how we collide

12. the beach

To de volta rsrs

Eu não betei o cap. ainda, então me perdoem se tiver algum erro grotesco.

Ouçam a música, se quiserem; vou deixar o link aqui em cima. A letra é linda, a voz do jesse é linda, tudo é lindo quando se trata de nbhd

Capítulo MASSIVO, leiam aos pouquinhos para não cansar, e boa... experiência?

<3

Eu estou doente e eu estou cansado também

eu consigo admitir, eu não sou à prova de fogo

eu sinto isso me queimando

eu sinto isso queimando você

(The Neighbourhood)

Eu nunca fui do tipo que reage muito bem a notícias intensas.

Quando tive a certeza de que havia engravidado, no banheiro da farmácia onde comprei e fiz o segundo teste, eu comecei a chorar. Eu acho que todo mundo chora, tendo planejado o filho ou não, porque se tiver planejado é de felicidade, e se for por acidente... bem.

Eu chorei como um desgraçado, afundando a cabeça nos braços e tremendo e soluçando tão forte que Han precisou vir me acalmar. Ele me levou para a parte dos fundos da loja, onde ficava a salinha dos funcionários, e pediu para uma colega de trabalho segurar a bancada enquanto ele me ajudava a colocar a cabeça de volta no lugar.

Eu chorei e chorei, fui abanado, bebi quase um litro de água e fiquei com a cara toda inchada e vermelha no fim, as mangas do meu moletom sujas de ranho, enquanto Han tentava me dar ideias do que eu poderia fazer. Ele disse pra eu conversar com meus pais primeiro e eu voltei a chorar enquanto desbocava sobre a minha situação merda com eles, que estavam longe demais para me dar apoio e eram afastados demais de mim para que eu me sentisse confortável de recorrer a eles.

Han perguntou quem era o pai e eu não quis falar, mas acho que ele sabia, porque a gente comprava preservativo com ele sempre e eu não era tão discreto quanto pensava que fosse. De um jeito ou de outro, ele não insistiu, só me consolou e ficou do meu lado até que eu estivesse mais calmo e ele pudesse voltar para o trabalho.

A colega dele chegou a comentar comigo que eles tinham pílula do aborto — depois da legalização, aquilo não era lá muito surpreendente — e que eu só precisava de um parecer psicológico e um atestado médico para comprar, já que a restrição era mais rigorosa que a de remédios controlados. Eu sei que ela não fez por mal em me dizer aquilo, era só uma informação que ela pensou que fosse ser útil, mas eu me vi chorando igual criança de novo, sobrecarregado com todas aquelas coisas passando pela minha cabeça.

Eu não pensei em aborto porque eu nem tive tempo de processar a ideia direito. Veio tanta coisa de uma vez que aquilo nem tinha como competir espaço dentro da minha mente. Mas se isso me trouxe alguma certeza, foi a de que a maioria das pessoas que engravida por acidente pensa em abortar em algum momento, porque é inevitável. Quando não se está psicologicamente pronto, você não recebe a notícia de braços abertos e já sai comprando fraldas. As coisas precisam de tempo para entrar na cabeça, para gerar compreensão. Quando um filho não é planejado, tudo é mil e uma vezes mais difícil.