Capítulo 2 - Ergam as varinhas! (primeira parte)

26 6 0
                                    



 Bexigas verdes e fitas cintilantes se entrelaçavam a nossa volta, brasões com a serpente envolta pelo verde pendurados até onde meus olhos podiam alcançar. Os meus ajudantes já estavam trajados devidamente.

Alguns de azul ou vermelho, alguns de verde ou até mesmo de amarelo como eu. Tudo estava ficando como deveria ficar, uma perfeita recepção para o aniversariante que logo chegaria e, para minha melhor amiga ciumenta.

– Da próxima vez a festa será só minha. – Ana fez questão de repetir mais uma vez enquanto passava atrás de mim, carregando uma vidraça repleta de gelatinas variadas entre as quatro cores citadas anteriormente. – Só por ter me tirado dessa no começo.

– Isso já está impregnado em meu subconsciente.

Cantarolei em resposta, ficando na ponta dos pés para grudar a fileira de bexigas sobre o brasão de víbora na entrada do espaçoso salão.

– Gelatina? Foi isso que passou ontem o dia todo preparando? – Falei voltando minha atenção para Ana, enquanto ela pousava o recipiente entre os doces e salgados da longa mesa forrada.

– Gelatina de vodca, Jonas, as prediletas do seu namorado. – Passou por mim enquanto dizia.

– Qual a do mau humor?

Quase dei um pulo quando a voz surgiu de supetão atrás de mim.

– Por Deus, Thomi. Você quase me matou do coração. – Disse com a mão sobre o peito. – Ah, Ana, ela só está me lembrando de minuto a minuto que nunca organizei um aniversário para ela, e agora, planejei tudo isso para o Apolo.

– Com a minha ajuda, só para constar. – Ela falou passando por nós outra vez. Agora carregava bebidas em suas mãos.

– Cale a boca, isso tudo também é para você.

– Claro, só me custaram horas de reclamações para conseguir... – Rebateu, em tom debochado.

Apenas revirei os olhos e o Thomas riu ao meu lado, o que me fez rir também. Admito, não conseguia me irritar com Ana, não por mais de dez minutos. Melhores amigos, fazer o que?!

– Tudo são bebidas? – Indagou-me nosso amigo.

– Sim. Um exagero na minha opinião, mas afinal não aguento mais que três a cinco copos para ter um apagão. – Assumi.

– É, meu namorado é tão tolerante quanto você. – Thomi falou.

– Falando nisso, ele não vem?

– Renan está trabalhando hoje, mas vem direto para cá assim que sair.

– Ah sim, entendo.

– Hey, Thom. – Elizabeth surgiu falando. – Me da uma força com as caixas de som?!

– Claro. – Respondeu pronto para ajudar e se afastaram em seguida.

Correria para um lado, pressa para outro. Os convidados começavam a chegar enquanto finalizávamos os últimos preparativos, bem, ao menos meus amigos faziam isso já que Ana me fincou na entrada para receber as pessoas como um devido anfitrião, então obedeci prontamente sem questionar. Yanca, Renan, Tamires, Jean, quase todos estavam lá, todos carregavam suas varinhas, trajavam roupas perfeitamente no tema, ou até mesmo travavam uma batalha de magia ali mesmo, imaginando-se num confronto real de bruxos e bruxas. Ri daquilo, achando bobamente engraçado.

– Ei. Psiu. Jonas! – Uma voz familiar chamou por mim, a minha frente. O salão já estava lotado.

– O que faz aqui? – Indaguei a Samuca, me aproximando. – Cadê o Apolo?

– Deixei lá fora, eu disse que ia falar com uma pessoa. É só eu demorar que logo vem me procurar. Cadê minha capa? – Indagou, adentrando um pouco mais.

– Está com Ana, já peça para desligar as luzes. – Pedi e assim ele o fez, pois em menos de cinco minutos as luzes foram apagadas, o ambiente mergulhado em silencio.

Corri até meus amigos, aguardando a forma do aniversariante surgir pelo corredor pouco iluminado, sentia meu sangue ferver e o pulsar dos meus batimentos, a onda gélida crescendo em meu estomago me deixava ofegante.

Droga, por que estou tão nervoso?

Perguntei a mim mesmo antes de perceber sua aproximação a passos lentos. Meus lábios sorriram por vontade própria quando Apolo parou pouco antes das bexigas verdes que dava entrada ao salão, sério, olhou de um lado ao outro procurando por Samuel, obviamente.

Quando abriu a boca para falar algo, as luzes se acenderam, vi seu olhar assustado enquanto todos erguiam as varinhas em suas mãos e gritavam em uníssono:

FELÍZ ANIVERSÁRIO!

Suas bochechas foram tingidas por um tom suave de timidez, o corpo paralisado não dera um único passo arrastado. Fui até ele e o abracei com empolgação.

– Viu só, valeu a pena todo aquele mistério. – Sussurrei em seus ouvidos. Ele me abraçou de volta rindo feito um bobo. – E você fica lindo com vergonha.

– Jonas, e.eu...eu te amo.

– Também te amo...

Respondi, roubando um longo beijo ao som de assovios e gritos.

– Chega de fazer todo mundo segurar vela. VAMOS BEBER!

Yanca bradou erguendo a varinha em sua mão, instigando todos a fazerem o mesmo.

A Força de Amar. ( Livro 2.)Onde histórias criam vida. Descubra agora