Era previsível que todos os pais se preocupassem com os filhos, principalmente quando estes tem algo de especial. Entretanto, Damian Wayne não se desapontava com a realidade tão irreal que tinha. Seu pai nunca havia perguntado como estava se sentindo, qual o seu quadrinho preferido ou o que gostaria de ser quando crescer.
Era claro e objetivo, soturno e reservado. Ninguém poderia exigir ao Batman que fosse tão bom pai quanto o melhor defensor que Gotham já teve, embora falhasse pontualmente nas duas coisas.
Damian não precisava que o levassem para a escola. Na verdade, ele não precisava de ninguém para absolutamente nada e estava convicto de que essa fase da sua vida era uma grande besteira, parte de seu disfarce de garoto rico de treze anos. Contudo, desta vez, estava acompanhado. Não só pelo ser que um dia conseguiu derrotar o homem de aço, mas que também conseguiria comprar os quatro cantos do mundo e ainda executar cada um de seus aliados superpoderosos, se não fosse contra sua conduta.
O menino olhou de relance para o pai, ainda mal-humorado por ter sido mantido às escuras durante o trajeto todo, mas ainda deslumbrado pela aparência que Bruce Wayne tinha. Imponente e amedrontador, um verdadeiro cavaleiro. Justo e impassivo.
"Talvez você desconfie do porquê te trouxe hoje à escola." seu pai quebrou o silêncio ao se depararem com o portão da Instituição McDuffie.
"Tenho minhas suspeitas." respondera o garoto que embora não tivesse a mínima noção, gostaria de parecer um pouco mais astuto naquela manhã que se tornara tão importante. Bruce parecia cansado e um tanto impaciente, inconscientemente Damian pensava estar desperdiçando o tempo de seu pai.
"Você se lembra dos Kent, certo?"
Damian assentiu, se lembrando do sorriso detestável e as atitudes impulsivas de Superman.
"O filho deles vai ser transferido para McDuffie. Quero que seja legal com ele." continuou o homem mais velho. Damian nunca havia ouvido o pai dizer a palavra 'legal'.
"Mas por que tenho de fazer isso? Tenho certeza que aquele idiota consegue se vir-"
"Damian. Por favor. Colabore." as palavras foram ditas de forma mais dura, o menino sabia que não podia avançar com seus protestos.
"Bem, você não poderia ter dito isso em casa?" murmurou, emburrado.
Bruce suspirou.
"Eu queria vir com você. Não é o melhor dos dias em Georgia." Bruce parecia quase procurar algo entre os prédios ao redor da escola.
"Pai."
"Filho?"
"Eu vou entrar agora."
O homem finalmente olhou para o menino, após uma longa pausa em um silêncio profundo. Acenou para a criança que se afastava aos poucos, e retornou pelo caminho de casa.
Ele realmente gostaria de ter sido um bom pai, mas jamais entendera Damian. E talvez isso nem mesmo importasse.
