Talia al Ghul, cabelos negros esvoaçantes, olhos cor de jade, semblante severo. Um retrato perfeito a encarava de volta, Damian, seu filho.
"Eu deveria saber." foi o que o garoto disse.
"Certamente você foi mais lento do que previ. Está se perdendo."
Talia deixou um sorriso surgir em seu rosto, brevemente. Damian não era como o pai. Era jovem, imaturo e, consequentemente, falhava em esconder suas emoções. Naquele momento, ele estava com raiva.
"Você deixou rastros. Por quê?" Damian perguntou, agora com a mão sobre o bastão, preso em sua bainha. Optara por uma arma não letal. O que Bruce havia feito com ele?
"Você não é tão ignorante. Sabe que se eu não quisesse que descobrisse não teria deixado bombas nas mãos de duas crianças."
"Certo. Você queria que eu soubesse. Por quê?"
Talia se aproximou. Seu longo vestido, da cor de seus olhos, quase arrastavam-se na neve. Ela sabia que mais um passo bastava para que Damian a atacasse.
"Quero que faça uma coisa."
Damian riu em escárnio.
"Não vou te ajudar."
"Então mate-me."
Havia uma distância de um passo entre eles. Ele hesitou.
"Damian, estou aqui. A única forma de me parar, se não me ajudar, é me matando. Então prossiga. Seja o herói que você tanto finge ser."
Ele tinha apenas treze anos de idade. Era esperto, mas ainda sim, apenas uma criança.
Ágil, com um movimento tinha uma lâmina a centímetros do pescoço de sua mãe. Porém, sequer pôde concretizar o ato. Talia já havia o derrubado e imobilizado seus braços.
"Você ainda não está completamente perdido, meu filho." ela sussurrou, próxima ao seu ouvido. "Você pode ter as piores das características do Cavaleiro, mas eu sei que ainda pode matar."
"Eu não vou te ajudar!" vociferou ele, preso e envergonhado.
"Pense, criança. Você está com a arma mais poderosa que existe em suas mãos. Favoreça nosso sangue e poderá retornar para o seu verdadeiro lugar."
"Arma? Você está louca, eu não ten-"
"Silêncio." ela ordenou. "Vai acordá-lo."
Damian, que devido a raiva havia esquecido de tudo a sua volta, focou sua visão no mesmo ponto em que Talia. Deitado de bruços sobre o chão frio, ainda imobilizado por sua mãe, Damian viu Jonathan Kent recaído sobre a neve, desacordado.
Lembrou-se dos olhos flamejantes do garoto.
Dois sóis.
"Você vê agora?" Talia perguntou, agora sorrindo de felicidade. Fosse o que felicidade significasse para ela. "Você poderá fazer parte da Liga dos Assassinos de novo. Vamos estar juntos."
"Não... Não é isso que eu quero." disse ele, mas sem convicção no que dizia.
"Eu sei do seu potencial. Eu sei o que você pode fazer quando motivado. O que seu pai sabe? Ele te tranca naquela caverna, se recusa a acreditar que você é bom."
Damian não respondeu. As palavras ardiam. Como se, aos poucos, Talia estivesse atravessando sua adaga nele.
"Você é meu filho, você nasceu na Liga. Você não foi criado para ficar escondido, fingindo ser um qualquer."
Damian sentiu o aperto dela afrouxar. Ela havia o soltado e, antes que sumisse completamente, dissera:
"Eu vou te permitir o poder da escolha. Você pode decidir o seu próprio caminho.
Voltarei, logo."