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Kkkkk (o som da sua risada)

Roberto Firmino

Eu não me sinto a mesma pessoa que começou aquela aposta. Eu realmente conheci alguém que entende os meus problemas e me manda fazer algo da vida, sem medo de ser tratado com arrogância. Gabriel me entende, e foi esmagador mentir na sua cara quando ele me perguntou se éramos amigos. Como eu poderia dizer com sinceridade, se amigos não mentem uns para os outros?

Dormir ao lado dele foi estranho, mas um estranho bom. Eu não tive pesadelos, onde eu lembro daquele maldito dia. Ele fez os monstros irem embora, e eu quero ser seu amigo, mas primeiro preciso falar com o Neymar e dizer que essa aposta é idiotice.

Todos nós precisávamos do Neymar antigo outra vez , e tínhamos esperanças de que um dia ele vai voltar. Foi uma briga que afetou a todos, cada um escolheu um lado. Éramos tão bons juntos, eu era melhor, todos nós éramos.

(...)

Depois que tomei café da manhã com o Gabriel, que estava um pouco estranho, fui para minha casa vestir algo para ir a faculdade.

Quando cheguei, fui logo procurar o Neymar.

- Ei, Ney.  - disse me sentando ao lado dele nas arquibancadas. - O que faz aqui cara?

- Pensando na vida. - disse sem muito ânimo.

- Precisamos conversar. - ele me olhou sério. - Olha, eu não quero continuar com essa aposta, não vai nos levar em lugar algum Ney.

- Como não? Você não pode ficar do deles Firmino. - levantou exaltado.

- E pra que essa aposta? Você quer machucar o Alisson? Ney, já se passaram dois anos, acho que tem que pedir perdão ou seguir em frente.

- Pedir perdão? Qual o seu problema? Eu não quero que você pare, Firmino. Eu te prometo que essa é a última coisa que te peço. A última desse tipo, é claro. - sorriu.

- Tudo bem, já estamos chegando a um mês, logo se passam três. - ele respirou aliviado.

Era isso, eu não podia deixar que Neymar voltasse a ser o louco inconsequente de um ano atrás. Depois da briga ele passou a beber muito, e quase ficou viciado em drogas. Se eu não descobrisse a tempo que ele estava se drogando, ele já teria tido tido uma overdose.

Neymar é instável, qualquer coisa é motivo de explosão, mas ele já teve muitos problemas. Ele precisa mais  do que melhores amigos, ele precisa de alguém que o ame, que prove para ele que a vida é muito mais que festas e mulheres bonitas, alguém que mostre que o dinheiro não é tudo, e que existe mais além. Eu não posso fazer isso porque já tenho meus próprios demônios para lutar, mas enquanto ele estiver mal eu vou ajudá-lo, mesmo que seja da forma errada.

- Vamos para aula, senhor "faça minhas vontades"? - perguntei tentando mudar de assunto.

- Medicina não é o que eu quero, eu vou dar um jeito de mudar isso.

- Não seja mais imprudente do que você já é.

(...)

As aulas passaram rápido, na saída encontrei o Gabriel.

- Ei, não esquece que amanhã é a festa. - falei.

- Impossível, Alisson só sabe falar o quanto isso vai ser um desastre, e Salah está muito nervoso por algum motivo.

- Não somos animais selvagens, fala para eles ficarem tranquilos.

- Não sei se isso vai servir de muita coisa, mas vou falar. - ele entrou no seu carro.

- Ei , posso ficar na sua casa hoje? É que meus pais viajaram e o Ederson tem seu próprio apartamento, não gosto de ficar só. - na verdade tinha medo dos pesadelos, e Gabriel foi o único que conseguiu afastá-los em quatro anos.

- Tudo bem.

- Prometo dormir no sofá. - não era isso que eu queira, mas acho que estar na mesma casa que ele já seria o suficiente para os pesadelos irem embora.

- Não, a gente conseguiu dormir bem na noite passada, por que essa seria diferente?

Não posso fazer Gabriel se apaixonar por mim, isso seria muita crueldade. Só vou fazer ele admitir que é gay e pronto. Quem sabe depois de um tempo eu não consiga seu perdão e possamos ser amigos de verdade?

- Se não tem problema pra você , não tem pra mim.

E quando chegamos na sus casa ele me emprestou a mesma calça moletom e a regata, estávamos criando uma rotina.

(...)

Acordei e estava com a mão na cintura do no Gabriel, ele estava com a cabeça no meu peito, dormíamos como um casal. As coisas estão saindo do controle. Me levantei fazendo o impossível para o mesmo não acordar, mas foi em vão.

- Me desculpe... E-eu... não sabia que...

- Tudo bem. - segurei seu rosto entre as mãos.

Ele ficou nervoso quando viu a forma que estávamos deitados.

Entre Perdas e GanhosOnde histórias criam vida. Descubra agora