Eu sei que você me quer
você sabe que eu te quero
as memórias me assombram
eu sei que elas te assombram também
(Lil Peep)
Eu tinha medo de quando as coisas ficavam bem por muito tempo, porque normalmente significava que algo muito ruim aconteceria logo em sequência. Eu tinha uma teoria de que, para cada coisa boa que acontece, duas ruins vem junto, para balancear o nível de desgraça na sua vida e você ter algo para reclamar e não acabar enlouquecendo.
Nos últimos dias, as coisas estavam indo tão bem que eu não conseguia não me preocupar. Havia dormido dois dias seguidos na casa de Baekhyun e ninguém pegou no meu pé por causa disso, recebi uma nota razoavelmente boa pelo TCC de Fotografia e me formaria naquele curso na semana seguinte, meus pais haviam afrouxado as rédeas depois de conversar com Chanyeol sobre mim e eu já estava iniciando o processo de me mudar, que era o que mais vinha me deixando com um pé atrás.
A mudança. Ter de carregar coisas pesadas de um lado para o outro com um bebê dentro de mim, mexer na minha conta bancária para começar a me sustentar e organizar todas as coisas sozinho. O apartamento tinha algumas coisas de mobília, como um sofá velho, geladeira e fogão, mas de resto eu precisaria me virar para conseguir.
E o pior é que eu não estava quebrando a cabeça para saber como faria aquilo. Eu estava tranquilo, nem um pouco a fim de gastar suor e lágrimas antes da hora. Eu conseguiria sobreviver, daria um jeito. Com isso em mente, eu conseguia afastar a maior parte do desespero de forma temporária. Eu me preocupava, mas não dedicava meu tempo a morrer de véspera.
Eu fazia muito isso. Empurrar os problemas para longe para lidar com eles no último minuto. O ruim é que, no fim, viriam todos de uma vez e eu teria jogado essas coisas tão lá pra frente que a possibilidade de fazer de novo e de novo seria nula.
Eu podia deixar de lado minhas preocupações com a gravidez, com como raios eu faria para sustentar nós dois, como eu faria para cuidar de uma criança quando eu abominava a ideia de ficar perto delas por muito tempo, como eu daria banho no meu filho sem ter medo de afogá-lo na banheira, como eu faria para trocar fraldas, para dar mamadeira, para fazer com que comesse... Eu podia ignorar essas coisas naquele momento, mas quando a criança nascesse eu ia ter de lidar com elas. Não ia mais poder jogar para a frente o dilema de não saber como dar comida para o meu filho porque ele morreria de fome se eu fizesse isso.
A ideia de alguém depender de mim me apavorava demais para ficar focando nela. Me apavorava porque nem eu conseguia depender somente de mim, então como eu seria capaz de estar lá para outra pessoa?
Ainda haviam meus pais, a faculdade onde eu teria de pagar multa por todo o tempo em que precisasse ficar afastado e deixar a cadeira trancada, Chanyeol que ainda não sabia de nada, novas contas para pagar, uma casa para manter organizada e dinheiro. Eu precisava muito de dinheiro, mas não sabia de onde tirar além da minha própria poupança para a faculdade, porque o que estava na minha conta eu planejava usar para pagar água, luz e comprar comida.
Enquanto o tempo passava e eu empurrava a maioria dos problemas para a frente, comecei a pensar, a me concentrar em alguns deles, buscando soluções, tentando resolver um por vez. Quando eu tivesse a resposta para o primeiro, poderia ir para o segundo e assim tudo se resolveria no final, em um efeito dominó. Eu tinha a chance de fazer as coisas darem certo, mas precisaria me organizar para que isso funcionasse, e eu só tinha seis meses e meio sobrando no calendário, até que tudo desandasse de vez.
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how we collide
Fanfiction[baekhyun/sehun] Quando Sehun ingressou na Yonsei, ele certamente não esperava se apaixonar por Byun Baekhyun, o isolado e desinteressado melhor amigo de seu meio-irmão. E esperava menos ainda engravidar dele. Porque Baekhyun, até então, era estéril.