Eu não sei quando eu comecei a escrever. Sei que durante os momentos tristes, era a maneira que eu havia encontrado para aliviar minhas lágrimas. Era minha outra maneira de chorar.
Eu sempre morei em Guaiana, era uma cidade pequena, de praia e cachoeiras. Ficava no meio termo entre cidade e interior. Tinha seu comércio local, sua paisagem única, sua segurança, sua cultura, principalmente suas histórias locais como, por exemplo, a história do Vento Viana. Diziam que um morador antigo da cidade, um dos primeiros, era apaixonado por esse lugar. Todos os familiares dele sabiam que ele queria ser enterrado no alto da cerra da cidade, próximo às montanhas. Era agosto de 1962 quando ele faleceu. É claro que atenderam seu pedido e foram o enterrar lá, mas no meio do enterro começou a ventar muito, muito forte e decidiram enterrar o caixão no dia seguinte. Deixaram o caixão lá no mesmo lugar, mas quando voltaram posteriormente para dar continuidade ao enterro, o caixão estava aberto e o corpo não estava mais lá. Agora, em todo agosto nós temos fortes ventanias na cidade e todo mundo diz que é o Viana que está nos visitando.***
Aos meus 14 anos de idade, decidi fazer prova para o CENA (Centro Educacional Nuvem das Artes). É o único colégio técnico que nós temos aqui. Ele é particular, mas em uma parceria com o Estado do Rio de Janeiro e do município de Guaiana, todo ano eles faziam audições/testes para dar bolsas de até 100%. Todos almejavam a bolsa Talent que é a de 100%, você ganha um broche dourado com o símbolo do seu curso e isso prova que você está ali porque tem talento. Isso causa rivalidade com quem está pagando a mensalidade, pois entrou por ter dinheiro.
Me surpreendi. Fiz teste para o curso técnico em Leitura, Escrita e Poesia. É um dos cursos menos valorizados, mas é a minha área. Os outros cursos como Canto, Artes Cênicas e Dança, são muito mais disputados. O meu teste foi lindo. Pediram para interpretar um poema. Escolhi "Ausência" de Vinicius de Moraes. É um autor que eu sempre apreciei e eu sempre andava com o livro "Vinicius de Moraes Poesia Completa e Prosa" dentro da minha mochila. Embora até 1 minutos antes de chamarem o meu nome o plano fosse declamar "O amor bate na aorta" de Carlos Drummond, eu decidi arriscar e abrir em uma página aleatória do livro. Fiz. O poema era "Ausência" e foi graças à esse poema que no ano que vem eu poderei dizer: EU SOU UM ALUNO TALENT NO CURSO DE POESIA!
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A Noite Ainda Será de Poesia [LGBT]
RomanceThomas sempre teve uma família conturbada, mas durante a infância a sua única salvação era o seu amigo Steven. So que em uma dessas brigas familiares, as duas famílias acabaram se afastando e a família do Steven mudou-se para outra cidade. Como será...