De Volta Ao Passado

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Nós estávamos na sala aguardando o professor de Literatura. Dessa vez, só os alunos do curso de poesia estavam na sala, o que me ajuda a parar de ficar olhando o Steven.
O professor chegou, mas junto dele estava uma garota. Não tinha como não perceber a presença dela quando ela chegou. Seu cabelo liso e descolorido (os dois dedos de raiz preta do cabelo denunciavam que não era verdadeiro) chamavam a atenção pelo seu movimento. Logo, o professor anunciou a nova aluna.

— Bom dia, turma. Esta é a Roberta, ela foi transferida de outro campus. Já terminou o curso de poesia, mas sua frequência não atingiu o índice. Por isso, ela estará apenas esse período com vocês. Sejam receptivos.

Ela sorriu para a turma e sentou ao lado do Felipe. Ele reprovou o primeiro período, então os dois já viram esse conteúdo. Devem se dar bem.

— O que você achou dela? - Peter me olhou com cara de malicioso enquanto fazia a pergunta.

— Ela deve ser boa de poesia, já concluiu. — Fingi não ter entendido o sentido da pergunta.

— Acha que eu tenho chance? - Ele parecia estar sério nessa pergunta.

— Garanto que metade da turma está se perguntando a mesma coisa. Agora foca no trabalho. — Eu tentava ao máximo olhar para o caderno e os livros na mesa.

— Talvez eu tente.

Na hora do almoço nós fomos encontrar a Caroline, ela e o Peter tinham feito o poema juntos que seria apresentado hoje. Eu não falei com o Steven desde então, mas pelo menos eu já tinha escrito o poema. Quer dizer, eu e o Peter escrevemos.

Sentamos debaixo de uma árvore grande em que acomodava grande parte dos passarinhos que passeavam pelo campus. O nosso assunto era o mesmo do que todo mundo. Roberta.

— Não gostei dela, cara de nojenta, metida e patricinha.

— E você não tem cara disso não, Caroline?

— Peter, cala a boca antes eu faça com que você não consiga declamar mais um verso!

— Caramba, tem como vocês não brigarem por um minuto?

Nesse exato momento, Roberta passa poucos metros de onde estávamos.

— Ei, garota! Vem cá.

Eu e o Peter nos olhamos assustados.

— Oi, o que foi? - Ela olhou seriamente para nós três sentados no pé da árvore.

— Senta aí, vamos conversar.

— E sujar meu uniforme? -Ela fez um rápido riso — Jamais.

— Você é bem nojentinha mesmo. -Caroline levantou para ficar de frente para a Roberta — Ta se achando por ter terminado o curso. Saiba que eu também vou passar.

— Você passará, eu passarinho.

Ela virou-se e deus uns três passos quando olhou para trás.

— É Mario Quintana, você terá no quinto período.

Ela saiu rebolando com a sua saia do uniforme que foi explicitamente encurtado por alguma costureira.

— Caramba, Caroline! Você já fez a garota se tornar sua inimiga! Isso foi desnecessário.

— O Thomas tem razão, isso foi desnecessário.

— Não me interessa, vou competir com ela em algum Sarau. Quero ver se ela canta como eu. Ah, eu já ia esquecendo. - Ela colocou a mão no bolso da blusa social e puxou um quadradinho bem dobrado. - Aqui, este é o número do Steven. -Esticou o braço me entregando o papel — Ele me contou, eu não sabia que vocês eram amigos de infância.

A Noite Ainda Será de Poesia [LGBT]Onde histórias criam vida. Descubra agora