14. night ride: parte I

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de novo e de novo e de novo outra vez

até que você não consiga mais fingir que está seguro

tente, mas você não poderia estar mais certo

e o final ainda é o mesmo, nunca vai mudar

(The Growlers)

Diferente do que eu imaginava, minha mãe não ficou no apartamento para tomar café comigo. Ela disse que meu pai e Irene estavam com saudade e que ela só tinha ido até ali para me buscar. Não gostei muito do fato de que ela parecia ignorar a presença de Baekhyun enquanto falava que era para eu pegar minhas coisas e encontrá-la no carro.

Ela estava tentando deixar explícito, de uma forma mais ou menos discreta, que não queria que ele fosse. E tudo bem, eu entendia um pouco o lado dela, já que era uma reunião de família e, tecnicamente, ela não sabia a profundidade do meu relacionamento com ele ainda, mas não é como se eu fosse simplesmente abaixar a cabeça e obedecê-la.

"Você pode ir na frente." Eu disse, observando-a se virar para descer as escadas. "Eu vou com o Baek."

Não recebi o mais amigável dos olhares, mas ela também não disse nada, só continuou descendo os degraus. Eu fechei a porta e me apoiei contra ela, respirando fundo e tentando pensar no que eu faria. Eu deveria contar para ela assim que chegássemos lá e a família se reunisse? Ou eu deveria esperar um momento melhor? Seria mais fácil ou mais difícil se eu despejasse tudo em cima dela de uma vez?

"Ela não disse nada." Baekhyun comentou comigo, me encarando com uma expressão estranha. Lancei para ele um olhar questionador, esperando que explicasse. "Sobre eu estar aqui com você. Ela não disse nada."

Aquela constatação não me deixou lá muito mais tranquilo. E eu meio que não sabia muito bem o que pensar porque minha mãe era praticamente imprevisível. Talvez ela só fosse falar sobre eu ter levado outra pessoa para o apartamento quando estivéssemos a sós — e isso significaria que eu ia tomar um sermão. Mais um —, ou talvez ela fosse falar sobre isso na mesa durante o café da manhã e eu ia ser obrigado a responder todas as perguntas dela na frente do meu pai e da minha irmãzinha.

Eu esperava que ela estivesse de bom humor e que a estranheza dela com Baekhyun fosse só coisa da minha cabeça. Esperava de verdade que eu estivesse ficando maluco, porque era melhor do que tê-la se preparando para viver em pé de guerra com meu namorado.

"Você acha que ela reparou na minha barriga?" Perguntei para Baek. Ele estava me olhando e começou a me analisar. "Eu queria contar antes que ela descobrisse."

"Eu não sei." Ele fez uma careta. "Acho que não, ainda não tá tão aparente assim e o seu moletom é grande. Mas ela te abraçou, então..."

Merda, pensei. Ela deve ter sentido. Eu esperava que não, porque tentei mantê-la a uma distância segura daquela área do meu corpo, mas eu não tinha como ter certeza. Preferi acreditar na hipótese de que ela ia ter uma crise nervosa se tivesse sentido, então eu, possivelmente, ainda tinha algum tempo — mesmo que pouco — para contar.

Ainda assim, estava preocupado. A barriga durante a gestação era firme e ia ficando cada vez mais proeminente, não era como quando você simplesmente engorda, não era macio. E minha mãe já tinha engravidado mais de uma vez, ela saberia reconhecer.

Merda, merda. Era óbvio que ela tinha reparado.

Ela podia ser qualquer coisa, mas não era idiota.

+

Quando Baek estacionou na frente da casa do meu irmão, nós dois estávamos nervosos pra cacete. Minhas mãos tremiam e ele parecia prestes a entrar em parafuso, mastigando o lábio e balançando o joelho.

how we collideOnde histórias criam vida. Descubra agora