Capítulo IV

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No dia seguinte, Bruce acompanhou de perto a apresentação do The Prince Show, assistindo de um ponto privilegiado dos bastidores ao brilhantismo com que Diana conduziu uma entrevista delicada com o presidente da América, empregando a seriedade que era devida e, ao mesmo tempo, uma ousadia descontraída que poucos seriam capazes de administrar em uma conversa delicada como aquela, sobretudo vivendo dias de pressão psicológica por um louco que vinha perseguindo-a.

Ele tinha que reconhecer, ela era espetacular. Uma profissional arrojada e uma mulher notável. E tudo o que conquistara era completamente mérito de seu esforço e dedicação, numa trajetória incólume para ter seu espaço no show business. O detetive estava admirado com as informações levantadas sobre a vida da apresentadora até agora.

Já Diana não ficara nenhum um pouco feliz em saber que o detetive iria acompanha-la no trabalho durante alguns dias, para observa-la melhor e às pessoas que a rodeavam, entretanto a insatisfação dela só o estimulou ainda mais. Como policial ele já estava acostumado a não ser bem quisto em muitos lugares, então, a reação dela não fora nenhuma surpresa. Mas ele descobrira como ela ficava especialmente bonita quando estava irritada e pouco a vontade com a sua presença.

Bruce Wayne amava sua profissão. Poucos sabiam, mas ser policial o salvara de se tornar um homem amargurado ou fútil como a imprensa vendia nas capas de revista. A adrenalina, a imprevisibilidade e o desafio da profissão o mantinha são. Fora o motivo principal, a possibilidade de salvar vidas e fazer justiça.

Ele havia herdado o altruísmo do pai, que era médico, e também fora muito criticado por não gerir as empresas Wayne pessoalmente. Por atender em hospitais públicos, quando poderia montar uma clínica de luxo e atender pacientes de alto escalão. Thomas Wayne era um ser humano incrível e tudo que Bruce queria, era um dia ser ao menos um esboço do que o pai fora.

Quando criança, ele dizia ao pai que seria como ele, médico. Mas o dom para medicina não fizera parte da transmissão genética. Bruce era um garoto muito inteligente, mas seu talento era muito mais voltado para o mundo dos negócios, para planejamento, organização, direção e controle, para solucionar conflitos, desvendar mistérios, para negociar. Tanto que mesmo administrando as empresas da família à distância, ele era um ás dos negócios, sua visão e empreendedorismo eram impressionantes. Porém, ele não conseguiria passar o resto de seus dias trancando em um escritório de luxo de sua corporação, enquanto podia fazer algo muito mais útil na vida das pessoas. Especialmente depois da tragédia familiar que vivenciara na infância.

Ainda que pudesse fazer muitas coisas boas com dinheiro, tudo isso lhe parecia pouco. Ele sentia necessidade de se doar por completo a uma causa, em uma profissão que lhe parecesse mais eficaz em evitar que outros experimentassem a dor que ainda o corroía, desde aquela noite fatídica em que seu pai fora assassinado diante de seus olhos, ao reagir a um assalto, para evitar que Bruce e sua mãe fossem levados como reféns. O criminoso responsável pela tragédia, era um homem procurado há anos pela polícia, que só fora preso depois da repercussão da morte de Thomas Wayne.

Ser detetive dava a Bruce a sensação de que poderia evitar que outras crianças chorassem a perda de seu pai. Que pais chorassem a perda de um filho. E que pessoas de bem perdessem a vida por causa da ineficiência das autoridades em encontrar e trancafiar criminosos que passavam anos impunes por falta de uma investigação eficiente.

Sua mãe quase enlouquecera quando ele a comunicou que havia sido aprovado como agente de policia, mas ela nunca o recriminou. Martha Wayne via nos olhos do filho a mesma esperança que seu esposo carregava de poder fazer a diferença no mundo. Além disso, ser detetive fora libertador para Bruce, ele se realizara no trabalho, e mesmo podendo estar no topo hierárquico de instituições como o FBI e a Interpol, ele optara por cuidar da sua cidade e arredores, melhorando e muito a reputação do departamento de polícia de Gotham, graças a sua mente brilhante e os incontáveis casos solucionados por ele.

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