Três anos depois
Jamile Rosa
O meu coração dispara.
A cada quarteirão que o carro avança, meus olhos ficam marejados de tanta emoção pelo momento que está chegando e não tem como ser diferente.
Desde que tomamos a decisão de multiplicarmos o amor presente em nossa relação, a vida ganhou uma nova cor, outros significados, muito mais responsabilidade com a possibilidade de a família crescer e agora, quando estamos há minutos de ver o sonho se tornando realidade, a ansiedade toma conta de todas as minhas terminações nervosas.
— Ai meu Deus, me ajuda! – Acabo pensando alto.
— Minha vida, fique calma. Nós já vamos chegar. – Bondade do meu esposo tentar me confortar desta forma, pois hoje em especial, o trânsito parece ainda mais insuportável e disposto a testar um coração ansioso.
— Eu juro que estou tentando, mas não vejo a hora de ver os rostinhos dos nossos filhos e os envolver nos meus braços. – Como estamos parados, Marcos repousa a mão por cima da minha e acaricia fazendo alguns movimentos circulares.
— Compartilho do mesmo sentimento. – Volta a dirigir. — Será que vão me chamar de papai primeiro ou você de mamãe? – Ele me faz rir, principalmente porque eu também, há alguns minutos estava pensando sobre o mesmo assunto.
— Bem, eu vou ficar feliz de qualquer jeito. – E é a mais pura verdade, meu coração já transborda de alegria quando penso neste momento.
— Estamos quase chegando. – Faz uma curva para direita e nós já avistamos o Abrigo Doce Lar onde nossos filhos, que são irmãos biológicos, viveram por um pouco mais de três anos.
O fato de estar próxima do abrigo, em nada me acalma. Perguntas infinitas típicas de uma mãe que está indo para a maternidade parir seus bebês rondam os meus pensamentos. Penso se serei uma boa mãe, ou se terei sabedoria para guiar as crianças nos caminhos certos e até mesmo divago sobre como vou contar para eles no futuro que os dois nasceram do meu coração e que isso em nenhum momento diminui o amor entre nós.
— Chegamos, amor. – Marcos estaciona, como se tudo tivesse se movendo em câmera lenta, desço do carro e de mãos dadas caminhamos para a parte interna do abrigo, onde uma assistente social já nos aguarda.
Após um breve momento burocrático somos encaminhados para uma sala que internamente é chamada de "quarto feliz" pois é aonde os filhos são entregues para os pais e o clima realmente nela é agradável assim como a decoração é acolhedora em tons pasteis, rosa e azul.
Ansiosos além do que poderíamos imaginar ficar, nos sentamos por alguns minutos que parecem eternos, até que finalmente a porta lateral é aberta trazendo mais amor ao mundo da família Rosa Menezes.
Uma menininha linda, gordinha, de quase quatro anos, com os cabelos cacheados soltos, vestindo um vestido amarelinho rodadinho e sapatinhos brancos vem um pouco tímida em nossa direção, seguida do seu irmão gêmeo todo estiloso, de bermuda de cor bege, camisa polo branca e tênis.
Os dois lindos com as roupinhas que nós compramos e apesar de não querer os assustar com a minha emoção que flui no meu rosto, é simplesmente inevitável aguentar.
— Meus amores. – Ajoelho-me e os abraço, tendo a certeza que nem quero mais os soltar, o meu coração instantaneamente bate fora do meu peito.
— O papai e a mamãe amam tanto vocês. – Marcos senta-se ao nosso lado, ganha rapidamente a atenção dos dois e Gabriela vai para o seu colo. – Com certeza já percebeu que nos braços do papai ela vai ficar sempre nas alturas.
— Você é tão linda. – Meu menininho sussurra e depois cobre o rosto.
— Você tem razão, filho. A sua mãe é linda. – Eu me vejo cercada por dois gentlemans.
— Vocês são nossos pais mesmo? – Gabriela sorri enquanto aguarda a resposta e eu fico louca para apertar suas bochechas.
— Somos sim, meus amores. – Bernardo me abraça bem forte e eu amo sentir o seu carinho e todo vínculo que já está se formando.
— Para sempre? – Confirmo com gestos e ele acaricia o meu rosto. — Então eu e minha irmãzinha já temos um papai e mamãe. – Dá uma risada gostosa demonstrando o quanto está feliz.
— Vocês têm sim. – Nos levantamos e enquanto estou com o Bernardo nos braços, Marcos carrega nossa Gabriela. — Para a vida toda.
E assim caminhamos para o carro, rumo ao desconhecido mundo dos pais, desejado e muito amado.
Fim...
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Beijinhos ❤❤❤❤❤
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Marcos - Você fugiria desse gato?
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