correr atrás de mim e eu vou correndo até a charrete.

+++

Nós voltamos para a charrete e fomos o caminho inteiro discutindo sobre as melhores frutas e nossos gostos, chegamos cambaleando de tanto rir na tenda e já estava a maioria lá fora, desarmando as tendas.
— Onde vocês estavam? — Pergunta Sofie vindo até nós.
— Fomos ver uma aracma. — Digo eu olhando para Albert com um sorriso.
— A aracma que dá as melhores uvas desse mundo. — Diz ele devolvendo o sorriso.
— E eu descobri que Albert tem o maior mal gosto desse mundo! — Digo num tom irônico e Sofie nos olha com um sorriso resplandecente no rosto, acho que ela percebeu que estamos rindo demais e até eu percebo isso e pelo visto ele também, tiramos o sorriso do nosso rosto e olhamos para os lados sem graça.
— Mayla acordou. — Diz Sofie quebrando o clima e olhando para tenda, eu nem respondo só corro até a tenda onde ela está. Eu entro lá e estão ela e Jürgen lá dentro, Jürgen está guardando os cobertores que usamos nas mochilas e Mayla está sentada. Eles me olham e sorriem para mim, eu retribuo o sorriso e abraço Mayla que me aperta, talvez com toda sua força, parece que ela ainda está meio fraca.
— Como você cresceu. — Diz ela ainda me apertando, eu a solto, seguro suas mãos e olho para seu rosto, ainda meio pálido, diferente do que eu vi ser congelado, mas ainda estava bonita com os cabelos castanhos escuros caído e os olhos, os mesmos olhos brilhantes e fortes que eu deixei.
— Não tanto quanto você. — Respondo com lágrimas no rosto.
— Olha para você, se tornou uma menina tão bonita, tão forte e tão corajosa pelo que me contaram — Diz deixando as lágrimas caírem.
— Não eu não sou nada disso. — Digo balançando a cabeça baixa.
— É sim, se não como teria me tirado desse gelo, como teria chegado aqui. — Diz ela levantando meu rosto e eu desabo em lágrimas.
— Eu não conseguiria fazer isso se não fosse por você. — Digo soluçando, ela me abraça novamente.
— Agora você me tem aqui, se tornou uma princesa forte mesmo sem mim, também não vai precisar muito de mim para se tornar muito mais do que isso, mas agora eu prometo estar aqui para o que você precisar. — Diz ela secando minhas lágrimas.
— Eu sempre vou precisar de você. — Digo segurando suas mãos no meu rosto, meu coração finalmente se acalma, após tanto tempo agitado, ele está calmo. Deus honrou cada lágrima e cada dia de desespero meu e tudo valeu a pena, o reino pode estar congelado ainda, mas é só questão de tempo, eu sei que Deus nos honrará novamente. Hoje o meu choro é de felicidade, hoje minhas lágrimas são de alegria. 

Tu mudaste o meu choro em dança alegre, afastaste de mim a tristeza e me cercaste de alegria.

Salmos 30:11

Nevaska Onde histórias criam vida. Descubra agora