Chego como de costume, pontual. Organizo minha mesa e então ligo meu computador.
O silêncio é quebrado com Joseph brigando com a nova estagiária.
- Você não consegue fazer nada direito. Como vai aprender algo dessa forma? Você não filtra nada. Deixe de ser tão lerda. Já é a terceira vez que tenho que chamar sua atenção. Eu não tolero gente burra comigo. Ou você acerta ou irei ter que te pedir pra sair. Te dou mais uma semana. Entendeu?
- Sim. - Ela responde tímida.
Só de pensar que já estive na mesma situação, só que mil vezes pior. Ele foi muito bonzinho com ela, deve estar em um bom dia, pois normalmente ele consegue fazer a pessoa chorar.
Alicia sai pela porta da sala dele de cabeça baixa andando rápido.
- Bom dia! - digo.
- Bom dia! - Ela responde sem se quer olhar para mim.
O telefone toca. Atendo.
- Venha aqui. Agora! - Joseph diz e desliga.
Levanto-me rapidamente e vou até sua sala.
- Sim senhor?
- Como estamos hoje?
- As oito, reunião com os Bolton. Dez e meia, supervisão da obra do novo centro comercial. Meio dia, almoço com seus acionistas e duas e meia reunião aqui na empresa. E lembrando que hoje seu pai quer que passe em casa. Só isso por enquanto.
- Entendi. Arrume então tudo que irei precisar.
- Já está feito.
- Certo! Você é eficiente.
Sorrio.
- Mais alguma coisa?
- Por enquanto não.
- Irei voltar ao meu lugar.
- Pode ir.
***
Todo dia é quase a mesma coisa, hoje foi o mais leve, tem vezes que não paramos nem para respirar, estou acostumada. Já fiquei diversas vezes sem almoço, sem dormir direito, só dava tempo de um banho e olhe lá. A minha vida é muito corrida, quem dirá a de Joseph.
De tarde, decidi comer um lanche com as meninas que ficam no setor de Joseph.
É sempre o mesmo assunto também.
- Viu como ele estava bonito hoje? Meu Deus, quando ele passou em nossa sala meu corpo entrou em chamas. - Diz Natasha.
- Eu não gosto dele, não nos dá nem bom dia. Ele é muito grosseiro. - Elise diz fazendo careta.
- Você está aqui a mais tempo que eu e ainda não se acostumou? - Digo.
- Não sei como você aguenta ele. Ele é insuportável. Ignorante, arrogante...
- Não é pra tanto. - Digo. Apesar de que é verdade.
- O que ele tem de lindo, tem de chato.
- Isso é verdade. Diz Natasha. - Mas ainda sonho que ele seja meu cinquenta tons. Cinquenta tons de Joseph.
- Credo! - Diz Elise fazendo cara de nojo para o que Natasha diz. - Ele é gay, eu tenho certeza. Ele não sai com nenhuma mulher. Ele nem deve fazer sexo. Nem deve saber o que é.
- Bom, o papo está muito interessante, mas tenho que ir. Até mais.
- Até. - Elas dizem em coro.
- Deveria ficar mais. - Diz Natasha.
- Desculpe, não tenho muito tempo.
Essas duas só sabem falar de Joseph, Natasha é completamente apaixonada, enquanto Elise o odeia completamente.
É verdade que Joseph é arrogante, as vezes insuportavelmente arrogante. Mas eu vejo nele tristeza, sofrimento. Só eu sei o que ele passa e a dor que ele carrega. Ele não merecia isso, ninguém merece.
Suspiro.
Quando chego em minha mesa, olho pela porta de vidro da sala de Joseph e o vejo sério e pensativo. Ele é tão sozinho.
De repente nossos olhos se encontram. E então vejo naquele azul turquesa um sentimento incomum que eu não via em mais ninguém.
Ele sorri e eu sorrio de volta.
Enrubesço.
É hora de voltar ao trabalho.
***
Estou deitada em minha cama, absorta em meus pensamentos, lembrando-me da época em que eu passava dificuldades e Joseph foi o homem que me salvou, ele pode ter todos os defeitos do mundo, mas se não fosse por ele, meu pai estaria morto. Posso estar vivendo um contrato de escravidão, mas quando tudo estiver acabado, enfim estarei livre.
Meu telefone toca.
- Alô.
- Helena, já está arrumada? Estou te esperando aqui embaixo.
- Sim, irei descer para te encontrar.
Hoje é sábado a noite, raramente tenho folga aos sábados e como domingo é o dia que tiro para dormir quando consigo uma folga no sábado preciso sair.
Desço o elevador do condomínio e minhas duas amigas estão a minha espera no carro.
- Você está esplêndida.
- Muito Obrigada!
- Hoje a festa vai bombar. Estou precisando beijar umas bocas.
- Eu só quero dançar. - Digo.
- Sabe do que você precisa?
- Hum?
- Sexo. - As duas dizem em coro.
- Reviro os olhos.
- Ao chegar na boate as meninas procuram um lugar estratégico com os homens que elas acham bonitos, para então dançar e sensualizar para eles. A única vontade que tenho é de me jogar, dançar muito até o dia amanhecer, sem me preocupar com nada. E se talvez eu me interessar por alguém, podemos ficar, dependendo da situação.
Ficamos dançando juntas por um tempo até Rachel e Tâmara acharem um cara para se agarrem.
Eu decido ir até o bar, chamo o barman por duas vezes, mas ele não me ouve, perco a paciência, iria gritá-lo quando um homem forte e cheiroso aparece do meu lado.
- Um dry martíni para ela por favor. - O homem pede para mim.
O barman o ouve e começa a preparar o pedido.
- Muito Obrigada. - Eu digo.
Ele então vira-se para mim e eu não consigo esconder a minha cara de surpresa.
Joseph.
- Boa noite, Hell.
- Boa noite! Sorrio.
- Como sabia quem era?
- Na verdade não sabia, mas vi a sua dificuldade e decidi intervir. Eu estou tão surpreso quando você, não sabia que gostava de vir a estes lugares.
- Eu vim pra dançar com umas amigas.
- E onde elas estão?
- Cada uma encontrou um cara para beijar.
- Entendi.
- E você, veio para encontrar alguma mulher?
O barman entrega a minha bebida. Agradeço-o.
- Na verdade não. Simplesmente precisava descansar. Gosto de olhar as mulheres dançar. Caso alguma me atrair eu dou as minhas investidas. Não preciso fazer muito esforço. - Ele sorri.
- Entendi. Boa sorte, Joseph.
- A gente se vê por aí.
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Indômito.
RomansaA família de Joseph Ferrara são donos da grande empresa Magnus onde ele trabalha como vice-presidente. Ele é inteligente, rico e bonito, mas consegue ser muito narcisista prepotente e arrogante. Sua secretária, Helena Jones, trabalha com ele há 2 a...