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Para sempre... será que acabou?

Lucas Paquetá

Talvez eu não tenha deixado as coisas bem esclarecidas. Depois que tivemos aquela briga horrível, onde ambos nos machucamos, Ederson sumiu por um tempo, e voltou depois do começo do ano letivo. Eu pedi perdão por tê-lo exposto daquela forma e ele pediu perdão por ter esnobado do meu amor. Com alguns meses descobrimos que o que sentíamos um pelo outro era muito mais que amizade, então começamos uma amizade colorida, que se tornou namoro sério por um ano, até que do nada tudo virou pó.

Eu me lembro que uma vez Ederson chegou alterado na escola dizendo que não dava mais, que éramos diferentes, que não sentia amor por mim, que tudo foi uma diversão e que não me suportava mais como namorado. Foi como estar no inferno ouvir aquelas palavras, e depois disso ele sumiu por quatros anos, até que o encontrei aqui em Liverpool. 

Se sou trouxa por estar insistindo em um homem que deixou claro que não me amava no passado? Não. Porque eu sei que foram palavras carregadas de mentiras, eu vi dor em seu olhar enquanto ele dizia cada palavra. Eu só vou desistir quando ele olhar nos meus olhos e dizer que é o fim, se eu conseguir sentir verdades em suas palavras, até lá eu estarei aqui.

(...)

Estava saindo da aula de música quando vi Ederson entrando na biblioteca, eu o segui. Não sou um maníaco perseguidor, só um insano apaixonado.

- Tá me seguindo Lucas? - Ederson tentando ser um idiota era pior do que Ederson sendo um idiota.

- Você ainda continua com esse egocentrismo bem elevado. - eu o trato mal porque esse imbecil me trata mal.

- Eu te conheço, Lucas. E seja qual for o seu plano vai logo esquecendo, eu não dou a mínima pra sua vingança barata. - eu só pude rir.

- Acha que isso se trata de vingança?

- Foi você que foi deixado pra trás, eu no seu lugar estaria querendo vingança. 

Eu disse que ele era pior tentando ser um idiota. Pelo menos quando esse ser humano era um idiota de verdade não falava tanta asneira, agora ele pensa antes de falar e te machuca sem dó e piedade, era nesses momentos que eu queria que essa droga de coração enxergasse o quão tóxico era aquela luta e simplesmente seguisse em frente, mas não. Esse inútil órgão continua aqui batendo desesperado por uma migalha de atenção desse filho de um fodido de merda.

- Você é idiota. - suspirei.

- Então me deixe em paz, Lucas. - ele ficava olhando para os lados a todo momento. - Essa faculdade é enorme, explore outros lugares ou quando me vir simplesmente me ignore. - levou as mãos aos seus cabelos, puxando os mesmos em um gesto de puro nervosismo.

- Eu só queria entender, você não... - ele me interrompeu.

- Entende que já faz quatros anos? É muito tempo. E nesses quatro anos eu conheci pessoas, tive novas experiências e segui com a minha vida. Eu não sinto mais nada por você. - ele olhou nos meus olhos e tudo pareceu tão sincero. 

Será que eu estive enganado todos esses anos? Será que é hora de desistir?

- Me desculpe, eu não devia ficar te seguindo, implorando sua atenção e te impondo a minha presença. Você deixou tudo tão claro a quatro anos atrás, mas eu ainda estou aqui insistido em algo que está fadado ao fracasso. - ele ficou me olhando por um tempo e depois se levantou da sua mesa e saiu da biblioteca.

Depois daquela conversa tão perturbadora eu fui me refugiar nas arquibancadas do estádio de futebol. Mas meu momento de paz foi interrompido por Firmino.

- Eu só quero que você fique longe do meu irmão, não é nada pessoal Lucas, mas ele escolheu assim, então só aceite e siga sua vida. - todos contra enquanto só eu lutava a favor.

- Eu... - tentei falar algo, mas fui impedido pelas lágrimas.

- Você está só se machucando cara. E de certa forma está machucando ele também. - concordei com a cabeça e ele saiu sem falar mais nada.

Peguei meu celular, meu fone de ouvido e comecei a ouvir minhas músicas sofredoras. E por infelicidade ou azar mesmo, começou a tocar "Heart By Heart" de Demi Lovato. De todas na minha playlist tinha que ser essa?

Flashback on

Estávamos na praia, era uma praia deserta. Ederson disse que seria perfeito matar aula e passar a tarde aqui, eu só concordei, porque quando estou com ele as outras coisas se tornam insignificantes.

Eu estava sentado na areia olhando as ondas indo e vindo, as mãos do Ed na minha cintura, minhas costas colada em seu peito, o calor da sua pele, tudo ali era tão perfeito.

- Sabe por que  eu implorei ao meu pai pra voltar para aquela escola? - neguei com a cabeça. - Por você  amor.

Ele pegou seu celular do bolso e ficou mexendo até que começou a tocar uma música desconhecida por mim.

- Essa música se tornou a minha favorita. - ele disse depois de um tempo. - Ela fez eu me dar conta de que tínhamos nos machucado e que eu te amava. Eu entendi que não podia deixar você ir, que você é minha outra metade, e isso é clichê, mas é a verdade. Eu sou melhor e mais feliz quando estou exatamente aqui, ao seu lado.

Me virei de frente para ele e passei minhas pernas por sua cintura, o beijei sem aviso prévio e ele correspondeu sem medo. Foi um beijo longo e cheio de amor.

- Someone comes into your world suddenly, your world has changed forever. - ele cantou baixinho no meu ouvido.

Flashback off  

Aquele dia foi a nossa primeira vez. Ederson foi meu primeiro em tudo assim como eu fui para ele.

- Acho que é hora de seguir em frente. 

Entre Perdas e GanhosOnde histórias criam vida. Descubra agora