Ela respirava fundo contando até 100 novamente. Olhava para os lados sem saber que direção seguir. Ainda não acreditava que realmente tinha feito aquilo, jogado tudo para o alto daquela maneira. Mas estava se sentindo livre, sem pesos ou amarrações. Se libertou da vida que haviam lhe imposto e finalmente havia feito uma escolha dela, só dela.
A princesinha perfeita se rebelou e resolveu acabar com tudo antes que fosse tarde.
Agora ela andava pelas ruas claras, por conta da iluminação artificial, chamando a atenção dos motoristas e pedestres, até porque não é comum ver uma noiva em plena avenida, com os saltos na mão, o cabelo bagunçado e visivelmente perdida.
Poderia voltar para casa, mas essa definitivamente não era uma opção.
E se fosse para a casa de um amigo? Alternativa descartada, quase todos os seus amigos também eram amigos do noivo, e com certeza no momento deveriam estar morrendo de raiva dela.- É Lia, vamos andar pelo resto da noite e madrugada. - falou para si mesma começando a sorrir, mas parou ao lembrar dele. Ele sem sombra de dúvidas a ajudaria.
Olhou para os lados tentando se situar em que rua estava, e uma felicidade invadiu seu peito quando descobriu que se encontrava a um quarteirão de distância do trabalho dele. Quando recomeçou a andar sentiu os pingos frios baterem em sua pele, a intensidade da chuva começava a aumentar a fazendo segurar o vestido e começar a correr para chegar ao local o mais rápido possível.
Os pés batendo no chão frio e molhado, a chuva estragando a maquiagem perfeita que sua madrinha fez com tanto carinho, a água terminando de desmanchar o penteado que sua mãe escolheu a dedo para aquele dia, a sensação de liberdade lhe invadindo quando chegou à porta do pequeno bar eram somente a prova de que ela realmente havia feito a escolha certa.
Ficou parada alguns segundos sentindo as gotas frias descerem por seus braços, rosto e molharem o vestido branco que usava. Respirou fundo, método que recorreu para se acalmar desde os dias anteriores, e empurrou a porta sentindo o ar quente entrar em contato com a sua pele.
Não seria exagero dizer que todos naquele bar, quase deserto, se viraram para olhar a pequena noiva que entrava completamente destruída. Ela revirou os olhos e começou a procurá-lo. Queria tanto encontrá-lo logo, se aconchegar em seus braços e sentir o cheiro de seu perfume. Estava com tanta saudade da sua companhia que não se conteu assim que o viu do outro lado do balcão. Seus olhares se encontraram e o calor que percorria seu corpo a cada vez que o via deu sinal de vida novamente.
Ele estava surpreso e não conseguiu disfarçar a felicidade quando a viu ali, parada em frente a porta, ainda segurando uma rosa vermelha que fora de seu buquê. Ele caminhou rapidamente em sua direção abrindo um sorriso enorme que foi compartilhado por ela.
- Era para você estar casada uma hora dessas. - disse se segurando para não puxá-la para seus braços.
Ela balançou a cabeça sorrindo e tomou a inciativa se jogando em sua direção e escutando as batidas de seu coração que estavam altamente aceleradas.
Ali era o seu lugar, ao lado dele, entre seus braços e abraços. Mas a história de Lia Montine começava uns dois dias antes, quando um amor de infância resolveu aparecer virando sua vida e coração do avesso.
Até porque, existem muitas histórias não contadas antes do Sim.
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Antes do sim
ContoLia foi levada rapidamente para seu quarto onde uma equipe já estava à sua espera. Ela mal teve tempo de respirar e se movimentava como se estivesse no modo automático de sua vida. Concordava com tudo e deixava que fizessem seu trabalho. As horas c...