Capítulo VI

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Diana não foi capaz de conter um sobressalto quando ouviu o breque de um carro estacionando em frente sua casa e o interfone soando logo em seguida, anunciando a chegada dos detetives – há exatamente oito minutos e trinta e dois segundos após sua ligação. Ela tinha que admitir, o detetive Wayne era bom em cumprir sua palavra em relação ao tempo.

Ela havia conseguido recuperar o controle das emoções dois minutos depois de tê-lo contatado e agora estava se sentindo uma tola por ter criado todo um alarde em virtude de mais uma ameaça, que obviamente não seria a última. Ela se recriminou, concluindo que deveria estar se acostumando e não se descontrolando, infelizmente essas intimidações fariam parte de sua rotina de agora em diante, até que os detetives apanhassem esse louco que vinha lhe tirando a paz.

Contudo ela beirou à histeria durante o último contato de seu carrasco em potencial, não fora a mulher forte e corajosa que sua mãe lhe ensinara a ser. Perdera o foco e o equilíbrio, e só agora estava se dando conta que sua postura só serviu para fazer o maldito do outro lado da linha se divertir e até ganhar forças para ataca-la ainda mais.

Diana não era muito adepta da passividade, mas tinha que admitir que, a esta altura dos fatos, era sua melhor opção. Manter a calma e confiar no trabalho dos detetives era sua melhor saída. Bater de frente com uma voz, gritar e trocar ameaças tornavam-na ridiculamente vulnerável e medrosa. E ela detestava se sentir assim.

Enquanto descia as escadas para atender a porta, ela olhou ao seu redor, pensando em como ela e Donna escolheram cada detalhe para aquela casa. As cortinas, as porcelanas, os quadros, os enfeites sem sentido e alguns souvenirs. Tudo tão familiar e aconchegante, contando um pouco de sua história e de seus gostos particulares. Pela primeira vez, após a morte de sua mãe, ela se sentia construindo novamente um lar. Não podia permitir que uma voz estúpida lhe roubasse isso.

Ela precisava ser corajosa e aguerrida, assim como as mulheres da família que sua mãe lhe contava, suas tias, avós e bisavós. Sempre mulheres pioneiras e que dobravam qualquer dificuldade de queixo erguido. Era como Hipólita as descrevia. Diana sentia-se no dever de honra-las. Mesmo temendo que não pudesse prever a hora que aquele louco se cansaria de ligar e mandar 'presentes' e viesse procura-la pessoalmente. Mesmo ouvindo em sua mente suas palavras ecoando como uma sentença: "Sou o seu carrasco, vou fazê-la sofrer. Vou fazê-la pagar."

Ela estremeceu com a lembrança da voz e se assustou quando bateram à porta, se dando conta que deveria ter ficado tempo demais ali, com a mão apoiada sobre a maçaneta, distraída com seus pensamentos, enquanto os detetives aguardavam serem atendidos.

Respirando fundo, ela ajeitou os cabelos, inflou o peito e sustentou a postura de fazer inveja a uma miss, antes de abrir a porta. Não queria que a olhassem com pena e reconhecessem a fragilidade que ela sentia no dever de ocultar.

― Olá detetives. Vocês chegaram rápido mesmo. – Ela os cumprimentou, sem esconder a gratidão pela agilidade deles em suas feições. ― Desculpe tê-los incomodado.

― É o nosso trabalho. – Dinah foi a porta voz da dupla e notou que Diana se esforçava para passar uma imagem de mulher segura. ― Além disso, fazia duas semanas que não treinava minha habilidade em dirigir por essas ruas acima da velocidade permitida. – A loira sorriu, tentando fazer Diana relaxar de verdade.

Diana os conduziu até a sala de estar, trocando um olhar rápido com o compenetrado detetive Wayne que a media.

― Pode nos contar detalhadamente o que houve? – Bruce pediu, assim que se acomodaram no sofá.

― Claro. – Diana foi até a mesinha onde ficava o telefone e voltou com um bloco de anotações em mãos. ― Eu anotei tudo. – Ela passou o bloco para o detetive, se resguardando de repetir em voz alta tudo o que ouvira. ― Talvez vocês não entendam algumas palavras, foi tudo muito rápido e eu não estava devidamente concentrada para caprichar na caligrafia. – Ela tentou sorrir, mas falhou na interpretação de descontração.

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