Nós dois não sabemos
que as noites foram feitas principalmente
para dizer coisas que não podemos dizer amanhã?
(Arctic Monkeys)
Depois do que Baekhyun me pediu para fazer, eu voltei para casa, ensopado, cansado e com vontade de vomitar. Eu teria aula de manhã, uma quarta-feira deprimente, e não podia nem mesmo pensar em faltar. Ficar em casa era correr o risco de perder alguma coisa importante para as provas, e eu não podia me dar a esse luxo.
O estresse vinha me consumindo há dias. Eu estava na Yonsei porque era um bom aluno, porque me matava estudando e porque, até então, me formar e ter uma carreira de sucesso eram meus únicos objetivos de vida. Mas mesmo quando pedi transferência da minha universidade nos Estados Unidos, eu ainda tive de fazer uma série de provas que eram quase um segundo vestibular, para garantir que eu estivesse apto a cursar qualquer coisa dentro da tríade da SKY.
Mesmo que meus pais pagassem uma boa parte da mensalidade, eu ainda estava ali por mérito, uma das poucas coisas das quais eu me orgulhava, e só de pensar que isso poderia ser massacrado pela chegada de uma criança, eu já entrava em colapso.
Porque, bem, eu não era idiota. Tinha uma irmã mais nova e acompanhei a gestação da minha mãe. Eu sabia – mais ou menos – quanto tempo era necessário para uma criança ser capaz de se adaptar, sabia que tinha que ter paciência e uma atenção focada só na criação dela, e essas coisas batiam de frente com meus estudos, com meu trabalho de meio período na lojinha de conveniência do dormitório e com o pouco descanso que eu tinha nos fins de semana.
Só que minha mãe teve apoio do meu padrasto e do meu irmão mais velho o tempo todo enquanto passava por aquelas coisas. E Baekhyun, indiretamente, me dissera que eu não teria o apoio dele. Por mais que ele não tivesse falado com todas as letras, era óbvio que estava buscando justificativas para não fazer parte daquilo.
E isso era uma merda, porque eu teria que falar com meus pais antes da hora, teria que aguentar uma briga que provavelmente me daria bastante dor de cabeça, e, de quebra, ainda faria a amizade do meu irmão com Baekhyun entrar em decadência.
Ainda assim, a coisa que mais martelava na minha cabeça era a esterilidade dele. Mentir sobre ser estéril era ir longe demais, ele havia me engravidado! Aquilo não podia ser uma desculpa, e esse era o motivo de eu estar me perguntando por que diabos ele me disse que era estéril. Porra, eu estava com a merda do teste! Ele era estéril como?
Aquilo não fazia sentido nenhum, e eu esperava muito que Baekhyun percebesse isso logo e voltasse atrás em sua decisão de me deixar sozinho, porque eu realmente não queria recorrer a um teste de paternidade para afirmar para ele que ele tinha, por menor que fosse, algo a ver com tudo o que vinha acontecendo comigo. Seria vergonhoso chegar a esse ponto, principalmente quando eu tinha certeza de que ele sabia que eu só me relacionava sexualmente com ele.
Baekhyun não foi meu primeiro namorado (para ser sincero, acho que não dava para chamar o que tínhamos de namoro), mas foi minha primeira vez. E eu acho que ter sido minha primeira transa tornava ele um pouco mais memorável do que os outros caras com que eu já fiquei na vida.
Talvez porque Baekhyun foi o primeiro deles a não sair da minha cabeça um segundo sequer.
Ou talvez porque ele fizesse um rastro de destruição por onde passava e, naquele momento, eu fosse parte das coisas quebradas deixadas para trás.
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how we collide
Fanfiction[baekhyun/sehun] Quando Sehun ingressou na Yonsei, ele certamente não esperava se apaixonar por Byun Baekhyun, o isolado e desinteressado melhor amigo de seu meio-irmão. E esperava menos ainda engravidar dele. Porque Baekhyun, até então, era estéril.