Jon ainda detestava tudo ao seu redor, algo que normalmente não levava tanto tempo. Ficava frustrado mas tristemente conformado com a vida tão inconstante que tinha.
E era sempre assim. Fazia alguns amigos, começava a se acostumar com a casa nova, imaginava suas futuras memórias naquele lugar e então, alguma coisa de super-herói simplesmente acontecia e os forçavam a se mudar de novo.
Dessa vez, entretanto, algo parecia estar diferente. E Jon continuava emotivo, irritado e cansado. Quando dois garotos mais velhos o abordaram, zombando de seus óculos durante o horário de almoço, em um impulso violento e fora de si, ameaçou explodir o crânio das crianças. Se conteve, contudo, mantendo a postura nobre que nasceu aprendendo a ter.
Mas o impulso ainda existia.
Encarava seu almoço, mal-humorado, quando avistou a menina de cabelos louros. Ela estava completamente pálida e enquanto todos brincavam ao seu redor, ela permanecia estática. Carregava uma bolsinha cor-de-rosa e estranhamente mantinha uma das mãos dentro dela, fazendo com que Jon utilizasse um dos primeiros poderes que havia herdado do pai: a superaudição.
Bip, bip, bip...
Antes que ele pudesse agir, a menina apertou o botão.
O barulho da explosão ecoou dolorosamente, consumindo o lado esquerdo do refeitório que começava a ruir diante dos olhos de Jon.
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Damian sempre trazia consigo seu uniforme, embora não por precaução mas como um lembrete do que deveria ser. O traje de Robin fora utilizado pela primeira vez em plena luz do dia e seu sangue ferveu de algo que poderia se chamar de alegria, se a situação não fosse tão séria.
Ele salvaria alguém. Descobriria quem era "ela" que estava por trás de tudo.
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Apesar do barulho estrondoso, os impactos da bomba não foram fatais. Havia sido danificado consideravelmente boa parte do refeitório e encontradas diversas vítimas em graus diferentes de ferimentos. Mas apenas uma única morte: Heather Simpson, 12 anos, portadora da bomba. Damian a conhecia apenas de vista mas a verdade era como um soco.
Conseguiu ajudar algumas crianças a encontrarem as saídas de emergência e ajudou àquelas que sequer conseguiam andar.
Havia um garoto encolhido debaixo de uma das longas mesas do refeitório.
"Ei, garoto, você precisa sair daí."
O garoto não se mexeu e Damian o puxou, impaciente.
"Vamos, saia d-"
Mas os olhos do menino brilhavam, como dois sóis, prontos para engolirem o mundo inteiro.