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Jirmino, será ?

Gabriel Jesus

Estava deitado no sofá da minha sala assistindo a uma série qualquer na Netflix, minha atenção foi tirada quando a campainha começou a tocar de forma desesperada, com muita preguiça fui abrir a porta.

- Firmino? - não era surpresa encontrá-lo aqui, mas eu não esperava sua visita hoje.

- Me desculpe por vir a essa hora é sem avisar, eu e meu pai tivemos uma briga. - eu tinha uma pequena noção de como era a relação dele com o pai.

- Entre. - ele respirou aliviado e entrou. - Você quer alguma pra beber?

- A única coisa que eu quero nesse momento é bebida alcoólica, mas não é aconselhável quando estou nervoso. - Firmino parecia lutar contra vários demônios, eu sei melhor do que ninguém como é viver sob a pressão dos pais. Por mais que eu diga que goste de administração, aquele menino que sonhava em ser cantor sempre existirá dentro de mim.

- Eu posso dormir aqui Gabriel?

- Meu apartamento só tem um quarto, e  como você não parece nada bem, pode dormir na minha cama. - ele estava péssimo.

- NÃO. Eu fico no sofá.

- Então dormimos nós dois na minha cama. Ela é grande e podemos dormir sem problema algum.

- Tudo bem pra você? - perguntou ainda incerto da minha proposta.

- Sim. Mas primeiro você precisa de um banho pra esfriar a cabeça. - a briga com seu pai deve ter sido feia.

Ele olhou para o meu banheiro e engoliu em seco, o que foi estranho. Meu banheiro não tinha paredes, eram apenas vidros totalmente transparentes, eu gostava.

- Não se preocupe, eu saio do quarto pra você tomar banho.  - ele apenas confirmou com a cabeça.

Enquanto ele se banhava eu fui fazer o jantar. As coisas entre Firmino e eu tinham evoluído muito, e eu gosto disso. Sinto um carinho muito grande por ele. 

Quando saiu do quarto estava usando minha calça moletom, que ficava apertada nas suas coxas, e uma regata minha que deixava aquelas tatuagens maravilhosas a mostra. Nem sei porque estou observando tanto ele.

- Você quer jantar? - perguntei tentando iniciar um assunto.

- Além de ótimo aluno, bom anfitrião, ainda é cozinheiro? Eu ganhei na loteria.

- Não tente massagear meu ego. - ele sorriu e se sentou. Eu sei que sou bom na cozinha, afinal aprendi com minha mãe.

- Firmino, o que realmente aconteceu entre você e seu pai? - ele não parecia bem, estava distante.

- Ah, são tantas coisas Gabriel. Você se cansaria de ouvir.

Segurei sua mão que estava sobre a mesa, e ele rapidamente olhou para nossas mãos juntas, me fazendo puxar a minha envergonhado.

- Você pode confiar em mim, estou aqui pra você. Somos amigos, certo? - ele sorriu forçadamente e confirmou com a cabeça.

- Meu pai veio com aquela história de que eu tenho que assumir a empresa, que sou o melhor para continuar o legado da família, mas ele não entende que eu odeio aquelas empresas. Foi por causa delas que ele passou tanto tempo fora de casa. Ele não consegue enxergar que o Ederson ama tudo aquilo?

- Por que você não sai da casa dos seus pais e larga esse curso que odeia?

- Porque ele me acostumou a vida fácil, Gabriel. Meu pai nunca me pôs pra trabalhar, sempre me pagou altas mesadas, me deu tudo. Acha que é fácil largar tudo isso?

- Trabalhe e lute pelo que você quer.

- Trabalhar?

- Oras, é claro que sim. Ou o seu plano é passar a vida dependendo do seu pai e fazendo tudo que odeia só pra ter o dinheiro fácil? Porque se for, você é a pior pessoa que eu já conheci.

- Sei lá, estou perdido.

- Então se encontre e comece a viver.

- E você Gabriel? Você gosta de administração?

- Gosto. - disse meio incerto. Depois dessa conversa, eu percebi que talvez esse não fosse meu grande sonho.  - Mas depois de toda essa conversa, estou um pouco incerto.

- Viu só, não sou o único.

- Somos diferentes, Firmino. Se eu for no meu pai agora e dizer que administrar uma empresa não é meu sonho, ele vai compreender.

- Então você é um puta sortudo. - sorriu.

- Eu gosto de cantar. - disse depois de um tempo.  

Ele olhou para o piano no canto da minha sala e sorriu maliciosamente.

- Então me mostre seu dom. - se levantou rápido e me puxou pelas mãos até o piano.

- E-eu... Tudo bem. O que você quer que eu cante?

- Sei lá, canta algo do Brasil.

Ele começou a tocar o piano enquanto eu cantava uma música do Thiaguinho. Ele me olhava surpreso vez ou outra. 

(...)

Depois do nosso momento fama, fomos deitar. E estar ao lado do Firmino era uma sensação estranha, mas boa. Eu tenho medo de como estou pensando nele com frequência. Cada vez que eu me afastava o mesmo se aproximava.

(...)

Quando acordei estava abraçado ao Firmino, o mesmo estava com a mão na minha cintura, enquanto eu tinha minha cabeça apoiada no seu peito. Me dei conta de como estávamos e levantei da cama num pulo. Isso foi estranho.

Que porra tá acontecendo comigo?

Entre Perdas e GanhosOnde histórias criam vida. Descubra agora