Capítulo XXV

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Da chegada da ambulância até o percurso que a levou ao hospital de Gotham, a lembrança de Diana não era mais que um emaranhado de flashes de rostos que lhe povoavam a mente e sons confusos de sirenes, perguntas e palavras de conforto que zuniam em seus ouvidos. Ela não se lembrava de como saiu do galpão ou do que respondeu aos paramédicos quando abordada, só sabia que havia sido atendida preliminarmente porque havia uma sutura em sua mão e curativos em seu pescoço e na lateral da cabeça.

Contudo a ferida principal estava aberta em seu peito. Esta, especialista nenhum poderia tratar com curativos.

Se ela não estivesse equivocada, havia sido Clark quem lhe abraçou na entrada do hospital e lhe cobriu com o próprio paletó, ao passarem por uma grande concentração de jornalistas, que já especulavam o desfecho do caso e lutavam por uma entrevista exclusiva. John e Shayera também estavam lá, para lhe dar apoio, mas não se recordava de nenhuma palavra que eles haviam lhe dito. O que ela se lembrava, nitidamente, era de Bruce sendo levado imediatamente para o centro cirúrgico e os enfermeiros lhe afastando, murmurando algo sobre a gravidade do caso. Ele estava pálido, muito ensanguentado e a pulsação fraca.

Em choque, ela fora levada para um quarto, onde tomava uma medicação qualquer intravenosa e tentava recobrar o autodomínio e a consciência de tudo o que viveu nas últimas horas. A detetive Lance lhe fazia companhia, sentada em uma poltrona, o rosto entre as mãos e o coração apreensivo pela situação de seu parceiro.

Quando Donna atravessou a porta do quarto, em prantos, foi que Diana teve a primeira reação pós trauma, abraçando a irmã, que se jogou em seus braços, e chorando junto com ela.

― Por Deus, Diana, me diga que você está bem! - Donna soluçou, olhando os curativos da irmã, cobrindo cortes e hematomas, e seu semblante devastado. ― Eu tive tanto medo de perdê-la. - A caçula derramou-se em lágrimas, apertando um pouco mais a irmã contra seu corpo, antes de olha-la nos olhos novamente.

Com delicadeza, Donna retirou algumas mechas do cabelo de Diana, que pendiam sobre seus olhos, e afagou-lhe a bochecha molhada por lágrimas.

― Eu vou ficar bem, Donna! - Diana suspirou, tentando falar com clareza. ― Mas, Bruce... - Ela conteve um soluço. ― Ele está no centro cirúrgico, lutando pela vida. Por minha culpa. E eu não posso fazer nada além de esperar. - Diana lamentou-se, sendo consolada pela irmã.

― Não seja tola, Diana. A culpa não é sua. Como poderia ser? - Donna a abraçou, suavemente. ― Bruce vai sair dessa. Tenho certeza!

Dinah olhou para a cena das irmãs se amparando e abraçou o próprio corpo, igualmente desolada por imaginar seu parceiro em uma mesa de cirurgia, ferido por uma bala. Ela também lidava com a culpa por ter chegado tarde demais. Devia ter sido mais eficiente, mesmo tendo desrespeitado algumas leis de trânsito para chegar ao galpão, não fora rápida o suficiente. Bruce era mais que seu parceiro, era um amigo, um irmão. Estava tentando manter-se firme, mas não sabia como lidaria com uma notícia trágica, se isso viesse a acontecer.

Uma batida de leve na porta, tirou a loira de suas reflexões e chamou a atenção das irmãs Prince. Dinah levantou-se para atender a porta e a figura envergonhada do agente Grayson se revelou. Ele pediu licença, trocando um abraço repleto de compreensão com a detetive. Eles já haviam conversado um pouco antes, mas, mesmo a detetive tendo-o confortado, o jovem também carregava o fardo da culpa. Encorajado por Dinah, ele se aproximou das irmãs Prince.

― Diana, Donna! - Ele abaixou a cabeça, olhando para o braço imobilizado, resultado da ação de J'onn contra si. ― Eu sinto muito! - Ele levantou os olhos, envergonhado. ― Me perdoe por ter falhado na segurança da sua irmã, Donna. Me perdoe por ter falhado com você, Diana. - Ele olhou para as irmãs, contendo as lágrimas pela proporção que a situação tomara.

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